domingo, 15 de janeiro de 2012

CASTELOS DE AREIA, CONCHAS E MORTOS.



CASTELOS DE AREIA, CONCHAS E MORTOS.
"Construídos camada a camada, há 8 mil anos, pelos primeiros povos conhecidos do Brasil,os Sambaquis serviam de moradia, cemitério e palco de festas. Mas sua história ainda é um mistério”.

Eles se elevam na paisagem como simples colina à beira –mar, mas ainda guardam segredos que desafiam os estudiosos. Não são acidentes da natureza. São construções frutos de um trabalho de formiga executado durante anos, que podia passar de geração em geração. Esses montes, que parecem dunas cobertas de grama, foram feitos com pequeníssimos fragmentos,principalmente conchas,em pedacinhos,em lascas,inteiras,depositadas umas sobre as outras,num esforço obstinado e caprichoso. São os sambaquis,nome formado de tamba, que em tupi significa concha, e ki= amontoado. A maioria mede até 6 metros, mas em Santa Catarina,já foram encontrados alguns com 30 e até 70 metros, mesma altura do vão central da ponte Rio –Niterói e bem maior que a Estátua da Liberdade (46metros). As conchas, somavam-se areia, ossos de peixes, restos de fogueira e ferramentas, e também os corpos dos mortos da comunidade. Esses materiais iam formando camadas e constituindo plataformas elevadas que, hoje, são um extraordinário registro dos grupos pré-históricos que viveram há cerca de 8 mil anos no Brasil.
Exímio conhecedor do mar, eles ocuparam uma grande parte do litoral e foram senhores desse espaço até a chegada dos índios tupis à região, por volta de 2 mil anos atrás. O que permitiu que arqueólogos no século XXI se debrucem (na verdade escalem) sobre os costumes desses povos foi,exatamente, o costume enigmático que tinham de construir morros, os sambaquis.
A quantidade de conchas nesses sítios é tamanha que, até meados da década de 80,pensava-se que vinha delas o alimento preferido pelos seus habitantes. Hoje sabe-se que podiam até aproveitar como tira-gosto os berbigões,ostras e mexilhões encontrados na praia, mas seu prato principal era mesmo peixe. O surgimento das colinas artificiais não foi casual,nem efeito do mero descarte de resíduo alimentares, como se acreditou durante muito tempo. Atualmente, os estudiosos concordam que sua construção teve um propósito.
O desafio, agora, é conseguir decifrar que propósito era esse. As pesquisas ainda não chegaram a uma conclusão, mas levantaram várias hipóteses. Os sambaquis podem ter sido um amontoado sobre o qual vivia uma população confusa, que ia largando tudo sob si (lixo, comida, restos de mortos), ou um tipo de cemitério, ou um ambiente misto, loteado em áreas destinadas a diferentes funções, ou, ainda, podem ter servido a rituais e como altivo símbolo de status.
A partir do Sul do país, os sambaquis estão presente numa faixa contínua, desde balneário de Torres (RS) até Cabo Frio (RJ). Desse ponto em diante, desse ponto em diante os registros passam a ser pontuais, no litoral baiano,no Piauí,no Maranhão e Pará mas pode haver mais. “ E muito provável que existam sambaquis no Espírito Santo e no restante do Nordeste,mas há pouquíssima pesquisa nessas regiões. Afirma Maria Dulce Gaspar, professora do UFRJ.
Muitos sambaquis não resistiram ao tempo,atingidos pela mão dos homens ou engolidos pelo mar. Foram destruídos por indústrias, que os utilizaram como matéria prima para a produção de cal, ou pela urbanização das cidades costeiras. Algumas plataformas também podem ter variado de nível ao longo dos anos e, rebaixadas, submergido sob as ondas. Com isso, ainda haveria muita coisa encoberta pelas águas, à espera da evolução das tecnologias de exploração.

RAZÃO SECRETA.
Durante muito tempo, os arqueólogos imaginaram que os sambaquis viviam em cabanas instaladas em cima desses morros. Conchas, ossos de peixe,lascas,ferramentas,esqueletos e buracos de estacas,todos esses elementos misturados seriam indícios de que eles não separavam os ambientes,destinados a ações como comer, despejar o lixo,enterrar os mortos. Faziam tudo no mesmo lugar. Recentemente, no entanto, os estudiosos fizeram novas pesquisas, reviram os estudos, mudaram de idéia e apontaram outros cenários.

De acordo com um deles,os sambaquieiros poderiam viver em uma parte especifica dos morros e depositar os restos de comida (ossos e conchas) em outra. Ninguém faz lascas para sentar em cima. Acredita Maria Cristina Tenório arqueóloga do Rj.

Funeral do pescador
Como eram enterrados os mortos, nos sambaquis que serviam de cemitério.



– Pé no chão.
Piso de conchas de anomalocardia, um tipo de molusco, misturadas com areia e ossos de peixes cobertos por matéria orgânica (resto de alimento). As camadas de conchas se alternavam com as dos mortos.






– Cova Rasa.
Buracos de estacas ao lado de esqueletos indicam que ele devia ficar num jirau. As covas, ovaladas, tinham até 70cm de comprimento e 40cm de profundidade. Os corpos eram amarrados para que ficassem em posição fetal.



– Presentes.
Sobre o corpo, iam oferendas, animais mortos (os mesmos que serviam de alimentos,como peixes e pequenos mamíferos),esculturas colares, pontas de osso, lamina de machado,dentes de porco – do – mato.



– exibição.
Em cima ou ao lado da cova, coberta com pedras,era acesa uma fogueira, para que o enterro fosse visto pelos sambaquis vizinhos. Depois, sobre covas e cinzas,eram depositados ossos e peixes ,sobras do festim.




FESTAS PARA OS MORTOS.
Esses povos pré-históricos comiam vegetais, mas sua dieta vinha essencialmente do mar. Hábeis pescadores,mergulhadores de águas profundas, navegavam de canoa e chegavam a capturar tubarões,baleias, golfinhos e arraias. E eles também escolhiam para se instalar,lugar bem servido pela natureza, como mar, mangue, enseadas e matas. Essa diversidade ambiental lhes garantia o necessário para sobreviver: peixes pequenos, mamíferos para alimentação, madeiras para canoas e cabanas.
As conchas serviam para o sambaqui e para os rituais funerários. Segundo Madu Gaspar, o calcário retarda o processo de decomposição dos ossos – e permite que hoje eles possam ser observados e estudados. Esculturas de pedra e outros materiais, como colares de dente de diversos animais (porcos- do- mato, tubarões e jacarés. Eram enterrados com os mortos. As pessoas de maior prestigio no grupo ganhavam mais ornamentos,penas oferendas de comida. Sobre os corpos soterrados,os sambaquieiros faziam uma festa.
De onde eles vieram, não se sabe. “ Acredito que tenha existido uma cultura marítima muito antiga,que não sabemos de onde partiu, e que alguns ramos possam ter surgido no interior do país. Mas ainda falta para localizarmos as origens desses grupos”, diz Maria Cristina Tenório,lembrando que sambaquis não são uma exclusividade da costa brasileira. Aparecem em países como Argentina, México,Estados Unidos,Japão e Dinamarca. Mas a falta de comunicação entre os pesquisadores e a desigualdade no investimento entre os países atrasa os estudos.
As camadas superiores (portanto as mais recentes) de muitos sítios apresentam restos de cerâmica. Esse material não era produzido pelos sambaquieiros,com exceção daqueles do Nordeste,que dominavam a técnica. Isso significa que,em algum momento,começou a haver contatos com povos tupi e Jê. Outras mudanças em rituais de sepultamentos,como a prática de cremar os corpos,também são indicativos de uma aculturação.

ARTESÃOS DOS ESCOMBROS.
Sambaquieiros fizeram escultura, machados e peças de cerâmicas.

Sabe-se que os sambaquieiros , de norte a sul, eram pescadores, juntavam conchas, construíam em morros e ali enterravam seus mortos. Mas desde a função dos sambaquis até as habilidades manuais desses grupos,passando por rituais de sepultamento e de manejo de vegetais, há diferenças marcantes de uma região para outra. Por exemplo, no artesanato criado com a matéria do sambaquis. Ao Sul do Vale da Ribeira, em São Paulo, faziam esculturas de pedra, os chamados zoólitos, que chamam atenção pelo polimento perfeito e pela quantidade de detalhes. Em algumas reproduções de peixes , distingue-se a espécie e até o sexo do bicho. Outros motivos mostram figuras geométricas ou rodas dentadas. Os zoólitos são tão bonitos quanto raros. Até agora só foram encontradas 220 peças no Rio de Janeiro, por sua vez os grupos fabricavam lâminas de machado. No sitio Ilhote do leste,na Ilha Grande, Maria Cristina Tenório, estima que teriam sido polidas mais de 200 mil pedras para servirem como lâminas. Ainda hoje, caminhando na região, pela praia do aventureiro, podem ser vistos blocos de pedras usados para fabricar essas ferramentas. Como não há sinais de conflitos internos ou com outros grupos, acredita-se que essas ferramentas serviam para cortar madeira para construção de canoas e cabanas, ou em trocas com grupos de outros sambaquis próximos.
No Nordeste (Bahia,Pará e Maranhão), os escassos estudos feitos até agora encontraram cerâmicas. Os pesquisadores não sabem explicar, até hoje, porque só os grupos dessa região desenvolveram essa técnica. Cristina Santana, arqueóloga da Bahia,diz que , no litoral norte do estado, encontraram material em camadas de 4300 anos a 3500 anos atrás. Já na baía de Todos os Santos,há cerâmicas mais recentes, de 2800 anos.

Sambaquis: material bom para fazer esculturas,lâminas e até cerâmica.

Agradecimentos: revista “Aventuras na História” com título Índia. Pgs do 40 ao 43.
Texto escrito pela professora e arqueóloga Maria Cristina Tenório.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O ESTRATAGEMA DE ÍSIS





