O Brasil foi descoberto por causa de uma revolução que
começou uns 300 anos antes de
protagonistas centrais comerciantes, artesão e banqueiros. Sua sede
foram os pequenos núcleos urbanos que, por sua posição estratégica, puderam
sobreviver à estagnação econômica da Idade Média.
O sistema feudal,
predominantemente rural, tinha tirado das cidades a função de núcleos
comerciais. Mas Veneza, Amalfi, Gênova e Nápoles puderam continuar, pela via
marítima, o processo de trocas, principalmente com a antiga capital do Império
Romano do Oriente, Bizâncio, então chamada Constantinopla e onde comerciar não
era atividade vista com maus olhos como no Ocidente, antes pelo contrário.
O comércio fez
crescer as cidades, o crescimento das cidades reforçou a importância do
comércio. E também o papel das cidades do norte da Itália, de onde partiam
caravanas de mercadores rumo à Europa central, chegando ao Mar do Norte e ao
Báltico, onde outras cidades, geralmente portuárias, se encarregavam de
continuar a distribuir os produtos recebidos.
Formaram-se
assim dois eixos: no sul da Europa, os italianos monopolizavam o comércio com o
Oriente, de onde traziam as tão procuradas especiarias – cravo, gengibre, noz –
moscada, pimenta, açafrão, etc. Na
Europa Central e Setentrional, mandava a Liga Hanseática – associação econômica
e política das cidades do norte da Alemanha, rainha dos mares norte – europeus
desde o século XIII.
Portugal e
Espanha não participavam dessa revolução comercial. Como podiam expandir –se
ante a muralha representada de um lado pela Liga Hanseática de outro pelas
repúblicas italianas? E, quando os turcos tomaram Constantinopla, em 1453, o
bloqueio ficou completo. Só havia uma saída: contornar os obstáculos
descobrindo novos caminhos para o Oriente e fixando novos centros de comércio.
Isto levaria a uma baixa do preço das especiarias no mercado europeu e a
Península Ibérica poderia, por fim, participar das relações comerciais em passo
de igualdade.
Foi o que acabou acontecendo. E aí é que o Brasil entra na
história. Mas, antes de chegarmos ao Brasil convém olhar mais de perto a
situação portuguesa.
Uma situação
bastante privilegiada: em um território pequeno, debruçado sobre o oceano
Atlântico, induzindo a nação portuguesa às atividades marítimas. Contudo, esse
papel só poderia ser desempenhado quando os problemas políticos internos
ficassem resolvidos, ou seja, quando cessasse a constante luta com Castela.
A dinastia de Aviz
assegura, por fim, a independência. E já em 1431 surgem expedições portuguesas
nas ilhas dos Açores – descoberta um século ante – e em 1434 é transposto o
cabo não o (bojador), ponto importante da
Costa africana. Porém só a partir de 1481, no reinado de D.
João II, é que iriam começar as grandes saídas marítimas. Possuindo razoável
técnica náutica e sabendo usar a caravela
- embarcação que permitia navegar até contra o vento - os
portugueses passam então a explorar a costa ocidental da África. Seus
objetivos: ouro e escravos.
Sob o comando de Bartolomeu Dias, chegam até o ponto extremo
do continente africano, contornando o cabo das Tormentas, que o rei, muito a
propósito, batiza de Boa Esperança. Daí as Índias – pela rota marítima – é
quase um pulo. Tanto assim que, em 1498, Vasco da Gama chega a Calecute.
Nesse meio
tempo, a Espanha não ficara a ver navios: em 1492, um navegante genovês a
serviço do Rei Fernando de Aragão levará a bandeira espanhola a terras da
América.
É natural que o
avanço espanhol rumo oeste não fosse recebido com muitas simpatias por seus
vizinhos lusitanos (portugueses). E começou uma rivalidade que se estenderia
por alguns séculos. Espanha, para legitimar suas conquistas, logo tratou de
apelar ao Papa Alexandre VI e dele conseguiu uma bula pela qual ficaria dona de
todas as terras que descobrisse a ocidente de um meridiano a ser traçado 100 léguas
a oeste das ilhas dos Açores e Cabo Verde. Portugal sabe que isso poria a
perder todo o seu trabalho pioneiro;
Não desconhece, provavelmente, as terras do Novo Mundo
(embora talvez ignore que sua extensão impediria de qualquer modo o acesso
direto às Índias).
Seja como for,
reage, ameaça, negocia e por fim consegue do Papa o Tratado de Tordesilhas
(1494), que encomprida (aumenta) as 100 léguas para 370 léguas. Assim ficou o
Novo Mundo previamente dividido entre duas casas reinantes na Península Ibérica.
Lisboa, março de
1500. Forma-se a mais aparatosa (grande, gigantesca) das frotas (muitos navios
e barcos) que já haviam deixado Portugal. Seu destino conhecido: Calecute, nas
Índias. Razão: consolidar a influência da coroa de D. Manuel, através da missão
diplomática e, sem dúvida, também militar.