O ESTRATAGEMA DE ÍSIS
Quem é esse velho miserável que se aproxima, andando com dificuldade, entrevado quase enfermo? É o Deus RÁ, poderoso senhor dos céus, pai e mestre do universo. Com efeito, o passar do tempo é inexorável. Tudo está condenado á velhice e á decrepitude, e nem mesmo o Deus Rá escapa a essa lei. Os deuses inquietos, percebem que a cada dia seu pai está mais senil. Até mesmo os homens reparam que o brilho do disco solar vai enfraquecendo sem cessar. O estado de Rá piora com o passar do tempo : seus membros vão ficando rígidos, seus ossos se convertem em prata. Pouco a pouco, seu corpo vai se transformando –se em ouro. Seus cabelos ficam lápis-lazúlis. Em breve, o sol não passará de uma massa condensada de minerais e metais preciosos. Além disso, precisa apoiar –se num bastão para conseguir caminhar. Que tristeza! Tal decadência atingir a maior de todas as divindades.
Esse deus todo poderoso (e velho acabado) teve numerosos filhos e netos. Entre eles Isis, grande maga, que tem quase tanta sabedoria quanto o avô. Não ignora nada a respeito do céu , da terra ou dos mundos subterrâneos. O único conhecimento que lhe falta é justamente aquele que lhe daria os imensos poderes de uma deusa de primeira grandeza: o verdadeiro nome de Rá o deus solar é designado por tantos e tão diversos nomes que não se sabe qual o verdadeiro. Ptá, Amon, Aton... Os homens e os deuses conhecem esses nomes e muitos outros. Mas, nas profundezas de seu ser, Rá esconde com cuidado seu único nome autêntico, aquele que ninguém jamais ouviu, e esse nome tem poderes mágicos que Ìsis cobiça. Ao ver Rá curvado sobre a bengala, ela resolve desvendar o mistério. Como no entanto, convenceria Rá a revelar seu segredo mais precioso? Sábia e astuta, a deusa acaba imaginando um estratagema.
A SERPENTE MÁGICA.
Todo dia , Rá caminha, com dificuldade, ao longo da mesma estrada. Escondida atrás de espessos arbustos, Ísis o vigia. De repente, o velho tosse e cospe, assim que ele se afasta, a maga corre ao local onde caiu a saliva divina e a transforma em pedra, misturando – a com terra. Daí a pouco, entre seus dedos, essa lama amassada toma a forma de uma serpente, que ganha vida por meio de palavras mágicas pronunciadas por Ísis. Em seguida, ela esconde o réptil na estrada pela qual Rá costuma passar. No dia seguinte, ao fazer seu passeio diário, Rá sente no pé uma dor aguda, que imediatamente se espalha pelo corpo todo, sem que ele tivesse ao menos vislumbrado a serpente que lhe mordeu. Rá sente o corpo queimar e, ao mesmo tempo , um frio glacial percorre suas veias. Um violento tremor sacode – o e o faz gritar.
¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬- Que é isso? Que me aconteceu?
Ao ouvir seus gritos, todos os deuses acorrem. Rá explica que sente uma dor imensa, mas não sabe a origem. O grande Deus Sol consegue apenas lamentar sua impotência diante do mal que o aflige. É então que, destacando-se do circulo formado em torno de Rá pelas divindades aterrorizadas, Ísis avança
- Foi uma serpente, divino pai, que com seu poderoso veneno causou o mal que atormenta teu corpo.
Espera um instante e acrescenta:
- Revela - me teu verdadeiro nome e, com meus encantamentos, te livrarei da dor.
O velho deus está a ponto de desmaiar e se retorce no chão. Sofre, mas hesita. Embora não queira revelar o segredo, precisa dar uma resposta a Ísis. Desesperado, limita-se a enumerar os diversos nomes que todos conhecem:
- Sou Quéfri de manhã, Rá ao meio dia e Aton ao entardecer.
Ísis, no entanto. Não se deixa enganar e responde:
- Nenhum desses é teu verdadeiro nome! Dize a verdade, e minha magia pode livrar-te para sempre dessa dor.
Rá ainda hesita e resiste enquanto pode, mas a dor torna-se insuportável, e ele acaba cedendo. Contrariado, chama Ísis para junto de si:
- Vem cá! Vou derramar em teu coração o poder que está no meu nome. Ísis aproxima-se de Rá, que a leva para longe dos outros deuses. A contragosto, sussurra em seu ouvido o nome misterioso. Fortalecida pelo segredo, Ísis pronuncia as únicas palavras mágicas capazes de quebrar o encantamento. Imediatamente, Rá recupera a saúde. O grande deus fica muito aborrecido por ter sido obrigado a entregar a essência de seu poder, mas Ísis está feliz: acaba de transformar –se numa das maiores divindades, senão a mais poderosa de todas.

Povos indígenas do Paraná

Povos indígenas do Paraná
Os povos indígenas do Paraná pertenciam a duas grandes áreas culturais: a da floresta tropical e a marginal. No primeiro grupo está a grande família tupi-guarani, com suas inúmeras tribos e no segundo a maior parte da família jê.
Segundo Curt Nimuendaju, as principais tribos das áreas culturais, estavam assim distribuídas em território paranaense:
Os tupis predominavam no litoral e a nordeste e oeste do estado. Foram estes índios os primeiros a entrarem em contato com os portugueses.
Dos gê destacaram-se caingangues e xoclengues (botocudos). Esta área cultural não chegou a ser bem estudada pelos etnógrafos do Paraná, o que deixa uma lacuna no estudo da pré-históriaparanaense. O estudo dos indígenas torna-se bastante complicado, devido às suas freqüentes correrias pelo sertão, o que leva muitas vezes dificuldades para a localização de uma tribo, e mesmo a confundir as tribos entre si.
Diferenças étnicas
Os portugueses em seus contatos com os nativos entendiam-se melhor com os tupis-guaranis do que com os jê. Deve isso ao fato de os tupi-guaranis serem mais adiantados do que os gês. As técnicas utilizadas pelos primeiros, na confecção de seus utensílios, eram muito mais adiantadas do que os dos jê. É verdade que as duas nações encontravam-se ainda na Idade da Pedra Polida, mas incontestavelmente os tupis eram os mais adiantados. Tinham sua subsistência assegurada pelo agricultura. Plantavam milho, mandioca, algodão e fumo. Não conheciam o arado, mas plantavam em covas, abertas no chão com paus pontudos. Suas roças duravam de 5 a 6 anos num determinado lugar, até esgotarem a caça ao redor, mudando-se para outras paragens mais propícias.
Sua alimentação era completada com os produtos de coleta, quais sejam: frutas, raízes, larvas, mel, erva-mate, jerivá, etc.
Os tupi-guaranis desenvolveram uma cerâmica bastante adiantada, confeccionando abundante quantidade de recipientes e vasilhas de barro cozido. Fabricavam ainda cestas e peças variadas, com fibras e taquaras. Utilizam-se do algodão nativo para fazerem fio, com o qual realizavam magníficos trabalhos de tecelagem, dos quais destacam-se a rede de embalar (eni) e tecidos bastante aperfeiçoados. Suas ocas (cabanas) eram feitas de estacas de madeira cobertas com folhas de palmeira e butiá.
Entretanto, uma das maiores conquistas dos tupis-guaranis foi o domínio da técnica da eliminação do ácido dihidrocianídrico, muito venenoso, existente na raíz da mandioca. A utilização de tal técnica possibilitou a fabricação de farta quantidade de farinha da mesma, facilitando enormemente a alimentação.
Divisão do trabalho
Na sociedade tribal do índio paranaense, um dos elementos que mais chamou a atenção do homem branco foi a divisão do trabalho entre o homem e a mulher.
Era a mulher quem realizava todo o trabalho doméstico. Preparava a comida, cuidava das crianças, confeccionava as peças de cerâmica, fazia a farinha de mandioca, trançava a rede e cuidava da plantação. O homem, por sua vez, dedicava-se a interesses da caça, da pesca, da derrubada do mato para as mulheres plantarem, da fabricação de armas, da construção das ocas e das pirogas; eram também os responsáveis pela segurança da tribo.
Contribuições do indígena
É imensa a influência que o paranaense recebeu do indígena, quer em sua atividade diária, ou em seus usos e costumes:
 influência étnica: os milhares de índios que habitavam o Paraná foram em sua maior parte eliminados definitivamente ou incorporados à sociedade, pela miscigenação.
 vocabulário: os termos de origem tupi-guarani ou gê no linguajar diário, são muitos, como por exemplo: Paraná, Curitiba, Paranapanema, Paranaguá, Iguaçu, Tibagi, Marumbi, canjica, butiá, vossoroca, guri, etc. Sua contribuição lingüística ocorre sobretudo nos nomes de acidentes geográficos, como rios, serras, picos, etc.
 alimentação: a farinha de mandioca é de uso muito difundido entre a população. A importância desta farinha para o índio era como a da farinha de trigo para o homem branco. A eliminação do ácido venenoso que a mandioca brava possui, proprorcionou uma grande fonte de alimento para os índios. Seu uso é hoje conhecido em todas as camadas sociais. Também o uso do mingau,canjica, paçoca, etc., tem origem entre os índios;
 o uso da eni (rede), hoje generalizado, os índios a usavam para dormir em suas ocas, porque não conheciam a cama;
 a erva-mate: foram os índios da família guarani que ensinaram ao homem branco a utilização dessa erva. Hoje seu uso é definitivo nas tradições sulinas, sob a forma de chá quente, gelado ou do tradicional chimarrão;
 o fumo: os europeus não conheciam o fumo. Vieram conhecê-lo na América. Os índios utilizavam-se desse vegetal, fumando cachimbos de barros. Hoje é usado universalmente sob a forma decigarro e charuto;
 o costume do banho diário e do cabelo de loção; são elementos aprendidos com os índios.
Sambaquis
No Paraná, um dos principais vestígios arqueológicos deixados pelos indígenas são os sambaquis, encontrados no litoral. São conchas, ostras, ossos de animais sobretudo marinhos e pedras, amontoados irregularmente, nos quais encontra-se farto e abundante material arqueológico.
Discutiu-se muito a respeito da origem desses sambaquis. Uns defendiam a tese da origem natural, segundo a qual as águas marinhas teriam acumulado este volumoso material. Hoje, é ponto pacífico sua origem artificial. Sambaquis seriam restos de cozinha indígena, acumulados em vários séculos.
Predominam, nestas jazidas arqueológicas, evidências de pedra, osso e cerâmica, trabalhados pela mão indígena. Estas amostras permitem formar uma idéia de como vivia o homem pré-histórico naregião. As peças indígenas ali encontradas que mais chamam a atenção são os zoolitos, figuras de pedra, reproduzindo geralmente aves, animais ou peixes, de uma escultura rudimentar.
Antigamente, as populações litorâneas denominavam os sambaquis de ostreiras. Estes não foram feitos por uma só tribo. Os grupos humanos que do planalto desciam para o litoral atraídos pela vida ligada ao mar, conseguiam expulsar por vezes grupos indígenas que ali se encontravam. Estabeleciam-se de preferência em mangues, onde se arranchavam. Deste ponto partiam para a procura e coleta de animais marinhos. Com seu consumo sustentavam-se durante o tempo que durasse sua estada no local. As carnes eram secadas ao sol e levadas posteriormente para a sede de suasaldeias. As conchas, carapaças e outras partes resistentes eram acumuladas em montões, ao lado do acampamento, chegando alguns deles a formar verdadeiras elevações. Desses sambaquis ou ostreiras é que foi retirada a matéria prima com a qual se fazia a cal para as edificações das vilas litorâneas.
Se acontecia que algum índio morresse durante o período de pescaria, era enterrado nestes montes e coberto com as conchas do sambaqui.
Com o recuo lento e progressivo do mar nos últimos milênios, muitos desses sambaquis ficaram a vários quilômetros da atual linha do litoral.
[editar]Chegada dos portugueses
Os primeiros índios paranaenses que entraram em contacto com os portugueses foram os carijós, que habitavam o litoral. Estes eram inimigos dos tupininquim, que habitavam o litoral de São Paulo. Por esse motivo, inicialmente combateram também os portugueses, que eram aliados dos tupiniquins. Este fato foi explorado contra os portugueses por [Ruy Moschéra espanhol que se estabeleceu ilegalmente em Iguape, em 1531.
A destruição da expedição que em 1531, com 80 homens, Martim Afonso de Sousa enviou para os sertões à procura de ouro, chefiada por Pero Lobo, seria obra de Ruy Moschéra.
Em 1562, alguns jesuítas, aproveitando a companhia de espanhóis que partiram a pé de São Vicente até o Prata, chegara ao território paranaense, com o objetivo de catequizá-los. Foram trucidados pelos carijós, pois foram considerados como espiões tios tupiniquins.
Entretanto, apesar destes revezes, os jesuítas da Casa da Missão de São Vicente continuavam enviando esporadicamente catequistas para os indígenas, não só carijós como os do planalto curitibano. Em 1545, o espanhol Álvar Núñez Cabeza de Vaca, que da ilha de Santa Catarina dirigiu-se até Assunção no Paraguai, encontrou, nas margens do rio Iguaçu, um índio já convertido pelos jesuítas portugueses. No início do século XVII, os padres jesuítas fundaram uma Casa de Missão em Cananeia, donde continuaram a enviar missionários para o sul.
Um dos jesuítas que mais se tornou conhecido pelo seu trabalho com os índios do Paraná foi o padre Leonardo Nunes, cognominado pelos carijó de araré-bebe (padre voador).
Em 1605, os padres João Lobato e Jerônimo Rodrigues trabalhavam entre os carijós. Em 1690, trabalhava com o gentio de Curitiba o padre Melchior de Pontes.
No século XVII, fundaram os jesuítas portugueses uma Casa de Missão em Superagui (litoral norte da baía de Paranaguá), donde passaram a partir catequistas até a região de Laguna. Os jesuítas conseguiram estabelecer-se em Paranaguá, porém alguns anos mais tarde (759), os padres da Companhia de Jesus foram expulsos dos territórios portugueses.
[editar]Carijós
Estes índios eram no início muito altivos e orgulhosos de sua liberdade. O trabalho dos jesuítas no seu meio predispôs os mesmos a entrarem em contacto com os portugueses. Domingos Peneda, vindo do Rio de Janeiro, foi o primeiro a conseguir levar alguns carijós até aquela cidade. As câmaras municipais de São Vicente e Santos protestaram por essa intromissão em suas terras e declararam guerra ao indígena carijó (1585), sob alegação de vingar insultos feitos aos portugueses. Na realidade, os portugueses do litoral paulista queriam mão-de-obra escrava para suas fazendas e os carijós pareciam ser a melhor solução.
Foram então aldeados muitos deles e levados para trabalharem na lavoura de São Paulo.
Com a descoberta do ouro no litoral paranaense, formaram-se Companhias de Índios das Minas. Os carijós foram explorados ao maximo na cata de ouro do litoral. Os outrora orgulhosos e valentes homens de arco (guerreiros) transformaram- se em índios administrados, isto é, praticamente escravos. Aprenderam a lavrar ouro na baía de Paranaguá e em consequência foram levados pelos paulistas até Goiás. Aí muitos deles fugiram das bandeiras e internaram-se nos sertões do Araguaia, vindo a formar a conhecida tribo dos canoeiros (habilidade adquirida na baía de Paranaguá).
Os carijós tiveram lugar de destaque nas guerras do Prata contra os espanhóis, desempenhando importante papel na anexação do Rio Grande do Sul ao Império Colonial Português.
Em São Paulo, devido ao grande número de índios oriundos do litoral paranaense, a palavra carijós passou a ser sinônimo de índio.
No início do século XVII, calculava-se em 200.000 os carijós que dominavam o território que ia do Superagui até Laguna em Santa Catarina.
Os remanescentes desta valorosa tribo incorporaram-se à população litorânea. Ainda hoje é possível detectar, na fisionomia do caiçara do litoral, traços fisionômicos dos carijós.

Napoleão

Quem foi - Napoleão
Este grande personagem da história nasceu na Córsega, no ano 1769. Ainda muito jovem, com somente dez anos de idade, seu pai o enviou para a França para estudar em uma escola militar.
Apesar de todas os desafios que encontrou por lá, sempre sempre se manteve muito determinado. Seu empenho e determinação o fizeram tenente da artilharia do exército francês aos 19 anos.

A Revolução Francesa (de 1789 a 1799), foi a oportunidade perfeita para Bonaparte alcançar seu objetivo maior. Tornou-se general aos 27 anos, saindo-se vitorioso em várias batalhas na Itália e Áustria.

Sua estratégia era fazer com que seus soldados se considerassem invencíveis. No ano de 1798 ele seguiu em embarcação para o Egito, com o propósito de tirar os britânicos do percurso às Índias.

Ele foi muito bem quisto por seus soldados e por grande parte do povo francês. Seu poder foi absoluto após ter sido nomeado cônsul.

No ano de 1804, Napoleão finalmente tornou-se imperador. Com total poder nas mãos, ele formulou uma nova forma de governo e também novas leis.
Visando atingir e derrotar os ingleses, Bonaparte ordenou um Bloqueio Continental que tinha por objetivo proibir o comércio com a Grã-Bretanha.
No ano de 1812, o general francês atacou à Rússia, porém, ao contrário de seus outros confrontos, este foi um completo fracasso. Após sair de Moscou, o povo alemão decidiu lutar para reconquistarsua liberdade.
Após ser derrotado, Napoleão foi obrigado a buscar exílio na ilha de Elba; contudo, fugiu desta região, em 1815, retornando à França com seu exército e iniciando seu governo de Cem Dias na França.
Após ser derrotado novamente pelos ingleses na Batalha de Waterloo é enviado para o exílio na ilha de Santa Helena, local de seu falecimento em 5 de maio de 1821.
Este grande personagem da história nasceu na Córsega, no ano 1769. Ainda muito jovem, com somente dez anos de idade, seu pai o enviou para a França para estudar em uma escola militar. Apesar de todas os desafios que encontrou por lá, sempre sempre se manteve muito determinado. Seu empenho e determinação o fizeram tenente da artilharia do exército francês aos 19 anos.



A Revolução Francesa (de 1789 a 1799), foi a oportunidade perfeita para Bonaparte alcançar seu objetivo maior. Tornou-se general aos 27 anos, saindo-se vitorioso em várias batalhas na Itália e Áustria.



Sua estratégia era fazer com que seus soldados se considerassem invencíveis. No ano de 1798 ele seguiu em embarcação para o Egito, com o propósito de tirar os britânicos do percurso às Índias.



Ele foi muito bem quisto por seus soldados e por grande parte do povo francês. Seu poder foi absoluto após ter sido nomeado cônsul.



No ano de 1804, Napoleão finalmente tornou-se imperador. Com total poder nas mãos, ele formulou uma nova forma de governo e também novas leis.



Visando atingir e derrotar os ingleses, Bonaparte ordenou um Bloqueio Continental que tinha por objetivo proibir o comércio com a Grã-Bretanha.



No ano de 1812, o general francês atacou à Rússia, porém, ao contrário de seus outros confrontos, este foi um completo fracasso. Após sair de Moscou, o povo alemão decidiu lutar para reconquistar sua liberdade.

Após ser derrotado, Napoleão foi obrigado a buscar exílio na ilha de Elba; contudo, fugiu desta região, em 1815, retornando à França com seu exército e iniciando seu governo de Cem Dias na França.

Após ser derrotado novamente pelos ingleses na Batalha de Waterloo é enviado para o exílio na ilha de Santa Helena, local de seu falecimento em 5 de maio de 1821.


Córsega (em corso: Corsica) é a quarta ilha do Mar Mediterrâneo por extensão (depois da Sicília, Sardenha e Chipre), à oeste da Itália, constituindo uma região administrativa da França. É dividida em dois departamentos, Alta Córsega e Córsega do Sul. Separada da Sardenha por um curto trecho do Estreito de Bonifacio, emerge como uma enorme cadeia de montanhas rica em florestas do Mar Mediterrâneo, marcando a fronteira entre a parte ocidental do Mar Tirreno e o Mar Lígure. É universalmente conhecida como o berço de Napoleão (nascido em 1769 em Ajaccio, um ano após a ilha ser ocupada pelo Reino da França).
Sua capital e maior cidade é Ajaccio que também capital da Córsega do Sul, enquanto Bastia, a segunda maior cidade, é a capital da Alta Córsega. Outras localidades importantes são Porto-Vecchio, Borgo, Corte e Calvi. Seu ponto mais alto é o Monte Cinto, com 2.706 metros de altura.
Com cerca de um terço do seu território protegido como parque nacional, e muito do belo litoral continua imune do cimento que mudou grande parte da costa mediterrânica, a Córsega, quase despovoada (31 habitantes/km²), com base da sua economia em boa parte no turismo, que pode praticamente duplicar a sua população no verão.
A relação não resolvida entre a Córsega e a França, que a governou por 240 anos, manifesta-se não só a partir do apego de seu povo para as suas tradições e sua língua (u Corsu, como "linguagem poderosa, e o mais italiano entre os dialetos da Itália", por Niccolò Tommaseo) por indicadores estatísticos revelam que a crise económica e social (perene último colodado do país francês por nascimento e emprego), e seus fortes impulsos de autonomia e independência, que colidem com a Constituição francesa.
GEOGRAFIA
Com 8.681 km2 de área, a Córsega surge no mar Mediterrâneo logo ao norte da Sardenha.
De forma alongada nos meridianos, mede 183 km de Cabo Corso (Norte) até Capo Pertusato (Sul), enquanto a largura máxima é de 83 km. O perímetro é de mais de 1.000 quilometros, dos quais 300 constituídos por mais de 200 praias e o território é muito montanhoso, com o Monte Cinto sendo o pico mais alto com 2.706 metros e outros 20 picos com mais de 2.000 metros de altitude.
HISTÓRIA
O mais ilustre e conhecido habitante fora Napoleão Bonaparte, nascido em Ajaccio no ano de 1769. A casa onde nascera está preservada e na cidade encontram-se várias referências à figura histórica, como praças e ruas. Apesar disso, o antigo imperador da França é menosprezado pelo seu próprio povo, que historicamente tem desejado uma maior autonomia ou mesmo a independência da ilha perante o domínio francês.
CULTURA
A etnia corsa é geneticamente relacionada àquela genovesa devido à história de intenso escambo entre a ilha e a república marítima de Gênova.
LÍNGUA
Na Córsega fala-se, ao lado da língua oficial francesa, a língua corsa, que se assemelha ao dialeto toscano, no qual se baseia a língua italiana, devido à histórica relação política, econômica e cultural com Pisa.

FIM DA ESPANHA SUL – AMERICANA.

FIM DA ESPANHA SUL – AMERICANA.

Governar a distância dá muita dor de cabeça. Especialmente quando a colônia fica em outro continente e a comunicação mais rápida com a metrópole é a caravela. Pensando nisso é que a Coroa Espanhola decidiu dividir suas possessões na América em vice- reinados,entregando a administração deles a nobres da Espanha,gente da mais alta confiança.
Na América do sul do século XVIII havia três desses vice-reinados; Nova Granada,Peru e Prata. Subordinadas respectivamente a Nova Granada e Peru, havia duas subdivisões territoriais: as capitanias gerais da Venezuela e do Chile. Era assim que o rei da Espanha controlava suas terras sul- americanas.
E seu poder era exercido não só por intermédio dos vice-reis e dos funcionários administrativos. Também os membros da igreja eram agentes da autoridade real,ajudando a manter a população submissa á Coroa e convertendo –a ao cristianismo.
As terras americanas eram ricas em minérios e a Coroa Espanhola procurava tirar daí o maior proveito reservava para si o monopólio da extração de ouro e prata e concedia a particulares o direito de explorar os outros minerais. Mas para dar essas concessões cobrava pesado tributo: um quinto da produção pertencia á Coroa.

Crioulos, uma força.
Os verdadeiros donos da economia local eram realmente os crioulos (criollos),filhos de europeus, mas nascidos na colônia. Eram donos de grandes fazendas – as estâncias – e tinham a seu serviço grande número de indígenas e negros africanos. Os crioulos, apesar de constituírem a elite intelectual, não tinham acesso aos cargos administrativos. Para esses postos havia espanhóis vindos diretamente da metrópole.
Assim, a aristocracia crioula era obrigada a submeter-se ás ordens dos administradores, que eram fiéis aos interesses da Coroa. Acontece que, com o tempo, esses interesses foram ficando cada vez mais contrários aos dos crioulos, que se iam sentindo economicamente esmagados pela metrópole. Por isso, eles seriam os grandes responsáveis pela eclosão dos movimentos de independência na América do Sul espanhola, onde usariam como massa de manobra a grande legião de índios, negros e mestiços.

Ecos da Europa.
O século XVIII já assiste a diversas revoltas contra a Espanha, todas denominadas. Mas o espírito de rebeldia se intensifica. Por toda parte há insatisfação contra a metrópole. Nas minas e nas fazendas, a palavra de ordem é independência. E os numerosos contatos comerciais, que apesar da proibição eram mantidos, permitiram que as idéias de libertação tomassem corpo entre a elite intelectual. Através desses contatos, chegavam as notícias da revolução liberal da França, da independência dos Estados Unidos da América do Norte. Era um incentivo maior para o levante na colônia espanhola.
Em 1796,forma-se uma aliança entre a França e a Espanha,que terá importantes reflexos na América do Sul. A Inglaterra, em guerra coma França, está agora também em guerra com a Espanha. Sua poderosa esquadra domina o mar e apropria-se do comércio, rompendo as comunicações marítimas entre a Espanha e a colônia.
E é assim que os ingleses apóiam os inssurretos americanos. Em 1806, colaboram em duas tentativas de levante na Venezuela. Os movimentos não tem êxito,mas revelam um líder nacional: Francisco Miranda. Ao mesmo tempo, os ingleses estão também no Sul, provocando a revolta contra os espanhóis em Buenos Aires. Ainda aqui vão mal: são rechaçados pela própria população.
Enquanto isso, as coisas estão mudando na Europa. Em 1808, os franceses invadem a Espanha, o Rei Carlos IV e seu filho Fernando VII abdicam e cedem o poder a Napoleão, que coloca no trono seu irmão José. O povo espanhol não aceita o jugo: uma junta inssurrecional constitui-se em Sevilha, e representará por seis anos a Espanha livre.