Atividades:
1º Que revolução que aconteceu, para chegar até o
descobrimento do Brasil?
2ºQuais países, estiveram envolvidos nessa revolução?
3° Qual foi os dois eixos que se formou?
4º 1431 – qual é o século?
5º Houve dois países que se tornaram inimigos por séculos?
Quais eram?
TREZE NAVIOS E MUITOS FIDALGOS.
Cabral era capitão – mor da frota. Seu posto era militar,
nada tinha com a navegação, cujo comando estava entregue a pilotos e mestres. A
segunda pessoa de importância na quadra de 13 navios era Sancho Tovar. Mas
havia gente importante em cada barco – fidalgos, alguns já famosos na arte de
marear, como Bartolomeu Dias, o que dobrara o cabo das Tormentas;
religiosos,16, dirigidos pelo superior franciscano Frei Henrique de Coimbra;
funcionários de várias categorias, entre eles um certo escrivão chamado Pero
Vaz de Caminha; e ainda um cientista, o físico Mestre João, especialista em
Sol, Lua, estrelas e outros assuntos astronômicos.
Se houvesse jornais
como os do século XX, certamente seu assunto de primeira página, no dia 10 de
março de 1500, seria o embarque, na véspera, da frota de Cabral. Pois a partida
se deu em meio a grandiosas cerimônias: lá estava o rei com sua corte e todos
vestidos de preto, como era o costume em ocasiões semelhantes. Houve missa e,
depois dela, D. Manuel em pessoa entregou a Cabral o estandarte real – símbolo
do seu poder. Era a despedida. Logo a
seguir, à vista do povo que se apinhava nas praias, zarparam as naus, que já no
dia 14 estavam ao largo das Canárias.
UM DESASTRE,
UM ACHADO.
Poucos dias depois, acontece um desastre até hoje
inexplicado. “ Sem haver tempo forte ou contrário, para isso pode ser”, como
escreveria espantado Pero Vaz de Caminha em sua carta, perde-se a caravela de
Vasco de Ataíde. Procura- que procura e nada. Passam-se dois dias, perdem-se as
esperanças e Cabral decide prosseguir por aquele “mar de longo”.
De repente – teria
sido de repente mesmo? Na terça feira das Oitavas de Páscoa – 21 de abril de
1500 – surgem sinais de terra: “ muita quantidade de ervas compridas, e que os
mareantes (deve ser marinheiros) chamam de botelho, e assim mesmo outras a que
dão o nome de rabo – de – asno”. Era o Brasil por perto.
No dia seguinte,
pela manhã, outro indicio de terra próxima: aves a que chamam de fura – buxos,
reporta Caminha. E , entrando em detalhes, fala primeiramente
De um monte muito alto e redondo; e depois de serras mais
baixas, ao sul dele, em seguida, terra chã, (desculpe mas não descobri o
significado e se alguém souber pode postar) com grandes arvoredos.
Cabral chamou o
monte de Pascoal – estava-se na Páscoa, não esqueçam. Á terra toda deu o nome
de Vera Cruz. Essa terra toda era parte do atual Estado da Bahia, ao sul de sua
capital, Salvador.
Atividades:
1º O que o grupo achou como algo inexplicável nessa viagem?
2º O que seria o mar longo na visão de Cabral?
3º Quais os nomes dado ao Brasil quando foi descoberto?
Não esqueça de deixar seu comentário ou a resposta. Vou
corrigir e depois postarei a resposta de cada um. Profª Rosí.
TERCEIRA PARTE: COELHO O PRIMEIRO.
Cabral deu ordem de reunir todo o mundo e combinou com seus
capitães a melhor forma de pôr os pés no território novo. No dia 23, o
comandante Nicolau Coelho desceu à terra. Era o primeiro português em chão
brasileiro. Na praia, junto à embocadura de um rio (creio que seja igual uma
curva fechada), havia gente a esperá –lo, eram os indígenas, habitantes daqueles confins (lugar
distante) e que a Europa desconhecia. Não houve luta: a amizade marcou o primeiro contato.
Quando Nicolau
Coelho estava chegando à praia, já havia um comitê de recepção formado, indo ao
seu encontro. Inicialmente informaria Caminha “vinham todos rijamente ao batel”
(os barcos aportados na praia), arcos erguidos por via das dúvidas. Mas, a um
sinal do capitão português baixaram as armas. Assim começaram num clima de paz,
amizade e curiosidade mútua. (ambas as partes) – as relações entre indígenas e
portugueses. E houve troca de brindes: os índios ganharam barretes vermelhos
(tipo de chapéu sem aba feito de feltro e com miçangas penduradas), roupas de
linho, sombrinhas pretas e facas; os portugueses receberam cocares de penas
vermelha e pardas, colares de contas brancas e miúdas. Tudo ficou por isso
mesmo nesse primeiro encontro, porque o mar encrespado (mar bravo, ondas
altas), obrigou a expedição a buscar outra pousada.