Napoleão, uma mudança.
Napoleão quer conquistar popularidade na América,mas os emissários que envia para obter aliança com os espanhóis de além –mar não conseguem êxito. Uma após outra as possessões espanholas americanas vão-se colocando ao lado da Junta de Sevilha. Inteligentemente, os crioulos associam-se aos espanhóis da colônia, dando força ao movimentos antifrancês; e aproveitam para dar ao levante um caráter separatista.
Impotente para dominar a América espanhola, Napoleão muda de tática. Passa a incentivar a independência da colônia, para criar problemas á Espanha. Para isso, recorre a agentes instigadores. Um destes Desmolard, ficou conhecido por ter provocado um movimento que irrompeu em abril de 1810,em Caracas. E em março do ano seguinte, um congresso reúne os cabildos venezuelanos e depõem o governo. É proclamada a independência, em dezembro, Quito segue o exemplo de Caracas.
Buenos Aires, que em 1809 aceitara o vice –rei designado pela junta de Sevilha, derruba- o no ano seguinte e elege uma junta que agrupa os principais elementos crioulos. Do estuário do Prata,a revolta irradia-se para a Bolívia,Paraguai e Uruguai. Aos espanhóis resta somente o Peru.
Eles agora estão mal e tentarão recuperar o terreno perdido. Na Europa estão melhor, pois a junta de Sevilha começa a expulsar os franceses da Espanha, com a ajuda da Inglaterra.

Bolívar, uma esperança.
Se a Espanha vai-se fortalecendo, no mesmo ritmo as colônias que proclamaram sua independência vão –se debilitando. Falta ajuda externa, o isolamento geográfico impede a coesão e, o que é o pior, os revolucionários já manifestam entre si sérias divergências.
Assim, pouco depois da independência , a Venezuela é sacudida por uma guerra civil. Miranda, que fora nomeado ditador do país,é deposto e substituído por Monteverde, comandante do exército real. O movimento de libertação está abalado, mas continuará,liderado agora por um extraordinário líder. Nasceu em Caracas e seu nome é Simon Bolívar(1783- 1830).
De volta da Inglaterra, aonde fôra pedir apoio, Bolívar organiza um pequeno exército e consegue libertar a cidade de Cartagena(em Nova Granada), em fevereiro de 1813.
Mas não para: já em maio parte para a conquista da Venezuela. Entra em Caracas em agosto e derrota Monteverde. Em janeiro de 1814,ganha o titulo de “libertador”, outorgado pela municipalidade de Caracas.
Mas a segunda república venezuelana terá a mesma sorte que a primeira. As tropas reais reconquistam terreno, Bolívar não consegue manter-se em 1815 embarca para Jamaica.

1815, um ano espanhol.
O ano de 1815 é mau para os rebeldes. A monarquia foi restaurada na Espanha, e a metrópole agora quer conter os inssurretos da colônia. E manda considerável reforço para as tropas reais: 56 naus trazem mais 10 mil homens, comandados pelo General Morillo. Com isso, a Espanha triunfa em Nova Granada, bate a junta que se formara em Santiago do Chile, reconquista a Venezuela. No Sul, a sorte dos rebeldes é pouca coisa melhor. Apesar do assédio espanhol a Buenos Aires, eles conseguem manter-se, mas não tem condições de alargar suas bases. Uruguai, Paraguai e a região de Charcas(na Bolívia) estão nas mãos dos realistas.
O ano de 1815 termina com a Espanha praticamente dona da situação. Vencedores, os realistas impõem um regime de terror. Os principais rebeldes são executados sumariamente, há deportações e confiscos em massa.

Regresso do Libertador
Mas o panorama mudaria outra vez. Bolívar está Jamaica,mas não descansa. Com a ajuda britânica, ele compõe um pequeno exército e desembarca na costa venezuelana em janeiro de 1817. auxiliado por camponeses e engrossando a tropa com mercenário ingleses e irlandeses,ele segue de vitória em vitória. Depois de dominar a maior parte do vale do rio Orenoco,Bolívar lança-se com 2500 homens e uma audaciosa empresa: atravessa os Andes,penetra na Colômbia pelo vale do Madalena e esmaga o inimigo. Em agosto, domina, com o que possibilita a formação dos Estados Unidos da Colômbia, recebendo os poderes de presidente e ditador militar.
Bolívar anima-se, o inimigo enfraquece-se. O libertador arremete agora sobre a Venezuela,conquista Caracas e a 30 de agosto de 1821 nasce a 3ª república nesse país. Bolívar é o presidente.
E a 24 de maio de 1822,Antônio José Sucre, seu lugar-tenente,conquista Quito que, juntamente com a Colômbia e a Venezuela,formará a Grande Colômbia, sob a presidência do Libertador.

A Travessia dos Andes

No Sul,as coisas melhoraram para os rebeldes em 1816,quando,na Prata monarquistas e republicanos, depois de muita briga,acabaram unindo-se conta os espanhóis.
A 9 de julho daquele ano, um congresso proclamava a Declaração de Independência das Províncias Unidas da América do Sul. Mas nem o Paraguai nem a Banda Oriental (Uruguai) estariam presentes no congresso. E a região de Charcas continuava dominada pelos espanhóis. Os rebeldes do sul precisam de um líder, e ele surge é o oficial argentino José de San Martín (1778-1850).
San Martín,em 1815, sai da cidade de Mendoza comandando poderoso exército e, a exemplo de Bolívar,lança-se através dos Andes,numa ação que, como a do libertador,ficará famosa pela audácia. Ultrapassando um desfiladeiro a 4200m de altitude, suas tropas entram no território chileno e unem-se as do líder do local Bernardo O’Higgins(1778-1842). Vencem os realistas em Chacabuco e O’Higgins é nomeado ditador supremo do Chile.
Mas a luta não termina aí,passaram-se dois anos de embates, antes da vitória de Maípu, que é decisiva. Em 1818, o Chile é declarado Estado livre e soberano.

Peru, uma trincheira
Falta ainda conquistar o Peru, os espanhóis,entrincheirados a 3 e 4 mil metros de altitude,constituem séria ameaça a precária independência dos ex-vice –reinados de Nova Granada e do Prata. Com o auxilio da esquadra inglesa de Lorde Cochrane,San Martin – desembarca suas tropas nas costas peruanas no inicio de 1821. os espanhóis são batidos em Lima e a independência é proclamada,mas será duro mantê-la, nas montanhas, a resistência espanhola vai-se reorganizando enquanto isso acontece, Bolívar progride em direção ao sul.
Em julho de 1822,os dois grandes chefes- Bolívar e San Martin- encontram-se finalmente, em Guaiaquil,lutam pela mesma causa,mas não conseguem um entendimento. San Martin retira-se da luta e vai terminar sua vida na Europa onde morrerá em 1850. A Bolívar competirá a tarefa de continuar a luta pela independência.

Espanha, o último alento
Os espanhóis reogarnizam-se como podem, nas montanhas, e conseguem retomar a cidade. E além da capital peruana, eles mantem ainda outro importante baluarte, a cidade de Callao.
Mas essa alternativa de vitória é na verdade, o último alento das forças brasileira.
Tanto assim em 9 de dezembro de 1824,Sucre,bravo lugar-tenente de Simon Bolívar esmaga definitivamente a resistência espanhola em lima. E a 18 de janeiro de 1826, a guarnição de Callao,que já resistia havia dois anos, decide render-se.
Depois de um século de luta, a América do Sul colonizada pela Espanha estava livre.

A REVOLUÇÃO INGLESA DO SÉCULO XVII

A REVOLUÇÃO INGLESA DO SÉCULO XVII

INGLATERRA DO SÉCULO XVII

Este século foi marcante, visto que o país atravessou duas tormentas, ou movimentos revolucionários que sacudiram as bases monárquicas. A primeira foi a REVOLUÇÃO PURITANA, DE 1640. a segunda foi a REVOLUÇÃO GLORIOSA, de 1688. as duas fazem parte do mesmo processo revolucionário. Por isso o motivo de mencionar revolução e não revoluções da Inglaterra.
Essa revolução foi uma das primeiras manifestações da crise do Antigo Regime, ou forma absolutista de governo. Isso tudo deu base para o pleno desenvolvimento do capitalismo e da revolução industrial do século XVIII. De certa forma esta pode ser considerada a primeira revolução burguesa da Europa.
VIDA SOCIAL ANTES DA REVOLUÇÃO
Com a Dinastia Tudor, a Inglaterra teve muitas conquistas, que serviram de base para o desenvolvimento econômico do país. Seus maiores representantes foram os monarcas Henrique VIII e Elisabeth I, que entre outros feitos conseguiram: unificar o país, dominar a nobreza, afastar-se do Papa além de confiscar os bens da igreja católica , e ao mesmo tempo criar a igreja anglicana, e entrar na disputa por colônias com os espanhóis.
Foram com esses monarcas que ocorreu a formação de monopólios comerciais, como a Companhia das Índias Orientais e dos Mercadores Aventureiros. Isto serviu para impedir a livre concorrência, embora essa ação tenha sufocado alguns setores da burguesia. Como por exemplo os artesões, que se viram obrigados a pagar mais caro por alimentos e produtos usados nos seus serviços. Isto resultou na divisão da burguesia: de um lado, os grandes comerciantes que gostaram da política de monopólio, e de outro a pequena burguesia que queria a livre concorrência.
Outro problema era a detenção de privilégios nas mãos das corporações de ofício. Também outra situação problemática era na zona rural, com a alta dos produtos agrícolas, as terras foram valorizadas. Isso gerou os cercamentos, isto é, os grandes proprietários rurais que aumentavam suas terras por ocupar as terras coletivas, transformando-as em privadas. O resultado foi: a expulsão de camponeses do campo e a criação de grandes propriedades para a criação de ovelhas e para a produção de lã.
Para não deixar o conflito entre camponeses e grandes proprietários aumentasse o governo tentou impedir os cercamentos. Claro que com essa ação a nobreza rural, Gentry, e a burguesia mercantil foram fortes oponentes.

DIANiSTIA STUART
Esta dinastia iniciou-se após a morte da rainha Elisabeth, em 1603. O primeiro rei foi JAIME I, rei da Escócia. Este, dissolveu o parlamento várias vezes e quis implantar uma monarquia absoluta do direito divino. Infelizmente foi radical, pois perseguiu os católicos e seitas menores, sob o pretexto de estes mesmos estavam organizando a Conspiração da Pólvora em 1605. Muitos que ficaram descontentes começaram a para a América do norte.

Os atritos entre rei e parlamento ficaram fortes e intensos , principalmente depois de 1610.

Em 1625, houve a morte do Jaime I e seu filho , Carlos I, assumiu o poder. Em 1628, com tantas guerras, o rei viu-se obrigado a convocar um parlamento , que foi bem hostil, até exigiram o cumprimento da “petição dos direitos”. Isto quer dizer, o parlamento queria o controle da política financeira e do exército, além de regularizar a convocação do parlamento. A resposta real foi bem clara: a dissolução do parlamento, que voltaria a ser convocado em 1640.

O rei Carlos governou sem parlamento, mas ele buscou o apoio da Câmara Estrelada, uma espécie de tribunal ligado ao Conselho Privado do Rei. Para reforçar o absolutismo, Carlos I aumentou os impostos, ou seja, começou a cobrar impostos que antes já haviam caído no desuso, como exemplo o ship money, imposto criado para proteger as cidades portuárias de ataques piratas, agora com Carlos esse imposto passou a ser cobrado até mesmo nas cidades de interior, onde dificilmente um pirata atacaria. Também tentou impor a religião anglicana aos calvinistas escoceses( presbiterianos). Isso gerou rebeliões por parte dos escoceses que invadiram o norte da Inglaterra. Com isso o rei viu-se obrigado a reabrir o parlamento em abril de 1640 para obter ajuda da burguesia e da Gentry. Mas o parlamento tinha mais interesse no combate ao absolutismo. Por isso foi fechado novamente. Em novembro do mesmo ano foi convocado de novo. Desta vez ficou como o longo parlamento, que se manteve até 1653.

A REVOLUÇÃO PURITANA
A guerra civil inglesa estendeu-se de 1612 à 1649, e dividiu o país. De um lado havia oscavaleiros, o exército fiel ao rei e apoiado pelos senhores feudais. Do outro, os cabeças-redondas,visto que não usavam perucas e estavam ligados a gentry, eram forças que apoiavam o parlamento.
O parlamento foi bastante radical em suas ações. Começou por dissolver a câmara estrelada, proibiu o rei de ter um exército permanente, tomou a liderança política e tributária do país, culpou o rei por um levante na Irlanda católica em 1641.
Em 1642, começava a guerra civil. Oxford tornou-se a sede do rei, onde se organizou um exército de 20 mil homens. O apoio veio dos aristocratas do oeste e do norte, juntamente com uma parte dos ricos burgueses , que estavam preocupados com as agitações sociais. Em contra partida o exército do parlamento foi comandado por Oliver Cromwell, originado de uma família de nobres calvinistas. Com ele o exército teve grandes mudanças. Era formado por camponeses, burgueses de Londres e a gentry. O mais importante fato neste exército, era que as classes hierárquicas seriam alcançadas não mais por nascimento mais sim por merecimento. Isto serviu de grande incentivo entre os combatentes. Esse exército foi decisivo na Batalha final de Naseby em 1645. Carlos I perdeu a guerra e fugiu para a Escócia, lá ele foi preso e vendido para o parlamento inglês , curiosamente pelo parlamento escocês. ( ele não teve sorte com parlamentos!).

Já entre o vitorioso exército do parlamento, havia uma divisão entre os Grandes, ou seja, o alto escalão dos oficiais, e os niveladores, que avançados para época, eram a maior parte dos combatentes. Suas idéias eram : comércio livre para os pequenos produtores, proteção à pequenas propriedades, fim do pagamento do dízimo à igreja, separação da igreja e do estado, fim dos cercamentos e direito de votos para todos.

Tentaram assumir o controle do exército em 1647. com toda essa agitação, Carlos I conseguiu fugir. Mas com a união do exército , ele foi capturado e decapitado. O parlamento foi desativado, por excluir 96 membros e prender 47. com a morte de Carlos I em 30 de janeiro de 1649, a república foi proclamada em 19 de maio do mesmo ano.

GOVERNO DE CROMWELL
O governo de Oliver Cromwell atendia os interesses burgueses. Quando começou a haver rebeliões na Escócia e na Irlanda, ele as reprimiu com brutalidade. Oliver procurou eliminar a reação monarquista. Fez uma “limpeza” no exército. Executou os líderes escavadores( estes eram trabalhadores rurais que queriam tomar terras do estado, nobreza e clero). Com tantas execuções os menos favorecidos ficaram a “mercê da sorte” e acabaram por entrar em movimentos religiosos radicais.
Uma medida para combater os holandeses e fortalecer o comércio foi os Atos da navegação. Essa lei resumia-se no seguinte: o comércio com a Inglaterra só poderia ser feito por navios ingleses ou dos países que faziam negócios com a Inglaterra.
Em 1653, Oliver autonomeou-se Lorde Protetor, seus poderes eram tão absolutos quanto de um rei. Mas ele recusou-se a usar uma coroa. Embora na prática agia como um soberano. Com apoio dos militares e burgueses, impôs a ditadura puritana, porque governou com rigidez e intolerância, com idéias puritanas. Ele morreu em 1658 e seu filho Richard assumiu o poder. Mas este logo foi deposto em 1659.

A RESTAURAÇÃO STUART E A REVOLUÇÃO GLORIOSA
Após a Richard, Carlos II, da família Stuart, é proclamado rei da Inglaterra em 1660. os poderes de Carlos eram limitados. Por isso ele estreitou ligações com o rei francês Luis XIV, isto logo manchou sua reputação com o parlamento.

Carlos II baixou novos atos de navegação favoráveis ao comércio inglês. Envolveu-se na guerra com a Holanda. Em 1673, o parlamento aprovou a lei do teste: todo o funcionário público deveria professar o anticatolicismo. Com essas atitudes o parlamento ficou dividido em dois grupos: os whigs, que eram contra o rei e favoráveis às mudanças revolucionárias além de serem ligados a burguesia. Os tories, eram defensores feudais e ligados à antiga aristocracia feudal.

Em 1685, morreu Carlos II e seu irmão Jaime II assume o governo. Este tomou medidas drásticas, quis restaurar o absolutismo, o catolicismo( em um país com outras tendências religiosas), também punia os revoltosos com a negação do habeas corpus- proteção a prisão sem motivo legal- o parlamento não tolerou esse comportamento e convocou Maria Stuart, filha de Jaime II e esposa de Guilherme de Orange, para ser rainha . com isso o rei foge para a França e Maria Stuart e seu esposo tornaram-se monarcas ingleses. Esta foi a revolução Gloriosa.

Os novos soberanos tinham alguns deveres. Por exemplo, tiveram de aceitar a Declaração dos Diretos. Esta declaração tirava boa parte doa poderes reais. O rei ficou apenas como um símbolo, pois quem realmente governava era o parlamento. Visto que de acordo com a declaração o rei não podia cancelar as leis parlamentares; o reino poderia ser entregue a quem o parlamento quisesse, após a morte do rei; inspetores controlariam as contas reais; e o rei não deveria manter um exército em épocas de paz.

As decisões administrativas passaram a serem tomadas por ministros,e o tesouro ficou sob a direção de altos funcionários.

Com tudo isso, houve a criação do banco da Inglaterra, em 1694

O Município da Lapa

O Município da Lapa
Lapa, do latim, lápis – pedra, grota. Substituiu a denominação de Capão Alto pela presença, próximo a atual cidade, das formações areníticas, pedras, que formam a gruta do Monge, grota.
Não são muito positivos os dados históricos que possuem acerca da origem da povoação do Capão Alto. Entretanto, parece plausível que ela se tenha originado depois de 1731, em consequência da abertura da estrada de Curitiba á Viamão.
Naquele tempo iniciavam suas viagens, com seus comboios pelo caminho de Lages, os tropeiros que de São Pedro do Sul seguiam para Sorocaba. E tornava-se necessário fazer pouso nos arredores do Capão Alto, próximo as alturas que a lenda veio a consagrar, um século depois, ao monge. Era ali o final da etapa diária para aqueles que pela manhã deixavam as margens do rio Negro e que, ao entardecer, buscavam descanso. A meio caminho do rio Negro a Curitiba, estava a fadada a região a notável desenvolvimento, pois seria um ponto seguro para reabastecer os caminhoneiros que de longe vinham.
Foi o que compreenderam alguns aventureiros portugueses que, sem tardança, ali se foram estabelecer, não obstante o perigo que tinham a enfrentar com as incursões dos selvagens pelas vizinhanças. E, assim, no aprazível lugar onde a vista se perde no descampado verdejante, estabeleceram –se os primeiros, João Pereira Braga e a sua mulher Josepha Gonçalves da Silva.
Como os centros povoados ficassem distantes algumas léguas, cuidaram os povoadores de emprestar especial cuidado a agricultura a pecuária , dando lugar a que bem cedo se constatasse a fertilidade das terras e a riqueza dos campos da região.
Em consequência dessas provas foi-se aos poucos povoando o Capão Alto, de modo que em meados do século XVIII já grande era o numero de habitantes do lugarejo onde se erguia uma tosca capelinha sob a invocação de Nossa Senhora do Capão Alto, levantada pelos padres carmelitas do Tamanduá e que teve por primeiro vigário o reverendo João da Silva Reis, filho do primeiro casal que ali aportou. Em 1769 foi a povoação elevada a Freguesia pela Igreja, tão notável já era o numero de fieis.
Quando se realizaram as expedições de descoberta e exploração dos rios do registro, Tibagy,etc. por determinação de Afonso Botelho de Sampaio e Souza, estacionou no lugar uma companhia de auxiliares que recebeu a inspeção daquele coronel em 10 de Fevereiro de 1771, tendo o mesmo providenciado o mesmo que era preciso para aumento da nova freguesia .
Mais tarde, em 13 de junho de 1897, foi pelo governo da capitania de São Paulo criada a freguesia era a cada vez mais notável, despertando por isso nos povoadores a esperança de conseguirem a sua elevação a vila.
Contava já com trezentos e tantos fogos , apresentado aspecto agradável a vista, com suas ruas bem alinhadas, quando, em 1806, o seu comandante mandou edificar o prédio que deveria servir de Câmara e Cadeia. A seguir, os notáveis do lugar, tendo a frente o Capitão Francisco Teixeira Coelho, comandante das funções da freguesia, passaram procuração ao Cel José Vaz de Carvalho e Capitão José de Andrade e Vasconcelos para que qualquer deles solicita-se ao General Comandante da Capitania de São Paulo, a elevação da freguesia a vila, com justiça Ordinária e juiz de órfãos.

Os Idosos no Brasil

Os idosos no Brasil

Os idosos são hoje 14,5 milhões de pessoas, 8,6% da população total do País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2000. O instituto considera idosas as pessoas com 60 anos ou mais, mesmo limite de idade considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países em desenvolvimento. Em uma década, o número de idosos no Brasil cresceu 17%, em 1991, ele correspondia a 7,3% da população.
O envelhecimento da população brasileira é reflexo do aumento da expectativa de vida, devido ao avanço no campo da saúde e à redução da taxa de natalidade. Prova disso é a participação dos idosos com 75 anos ou mais no total da população - em 1991, eles eram 2,4 milhões (1,6%) e, em 2000, 3,6 milhões (2,1%).
A população brasileira vive, hoje, em média, de 68,6 anos, 2,5 anos a mais do que no início da década de 90. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos no País deva chegar a 30 milhões de pessoas (13% do total), e a esperança de vida, a 70,3 anos.
O quadro é um retrato do que acontece com os países como o Brasil, que está envelhecendo ainda na fase do desenvolvimento. Já os países desenvolvidos tiveram um período maior, cerca de cem anos, para se adaptar. A geriatra Andrea Prates, do Centro Internacional para o Envelhecimento Saudável, prevê que, nas próximas décadas, três quartos da população idosa do mundo esteja nos países em desenvolvimento.
A importância dos idosos para o País não se resume à sua crescente participação no total da população. Boa parte dos idosos hoje são chefes de família e nessas famílias a renda média é superior àquelas chefiadas por adultos não-idosos. Segundo o Censo 2000, 62,4% dos idosos e 37,6% das idosas são chefes de família, somando 8,9 milhões de pessoas. Além disso, 54,5% dos idosos chefes de família vivem com os seus filhos e os sustentam.