Na manhã de 24 , a frota começa a seguir mais para o norte,
em busca de um lugar protegido, onde fosse possível arranjar água e lenha.
Abrigados, dias
depois, num porto bom e seguro, os portugueses retomaram os contatos culturais
com os nativos: o piloto Afonso Lopes vai à praia e faz o primeiro convite.
Mudo, porque ainda era cedo para um aprender a língua do outro, convite aceito,
dois índios sobem a bordo. O espanto é recíproco (ambas as partes), os europeus
fica boquiabertos ao verem que seus hóspedes tem o lábio inferior perfurado com
um osso; os indígenas ao se defrontarem (ficarem frente a frente) com Cabral,
majestosamente sentado como um bom fidalgo luso (nobre português) e usando ao
peito um colar de ouro. Assustaram-se também com uma galinha e não se
comportaram muito bem, pelo menos segundo as regras da etiqueta ocidental:
receberam comida e vinho, provaram ambos e sem nenhuma cerimônia jogaram – nos
fora.
Conversa vai e conversa vem – por gestos naturalmente – dão
a entender que existe ouro e prata no continente. Pelo menos, menos foi isso
que os portugueses pensaram ou gostaram de entender. De qualquer maneira, era
muita emoção junta e os nativos ficaram cansados. Sem medo, deitaram –se e
adormeceram, ou nas palavras de caminha “ estiraram –se de costas, na alcatifa,
a dormir (deitaram esticados no chão e dormiram).
A possibilidade da existência de ouro era um bom motivo para
continuar os contatos com os indígenas, mesmo que as informações não fossem
verdadeira. E a julgar pela carta de Caminha a D. Manuel, os portugueses não
deram muito crédito à estória. O escrivão só fala da terra como muito chã e
formosa, diz que seus ares são muito bons, frios e temperados como os dentre
Douro e Minho (é o nosso clima tropical), mas acha que a terra poderia apenas
servir de escala (paradas) para as navegações de Calecute. E sugere tão –
somente que seu rei se resolva a “salvar essa gente” (os índios) para salvar a
nossa fé.
Descobri o significado de chã (chã
= sã e saudável. Ou chã = terra).
Dia seguinte, dia de trabalho,
Cabral devolve os índios à terra acompanhados pelo infatigável (que não se
cansa) Coelho e mais alguns homens para que vissem como era a vida entre os homens de Vera
Cruz. Os indígenas deixaram o navio com camisas novas, muitas contas e sininhos
e carapaças: Cabral tivera o cuidado de presenteá –los , certo que a
generosidade, certo que causaria boa impressão entre os demais membros da
tribo. Ideia correta: outros índios se aproximaram dos portugueses e puseram-se
de boa vontade a colaborar no serviço de fornecimento de água potável às
embarcações.
Domingo, 26. Frei Henrique de
Coimbra reza a primeira missa em território brasileiro. Dia 1º de maio, nova
missa – cerimônia de posse – em frente a uma grande cruz que Cabral manda
implantar, para servir de marco da soberania portuguesa.
O ambienta cordial continua até a
partida da expedição. Os europeus acharam os nativo as gente de tal inocência,
que, se nos entendessem, seriam logo cristãos, porque não tem segundo parece,
nenhuma crença, conforme a reportagem de Caminha.
Dando os trâmites por findos,
Cabral decide prosseguir viagem, com menos um navio , outro navio volta a
Lisboa sob o comando de Gaspar de Lemos,
a fim de levar ao rei a notícia da descoberta. O resto da expedição, com Pedro
Alvares Cabral, segue seu caminho rumo às Índias.
Nem os navegantes nem o rei
puderam ter ideia exata do grande mundo novo descoberto. Tanto assim, que por
muitos anos deixarão o país como possessão secundária: dela extraiam madeiras e
alguns outros produtos. Só depois de algum tempo - e diante do interesse concorrente de outras
nações – e que resolveram implantar uma colonização definitiva, baseada
sobretudo na agricultura da cana do açúcar.
Essa atividade gerou o primeiro
grande núcleo de povoamento entre nós, no litoral nordeste, em terras de
Pernambuco.
Aquele mundo cor de rosa
terminaria com a colonização. Os portugueses precisavam de mão – de – obra e passaram
a escravizar os indígenas; acabaram –se a paz e a amizade, começou o
tempo de guerra. Ainda assim, no território brasileiro as lutas não tiveram
características de crueldade organizada, como ocorreu nas regiões conquistadas
pelas expedições espanholas.
Atividades:
1º Quem foi a primeira pessoa a
descer em solo brasileiro?
2º Com foi a recepção para os
portugueses?
3º Dia 24, o que os portugueses
procuravam?
4º Qual era forma era forma de
comunicação entre os indígenas e portugueses?
5º O que espantou os portugueses,
quando os indígenas subiram no navio?
6º E o que assustou os índios?
7º O que foi comemorado no dia 1º
de maio.
Boa leitura! E boa atividade.