O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO

O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO

CONCEITO:
Entende-se por Absolutismo, o processo de centralização política nas mãos do rei. É resultado da evolução política das Monarquias Nacionais, surgidas na Baixa Idade Média; fruto da aliança rei – burguesia.
FATORES DO ABSOLUTISMO
1.Aliança rei - burguesia:
A burguesia possuía um interesse econômico na centralização do poder político: a padronização monetária, dos pesos e medidas. Adoção de mecanismos protecionistas, garantindo a expansão das atividades comerciais; a adoção de incentivos comerciais contribuía para o enfraquecimento da nobreza feudal e este enfraquecimento-em contrapartida- garantia a supremacia política do rei. 2.Reformas Religiosas:
A decadência da Igreja Católica e a falência do poder papal contribuíram para o fortalecimento do poder real.
Durante a Idade Média, o poder estava dividido em três esferas:
-poder local, exercido pelo nobreza medieval;
-poder nacional, exercido pela Monarquia;
-poder universal, exercido pelo Papado. Assim, o processo de aliança rei -burguesia auxiliou no enfraquecimento do poder local; as reformas religiosas minaram o poder universal colaborando para a consolidação do poder real. 3.Elementos Culturais:
O desenvolvimento do estudo de Direito nas universidades e a preocupação em legitimar o poder real. O Renascimento Cultural contribuiu para um retorno ao Direito Romano.
MECANISMOS DO ABSOLUTISMO MONÁRQUICO
A) Criação de um Exército Nacional: Instrumento principal do processo de centralização política. Formado por mercenários, com a intenção de enfraquecer a nobreza e não armar os camponeses.
B) Controle do Legislativo: Todas as decisões do reino estavam controladas diretamente pelo rei, que possuía o direito de criar as leis.
C) Controle sobre a Justiça: Criação do Tribunal Real, sendo superior aos tribunais locais ( controlados pelo senhor feudal ).
D) Controle sobre as Finanças: intervenção na economia, mediante o monopólio da cunhagem de moedas, da padronização monetária, a cobrança de impostos, da criação de Companhias de Comércio e a imposição dos monopólios.
E) Burocracia Estatal: corpo de funcionários que auxilia na administração das obras públicas, fortalecimento o controle do Estado e, consequentemente , o poder real.
TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO MONÁRQUICO Nicolau Maquiavel ( 1469/1525 ) - Responsável pela secularização da política, ou seja, ele supera a relação entre ética cristã e política. Esta superação fica clara na tese de sua principal obra, O Príncipe ¬segundo a qual "os fins justificam os meios".
Maquiavel subordina o indivíduo ao Estado, tornando-se assim no primeiro defensor do absolutismo..
Thomas Hobbes ( 1588/1679 ) -Seu pensamento está centrado em explicar as origens do Estado. De acordo com Hobbes, o homem em seu estado de natureza é egoísta. Este egoísmo gera prejuízos para todos.
Procurando a sociabilidade, os homem estabelece um pacto: abdica de seus direitos em favor do soberano, que passa a Ter o poder absoluto. Assim, o estado surge de um contrato.
A idéia de contrato denota características burguesas, demonstrando uma visão individualista do homem ( o indivíduo pré-existe ao Estado ) e o pacto busca garantir e manter os interesses dos indivíduos.
A obra principal de Hobbes é "Leviatã". Jacques Bossuet ( 1627/1704 ) e Jean Bodin ( 1530/1596 )
Defensores da idéia de que a autoridade real era concedia por Deus. Desenvolvimento da doutrina do absolutismo de direito divino - o rei seria um representante de Deus e os súditos lhe devem total obediência.
Absolutismo na península Ibérica PORTUGAL
-Primeiro país a organizar o Estado Moderno. Centralização política precoce em virtude da Guerra de Reconquista dos -cristãos contra muçulmanos.
A centralização do Estado Português ocorreu em 1385, com a Revolução de Avis, onde o Mestre da Ordem de Avis ( D. João ), com o apoio da burguesia mercantil consolidou o centralismo político. ESPANHA
- O processo de centralização na Espanha também está relacionado com a Guerra de Reconquista e foi fruto de uma aliança entre o Reino de Castela e o Reino de Aragão, em 1469 e consolidado em 1492 - com a expulsão definitiva dos mouros da península. Absolutismo na França A consolidação do absolutismo francês está relacionado com a Guerra do Cem Anos: enfraquecimento da nobreza feudal e fortalecimento do poder real. A principal dinastia do absolutismo francês foi a dos Bourbons: Henrique IV ( 1593/1610 ) precisou abandonar o protestantismo para ocupar o trono real. Responsável pelo Édito de Nantes (1598 ) que concedeu liberdade religiosa aos protestantes. Luís XIII ( 1610/1643 ) Em seu reinado, destaque para a atuação de seu primeiro-ministro o cardeal Richelieu. A política de Richelieu visava dois grandes objetivos: a consolidação do absolutismo monárquico na França e estabelecer, no plano externo, a supremacia francesa na Europa. Para conseguir este último objetivo, Richelieu envolveu a França na guerra dos Trinta Anos (1618/1648), contra a os Habsburgos austríacos e espanhóis.
Luís XIV ( 1643/1715 ) -O exemplo máximo do absolutismo francês, denominado o "rei-sol". Organizou a administração do reino para melhor controle de todos os assuntos. Governava através de decretos e submeteu a nobreza feudal e a burguesia mercantil.
Levou ao extremo a idéia do absolutismo de direito divino.
Um dos principais nomes de seu governo foi o ministro Colbert, responsável pelas finanças e dos assuntos econômicos.
A partir de seu reinado a França inicia uma crise financeira, em razão das sucessivas guerras empreendidas por Luís XIV. A crise será acentuada com o Édito de Fontainebleau, decreto real que revogou o Édito de Nantes. Com isto, muitos protestantes abandonam a França, contribuindo para uma diminuição na arrecadação de impostos. A crise do absolutismo prossegue no reinado de Luís XV e atingirá
a ápice com Luís XVI e o processo da Revolução Francesa.
Absolutismo na Inglaterra O apogeu do absolutismo inglês deu-se com a Dinastia Tudor, família que ocupa o poder após a Guerra das Duas Rosas: Henrique VIII ( 1509/1547 ) - Empreendeu a Reforma Anglicana, após o Ato de Supremacia ( 1534 ). Com a reforma, o Estado controla as propriedades eclesiásticas impulsionando a expansão comercial inglesa.
Elizabeth I ( 1558/1603 ) -Implantou definitivamente o anglicanismo, mediante uma violenta perseguição aos católicos e aos protestantes.
Iniciou uma política naval e colonial - caracterizada pela destruição da Invencível Armada espanhola e a fundação da primeira colônia inglesa na América do Norte - Virgínia ( 1584 ).
Em seu reinado a Inglaterra realiza uma grande expansão comercial, com a formação de Companhias de Comércio e fortalecendo a burguesia.
Com a morte de Elizabeth I ( 1603 ), inicia-se uma nova dinastia ¬Stuart - marcada pela crise do absolutismo inglês.
O MERCANTILISMO . CONCEITO: Política econômica do Estado Moderno baseada no
acúmulo de capitais.
A acumulação de capitais dá-se pela atividade comercial, daí o mercantilismo apresentar uma série de práticas para o desenvolvimento das práticas comerciais. OBJETIVOS: A intervenção do estado nos assuntos econômicos visava o fortalecimento do Estado e o Enriquecimento da burguesia.
PRÁTICAS MERCANTILISTAS
Para conseguir o acúmulo de capitais, a política mercantilista apresentará os seguintes elementos:
Balança comercial favorável: medida que visava a evasão monetária. A exportação maior que a importação auxiliava a manter as reservas de ouro.
Metalismo (bulionismo): necessidade de acumular metais preciosos (ouro e prata ).
Intervencionismo estatal: forte intervenção do Estado na economia, com o intuito de desenvolver a produção agrícola, comercial e industrial. O Estado passa a adotar medidas de caráter protecionista ¬estimular a exportação e inibir a importação, impondo pesadas tarifas alfandegárias.
Monopólios: elemento essencial do protecionismo econômico. O Estado garante o exclusivismo comercial sobre um determinado produto e/ou uma determinada área. TIPOS DE MERCANTILISMO
Cada Estado Moderno buscará a acumulação de capitais obedecendo suas próprias especificidades. PORTUGAL - Mercantilismo agrário, o acúmulo de capitais virá da atividade agrícola na colônia ( Brasil ). ESPANHA: Metalismo, em razão da grande quantidade de ouro e prata da América. O grande afluxo de metais trouxe uma alta dos preços das mercadorias e desencadeou uma enorme inflação. Este processo é conhecido como revolução dos preços. FRANÇA: Produção de artigos de luxo para a exportação. Também conhecido como colbertismo, por causa do ministro Jean Colbert. INGLATERRA: Num primeiro momento, a Inglaterra consegue acúmulo de capitais através do comércio, principalmente após o Ato de Navegação de 1651. O grande desenvolvimento comercial vai impulsionar a indústria. Esta última se tornará na atividade principal para a Inglaterra conseguir o acúmulo de capitais. HOLANDA: desenvolve o mercantilismo misto, ou seja, comercial e industrial. MERCANTILISMO E FORMAÇÃO DO SISTEMA COLONIAL A principal dificuldade do mercantilismo residia na necessidade que todos os países tinham de manter uma balança comercial favorável, ou seja, todos queriam exportar, porém nenhum gostava de importar.
Para solucionar este problema e que será montado o Sistema Colonial. As áreas coloniais, mediante o
denominado pacto colonial, auxiliava a Europa no processo de acumulação de capitais ao vender - a preços muito baixos - matéria-prima e comprar - a preços elevados, os produtos manufaturados.
CONSEQÜÊNCIAS O processo de acúmulo de capitais, impulsionado o capitalismo; A formação do Sistema Colonial Tradicional ( séculos XVI/XVIII); O desenvolvimento do escravismo moderno, onde o escravo é
visto como mão-de-obra e mercadoria.

O lado feminino do Brasil colonial

O lado feminino do Brasil colonial
Como era a vida das mulheres no século XVI, enfrentando os preconceitos e os tabus trazidos pelos colonizadores portugueses.
Não era nada fácil ser mulher no século XVI, enfrentando os preconceitos e os tabus trazidos pelos colonizadores portugueses.

Por Januária Cristina Alves
Quando os portugueses descobriram o Brasil, em 1500, conquistaram um mundo milhões de quilômetros quadrados de terra fértil, um éden desconhecido de madeiras, frutas e raízes comestíveis, e um subsolo riquíssimo. Mas deram pouca atenção ao novo território, e quando resolveram colonizá-lo para valer, já em meados do século XVI, assustaram-se com o que viram. Os poucos brancos, negros e índios que aqui estavam haviam aprendido a viver longe da civilização, numa sociedade que parecia confusa aos olhos dos portugueses. Uma versão primor-dial do samba do crioulo doido, pode-se dizer.
Casamento, por exemplo, praticamente não havia. Pelo menos na forma como se entendia na Europa. Homens e mulheres viviam em concubinato, amaziados, ou sob diversas outras variantes da vida em comum. Ainda no século XVIII, o índice de concubinatos era altíssimo: alcançava 80% dos casais na Bahia, mais de 70% no Rio de Janeiro e em torno de 50% em São Paulo. Apenas entre as classes mais abastadas havia casamento convencional, que mantinha intacto o patrimônio da família e assegurava proteção às filhas após deixarem a casa paterna. Fora dessa minoria absoluta, ninguém casava mesmo.
E, nisso, as mulheres não só não tinham o aval da Igreja e do Estado, como não seguiam regras convencionais: trocavam de homem quando lhes aprazia e tinham filhos com quem achavam melhor. Elas certamente escolhiam um companheiro único, muitas vezes; mas ele freqüentemente partia atrás de trabalho, pouco tempo depois, deixando mulher e filhos. Estes, por sua vez, tinham muitas mães, isto é, não eram criados apenas pela mãe biológica. Ajudavam nessa tarefa comadres, tias, avós e vizinhas, numa espécie de maternidade informal e coletiva: todo mundo tomava conta de todo mundo.
As mulheres acostumaram-se, sem problema algum, a criar os próprios filhos e os de seu marido com outras mulheres, tanto quanto os filhos de outros homens com outras mulheres. O que importava era a rede de solidariedade estabelecida entre a mulher e a sua prole, explica a historiadora Mary Del Priore, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo. Estudiosa dos assuntos femininos do presente, Mary mostrou que a mulher brasileira tem nada menos de 300 anos ou seja, os seus hábitos atuais e maneira de ser foram moldados, na verdade, a partir do século XVI.


Isso aconteceu justamente durante o conflito entre os colonizadores portugueses e a sociedade inicial do Brasil. Antes de mais nada, é preciso dizer que os primeiros brasi-leiros certamente tinham regras sociais, com deveres e direitos muito claros, ditados pela própria comunidade. E eram boas regras: ser boa mãe e mulher, por exemplo, incluía a obrigação de tomar conta das crianças de toda a comunidade. O problema é que os portugueses eram ignorantes, por assim dizer, do ponto de vista da antropologia. Não estavam acostumados e não compreendiam aquelas normas e pretendiam impor os seus próprios padrões de conduta, em lugar dos que existiam no país.

Queriam colocar a casa em ordem, e logo perceberam que uma forma de fazer isso era instituir o casamento à européia. A partir daí, a Igreja e o Estado passaram a remodelar o papel da mulher naquela sociedade, tentando convencer a população das vantagens do casamento. Mas começaram instituindo proibições de todos os tipos, determinando o que era certo e o que era errado para uma mulher direita. Um recurso bem prático, usado então, eram as altas multas que o Estado cobrava pelos concubinatos, em contraposição ao baixo preço dos casamentos celebrados pela Igreja.
A campanha do certo e do errado, porém, era mais profunda. Basta ver que no Brasil de 1650 não existiam tabus como o da virgindade obrigatória até o casamento. Quebrado em tempos modernos, esse tabu ainda estava por nascer em 1600, e até o século XVIII era difícil achar alguém que se casasse sem antes ter tido relações sexuais. Mas o motivo era bem diferente do atual. É que, naquela época, ter filhos era muito importante. A mulher precisava provar ao homem que era fértil, engravidando antes do compromisso, uma regra consentida por toda a comunidade inclusive pela Igreja, desde que tudo terminasse em casamento.
Vem daí, na verdade, a conhecida expressão vá se queixar ao bispo, porque quando o noivo fugia, deixando a donzela grávida, ou já com filhos, esta ia reclamar ao bispo, que então mandava alguém atrás do fujão. O casamento era obrigatório mesmo se a mulher não desse filhos ao homem, na tentativa pré-nupcial. Só que, então, conta Mary, vivia em separação de cama e mesa. Significava que o marido podia repudiar a mulher, com a qual já não teria relações sexuais, se não quisesse, ficando autorizado, pelo menos em princípio, a ter filhos com outra. Sua própria mulher, porém, estava obrigada a continuar fiel.
Esse tratamento desigual devia-se às idéias da época, segundo as quais a falta de filhos era problema exclusivo da mulher; a infecundidade jamais decorria do homem. Hoje, é claro, sabe-se que não é assim, mas no passado a ciência médica avalizava cabalmente a opinião errada, disseminada por toda a sociedade. E, com isso, a medicina ajudou a Igreja a incutir na mentalidade da mulher tabus como o da virgindade e outros. Também a literatura contribuiu para essa mudança radical de costumes, já que a Igreja popularizou seus conceitos de certo e errado por meio de folhetins, por exemplo os quais, mais tarde, dariam origem à literatura de cordel.
Além disso, surgiram os manuais de confessionário, onde até os beijos eram qualificados. Havia beijos aceitáveis, intermediários e inaceitáveis pela mulher direita. O beijo com sensação de seda, que se dava no nariz, não era tão sério: purgava-se com cinco pais-nossos e cinco ave-marias, segundo os manuais da Igreja. Muito mais grave era o beijo com sensação de veludo, associado ao genital feminino, purgável de joelhos, após um rol muito maior de orações. Em resumo: foi preciso modificar milhares de regras. E, o que é pior, numa era de grande liberdade, em que os afetos e o namoro eram públicos, aconteciam nos quintais, nas redes, nas festas religiosas.
Então veio a Igreja dizendo que tudo isso era pecado, diz Mary. Ela perseguiu o cantar, o dançar, tudo o que era vida, qualquer exercício da libido. As relações sexuais, na visão dos teólogos, excluíam o prazer por ter uma função escatológica: isto é, serviam para a salvação da alma por trazer crianças ao mundo. Afirmavam que a única posição permitida era com o homem por cima, a mulher por baixo. Afinal, imaginavam, as mulheres enlouqueciam em cima dos homens. Alardeava-se também que a posição em que a mulher fica de quatro dava origem a crianças aleijadas.
A própria paixão era combatida porque, supostamente, botava o casamento de ponta-cabeça. Amor era um sentimento que se devotava exclusivamente a Deus; ao marido, a mulher devia mera obediência, reverência e temor. O marido, por sua vez, deveria sentir apenas piedade da esposa. Um casamento nesses moldes, sem excitação ou afeto, era considerado ideal. Indiretamente, então, reforçou-se o papel da prostituta na sociedade colonial. Ela já existia, é verdade, quando os portugueses voltaram para a colonização. No período posterior, porém, não havia situação intermediária: ou a mulher era da casa ou era da rua.
Ou era a santa mãezinha ou a prostituta, como classifica Mary, para quem essa duplicidade ainda existe. O arquétipo dessas duas mulheres ainda é muito forte, na sociedade moderna. De qualquer forma, já não é tão difícil fugir à pecha de mulher da rua, pois no passado nem ser casada resolvia: era preciso parecer casada, ou seja, vestir-se, falar e portar-se como tal. Nada de decotes ou panos diáfanos sobre os seios. Nada de mostrar os dedos do pé, muito eróticos. Nada de perfume ou maquilagem. Era vaidade condenável tanto sorrir demais e mostrar dentes bonitos, como sorrir de menos para não mostrar dentes ruins. Ficar à janela era coisa de mulher melancólica.
As prostitutas, por sua vez, foram afastadas do convívio com a comunidade. Antes viviam como as outras mulheres, trabalhando em casa, cuidando dos filhos e dos pais desvalidos. Depois, sofreram dura perseguição. Mas isso não impediu que fossem procuradas pelos homens em busca do prazer e do divertimento vivamente desaconselhados dentro do lar. As prostitutas dançavam, cantavam, vestiam roupas provocantes e, é claro, tinham relações sexuais com a liberdade de sempre. As celibatárias também não eram aceitas. Seu maior pecado era não terem filhos, que o Estado e a Igreja incentivavam devido à necessidade de braços para a lavoura.
Elas se enquadravam em duas categorias. À primeira pertenciam as luxuriosas, que faziam tanto sexo que não tinham tempo para gerar filhos. À segunda, as melancólicas, para as quais tudo era tormento, como diz um documento da época. O texto acrescentava que essas mulheres degeneravam num furor amoroso, que as faz entregar-se a toda sorte de indecências, tanto em seus atos como em suas palavras Os castigos recomendados iam de banhos frios à ingestão de ácidos, ou qualquer outra coisa que, no entender da Igreja, pudesse acalmar o furor. Em casos mais graves, permitia-se até a masturbação para evitar o pior: que a celibatária buscasse sexo fora do casamento.
Dito tudo isso, no entanto, seria errado concluir que esse novo modo de vida tenha sido imposto sem que a mulher resistisse como podia. Na verdade, ela entrincheirou-se no próprio lar ao qual, em decorrência da nova ordem, estava de certa maneira presa. Aí, foi adquirindo conhecimentos muito específicos: sobre doenças, ervas curativas, o parto, o aborto e, enfim, sobre o seu próprio corpo. Não admira que isso lhe tenha valido, muitas vezes, a qualificação de feiticeira ou bruxa, pois esses conhecimentos contrapunham-se aos dos médicos, em particular, e aos dos homens, em geral. Mesmo porque, algumas das assim chamadas bruxarias eram poções para conquistar os homens, fossem amantes desejados, ou maridos pouco fiéis. E tanto mais atemorizantes porque se empregavam os mais terríveis ingredientes, como pêlos púbicos, suores, sangue menstrual, líquidos vaginais e assim por diante. A disputa com os médicos era menos direta, talvez, mas nem por isso menos intensa.
A popular figura da parteira fortaleceu-se, então, conferindo a essas mulheres respeito e poder num momento em que o parto era fundamental, pois era importante povoar a nação. Nesse campo, as parteiras concorriam com os médicos, não raro vencendo as pelejas. Ao longo dos séculos, tudo mudou, e aquela sociedade do passado, de uma forma ou de outra, não voltaria a existir. Mas o futuro não foi imposto, apenas: foi construído dentro do conflito e, pelo menos em parte, o tiro saiu pela culatra de claustro para as megeras domadas, o lar transformou-se em território dominado pela mulher, quartel-general de onde ela saiu, três séculos depois, para assumir novos espaços na sociedade.

Mergulho no passado


Analisando toda a história desta mulher colonial, não podemos ver a brasileira como vítima nós nunca fomos vítimas, afirma com entusiasmo Mary Del Priore. Ela sabe do que está falando. Aos 58 anos, divorciada, mãe de dois meninos e uma menina, Mary é professora e pesquisadora da USP, dá aulas regulares como convidade na Universidade de Sorbonne, em Paris, e seu trabalho, hoje, tornou-se referência importante para o movimento feminino no Brasil. Isso porque mergulhou como ninguém na história da mulher no Brasil-Colônia.
Conseguiu, assim, levantar dados para provar, entre outras coisas, que a divisão dos papéis femininos começou naquele período. Até o final do século XVII, a mulher exerceu todos os papéis simultaneamente. Hoje ela se sente dividida, cheia de culpas e medos de ser a mãe, a esposa, a profissional, a amante. Entender por que se encontram nessa situação, ajudaria as mulheres a assumirem novas posturas, voltando a ser inteiras, acredita a historiadora.
fonte: http://super.abril.com.br/superarquivo/1994/conteudo_114103.shtml

A origem do casamento na idade média

A origem do casamento na idade média
Os casamentos medievais estiveram na origem de algumas das actuais tradições ligadas ao casamento. Neste tempo em que a Fé dominava os acontecimentos artísticos, intelectuais, sociais e políticos, o casamento era claramente do domínio da Igreja
A maioria das mulheres da nobreza casava antes dos 19 anos, e os seus noivos eram, regra geral, muito mais velhos que elas.
As Leis do Casamento
Foi durante a Idade Média que as leis do casamento iniciaram a sua evolução.
Em 1076, o Concílio de Westminster decretou que nenhum homem devia entregar a sua filha a alguém sem a bênção de um sacerdote.
Mais tarde, foi decretado que o casamento não devia ser secreto, mas antes um acto público.
No entanto, apenas no século XVI, o Concílio de Trento decretou que o casamento devia ser obrigatoriamente celebrado por um sacerdote.
Muitas das vezes o casamento significava a celebração de um contrato entre os noivos, estipulando os direitos de cada um. A herança e a propriedade eram os principais motivos que fundamentavam estes casamentos arranjados.
É claro que também existiam casamentos por amor, mas estes verificavam-se sobretudo entre as classes sociais mais baixas.
Nesta época, a separação dos casais era tolerada e, embora não houvesse divórcio legal, a anulação do casamento era possível, mediante circunstâncias especiais.


As Tradições Medievais
O Vestido de Noiva
Contrariamente à tradição actual, o vestido de noiva não era branco.
O azul era o símbolo tradicional da pureza, embora o vestido pudesse ser de qualquer outra cor.
É também na Idade Média que a liga passa a ser parte integrante da indumentária de uma noiva.
As Flores
Os Cruzados que regressavam da Terra Santa trouxeram consigo uma tradição Islâmica: a flor de laranjeira.
Estas flores eram, no entanto, muito caras e apenas os nobres as podiam comprar.
O Bolo de Noiva
O bolo de noiva teve a sua origem numa antiga tradição Romana que consistia em partir um pequeno pedaço de pão sobre a cabeça da noiva, a fim de lhe desejar fertilidade.
O bolo de noiva de "andares" teve a sua origem na Idade Média.
Era costume os convidados trazerem pequenos bolos que eram colocados uns em cima dos outros. Os noivos tentavam então beijar-se sobre os bolos sem os derrubar para dar sorte e prosperidade.
Os Presentes de Casamento
Na Idade Média, pelo menos três presentes de casamento eram trocados:
- A família da noiva era responsável pelo dote da noiva;
- À família do noivo cabia o papel de dar aos noivos uma casa apropriada, bem como um rendimento adequado;
- O sacerdote que celebrava o matrimónio recebia o terceiro presente.
Os presentes de casamento incluíam ainda pequenas peças de mobiliário que o noivo oferecia à noiva na manhã após o casamento ser consumado. Este "presente da manhã" ou "oferta de agradecimento" era dado para compensar a noiva pela perda da sua virgindade.
A Festa de Casamento
Os casamentos medievais, quando celebrados entre membros da nobreza, tinham muitas vezes lugar nos seus castelos. Eram grandes festas com vários divertimentos e comida farta. Nesse dia, os mendigos vinham de longe para receberem as sobras do banquete e era tradição o senhor do castelo libertar alguns prisioneiros.
Entre os camponeses os casamentos eram celebrados na casa da noiva. Toda a aldeia se reunia para festejar a ocasião e presentear os noivos com alguns utensílios de madeira e outras ferramentas.
Como não havia dinheiro para alianças, era tradição que uma moeda partida fosse dada à noiva, sendo a outra metade entregue ao noivo.
Outra tradição era atirar sementes ou grãos de trigo aos noivos para lhes desejar uma família numerosa.
Independentemente da classe social, o casamento era sempre um acontecimento grandemente celebrado. Havia sempre um banquete para celebrar a ocasião e nele podiam ser servidos até seis pratos diferentes!
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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

AS PALAVRAS DE DEUS











Enfraquecido, curvado sob o peso da idade, o velho Rá está venerável as menores doenças. Certa manhã, um peso insuportável comprime seu crânio, uma dor lancinante o domina. Seu estado deplorável inquieta os que o cercam, e alguns deles decidem orar ao deus Thot, o Íbis sagrado, pedindo que venha socorrer seu amo.

Thot vai à cabeceira da cama onde repousa o deus solar. Depois de descobrir a natureza do mal, pronuncia solenemente algumas palavras mágicas, e o poderoso encantamento vence a doença, que de imediato cede ante a magia de thot, o que cura.
Senhor da voz, mestre da palavra, esse deus é famoso em toda a parte por seus profundos conhecimentos em todos os domínios, até os mais misteriosos. Venerado em vários santuários (principalmente em Hermópolis),Thot o sábio as vezes é representado como um grande babuíno branco, às vezes como um Íbis. Seu espírito criativo produz invenções o tempo todo. Mal acaba de criar os diferentes idiomas humanos. Já está imaginando os algarismos, o cálculo, a geometria e a astronomia. Depois, resolve medir o tempo e cria o primeiro calendário. Sua mente engenhosa também dá origem aos jogos de xadrez e de dados. Um dia, é atormentado por uma idéia: a vida seria mais simples se fosse possível anotar, por meio de signos com os quais todos concordassem,os pensamentos e acontecimentos que se desejasse conservar! Thot se concentra nesse problema e acaba por resolvê-lo: o deus-íbis inventa a escrita. Esse saber, no entanto, de nada adianta se não for divulgado. Thot, por ser bom e desejar ardentemente que suas criações sejam úteis aos egípcios, resolve ir a para Tebas, a cidade nobre, de onde Amon – Rá domina todo país. Dirigindo com eloqüência ao deus soberano, mostra-lhe sua descoberta e esforçar-se por demonstrar como elas poderiam beneficiar todo o povo. Amon o interroga durante muito tempo e pede inúmeras explicações. Algumas invenções parecem-lhe extremamente úteis, outras Amon-Rá considera supérfluas. Finalmente, a discussão recai sobre a escrita.
- Essa – diz Thot – é minha melhor idéia. Vai permitir que os egípcios adquiram e perpetuem uma ciência inigualável. Graças à ela , poderão guardar a lembrança de todas as coisas. A escrita vai acabar com a ignorância e evitar o esquecimento.
Amon discorda
- Thot grande espírito luminoso, creio que te enganas e que tua engenhosa descoberta será nefasta! Sem a necessidade de exercitar a memória, os homens esquecerão tudo. Ao confiar na escrita, não mais se sentirão obrigados a guardar as coisas, sabendo que tudo poderão decifrar-se por meio de teus signos...Além disso, vão considerar-se competentes em múltiplos domínios nos quais, sem os escritos, seriam fracos e incapazes. O que está dando a eles é apenas um saber falso e sedutor. Mas apesar de suas reservas, Amon decide colocar todas as invenções de Thot à disposição dos egípcios.











OS DISCIPULOS DE THOT
Uma velha árvore estende sua ramagem imponente no meio do salão sagrado do templo de Aton- Rá, em Heliópolis. Nesse santo lugar, Thot e a deusa Seschat, mestra da escrita e soberana da casa dos livros,dedicam-se a uma tarefa curiosa. Nas folhas da árvore, inscrevem o nome de cada um dos monarcas que reinaram sobre o Egito. Assim, a lembrança dos reis e de seus feitos passará a posteridade. A exemplo dessas divindades, os egípcios escrevem muito: anotam tanto os acontecimentos históricos mais importantes quanto aos fatos mais corriqueiros. Os que conhecem a escrita, chamada “palavra do deus”, gozam de consideração e poder – os escribas são os colegas terrestres de Thot. Qualquer pai gostaria de ver seu filho dedicar-se a essa carreira.

É nisso que pensa o velho letrado Duauf, enquanto leva o filho Pepi a escola para realizar os longos e difíceis estudos que farão dele um funcionário do faraó. Antes de se separarem, o velho aconselha o menino.
- Meu filho, dedique-se aos livros de todo o coração, ame-os como a sua própria mãe, pois não há nada mais importantes. Todos os ofícios são cheio de inconvenientes e miséria. Apenas o homem instruído, aquele que se dedica a função de Thot, a nobre carreira das letras, pode usufruir uma felicidade profunda e duradoura.
Pepi sempre se lembrará dessas recomendações,que, no decorrer dos anos de escolas, os professoras não deixarão de repetir. É claro, melhor ser escriba do que suportar as tristezas da vida de um soldado ou existência modesta de um camponês... Ao termino de sua penosa educação, Pepi assumirá as funções num dos escritório da administração real. Lá sob a efígie de um babuíno branco,trabalhará com dedicação, sem se esquecer de, todos os dias, reverenciar e honrar Thot, o secretário dos deuses. E será considerado um homem importante e respeitável, detentor de um saber inacessível aos demais.













OS HIERÓGLIFOS
Os hieróglifos, a escrita sagrada dos egípcios, constituíram durante muito tempo um mistério indecifrável. Desde a antiguidade, causavam admiração nos viajantes gregos, entre os quais o famoso historiador Heródoto. Segundo a mitologia, os hieróglifos foram inventados por Thot, o deus da sabedoria. Talvez ele tenha sido mesmo sábio, ao reservar certos conhecimentos secretos a alguns iniciados e escondê-los do grande público. Tal parece ter sido o ponto de vista dos escribas, os únicos que conseguiam ler os sinais enigmáticos, grafados da direita para a esquerda. Essa fascinante forma de escrita sempre intrigou os pesquisadores. Apenas no século XIX um jovem francês, Champollion, conseguiu decifrar definitivamente o enigma dos hieróglifos.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

BRASIL NA IDADE DO OURO



O aparelhamento inicial da mineração eram a bateia e o almocafre.Alguns mineradores mais ricos aperfeiçoaram os métodos de extração de ouro e conseguira, ainda o controle dos leitos dos rios, onde o ouro se depositava.




BRASIL NA IDADE DO OURO
Na época do descobrimento do Brasil, os portugueses tinham todo o interesse voltado para os presumíveis metais preciosos da nova colônia. E, enquanto essas riquezas sonhadas não brotavam da terra, a coroa decidiu a exploração agrícola do solo brasileiro. O plantio de cana e a produção de açúcar tomaram quase cem anos. Somente no fim do século XVI apareceram ouro, pratas e outros metais, em pequena quantidade, na capitania de São Vicente.
O rei de Portugal,ao tomar conhecimento do achado, decepcionou-se com a pobreza das minas e hesitou em tomar providências mais sérias para explorá-las. O equipamento necessário não era caro; constava de uma enxada pontuda –o almocafre – facilmente substituível por qualquer instrumento da lavoura, e de uma gamela de pau – a bateia - que servia para lavar a terra e separar os grãos do ouro. Esse equipamento, porém era muito rudimentar. Para viver exclusivamente à custa das riquezas minerais do Brasil, a metrópole precisava de instrumentos mais aperfeiçoados, de uma sólida organização de trabalho, de muitas pessoas e animais. Tudo isso pesaria enormemente no tesouro português. E o rei não desejava arriscá-lo para explorar minas de tão acanhado porte.
Só quando se descobriram maiores jazidas, ao sul de São Vicente, é que Portugal se animou a organizar uma exploração sistemática e bem aparelhada. Entre 1586 e 1604, uma verdadeira multidão de mineiros,fundidores,ferreiros e outros trabalhadores especializados aportaram no sul do Brasil, devidamente equipados para exercerem suas funções. Nessa época , as lavras de São Paulo,Parnaíba,Curitiba e Paranaguá desempenharam um papel preparatório para a grande idade do ouro no Brasil.

AS LAVRAS DE CUIABÁ.

Alguns trabalhadores do ouro se viam, de uma hora para a outra, donos de importantes jazidas. Foi o que aconteceu a um certo Miguel Sutil, modesto comerciante nas cercanias de pequenas lavras do Sertão do Mato Grosso. Enviou ele dois escravos em busca de mel e recebeu de volta pepitas de ouro, achadas ao acaso.
As lavras de Cuiabá formaram juntamente com outras próximas, o primeiro núcleo minerador de fama. Sua celebridade atravessou os limites do Brasil e chegou a Portugal,chamando atenção para a colônia. Pessoas de variadas classes e tipos afluíam as lavras de Miguel Sutil, pobres ricos e nobres e plebeus,negros, brancos,escravos e índios. A terra tornou-se campo de arrojadas aventuras, e nela a vida era um oficio altamente inseguro e perigoso. Raro era o dia que acabava sem um crime. A morte era um fato comum, e o modo mais banal de morrer era assassinado ou de fome, o roubo não causava espanto. Roubavam os negros, os brancos, os índios. Até os padres roubavam. A desordem chegou a tal ponto que só os viajantes munidos de passaporte podiam entrar em Cuiabá. Mas um passaporte não era difícil forjar. Não havia proibições nem decretos instransponíveis. Impostos, taxas e quintos eram sonegados a coroa. De todo modo se burlava o governo e suas determinações.



As igrejas construídas em Minas Gerais eram cuidadosamente decoradas. As magnificas talhas dos templos barrocos atestam a riqueza dessas construções(Sabará, Igreja de N. Sª da Conceição).


AS RIQUEZAS DAS GERAIS.
O trato de todo um século com metais preciosos. Foi escola para muitos homens,que se tornaram aptos a reconhecer os maiores tesouros, só descobertos na última década do século XVIII. Durante sete anos(1674 – 1681),Fernão Dias Pais, acompanhado de seu filho, Garcia Pais, do seu genro, Manuel da Borba Gato, e de dezenas de índios e negros,embrenhou-se pelos sertões da parte centro-sul do Brasil. Não descobriu as esmeraldas e pratas que buscava, mas abriu caminho para outras expedições e contribuiu para a formação dos primeiros arraiais mineiros.
A região fascinava os sonhadores do ouro. Em 1693, o paulista Antônio Rodrigues Arzão entrou pelos sertões das Gerais à procura de índios para escravizar, e descobriu ouro. Cinco anos depois,outro paulista, o Taubaté ano Antônio Dias de Oliveira. Descobriu o precioso metal em vila Rica , hoje Ouro Preto. As ricas jazidas imediatamente



atraíram para lá numerosas expedições. Ao saber das boas noticias,Portugal respirou aliviado e criou novo alento: suas finanças minguavam inexoravelmente, e o ouro brasileiro podia não só devolver à metrópole o passado esplendor, como ainda levá-la a um fausto maior. Mas o Brasil , como colônia ,continuou muito pobre até o século XVIII. As pessoas, estas sim, ficavam cada vez mais ricas. Segundo o historiador português Pinheiro Chagas, “a metrópole fazia quando podia, não para enriquecer e desenvolver a colônia, mas para sugar os recursos desse vasto território, tomando sempre a maior cautela em não deixá-la crescer em opulência e bem estar”.


GENTE PARA AS GERAIS

Na primeira fase do povoamento das Gerais, o governo português tentou, em vão, regular ou impedir as correntes de forasteiros que para lá rumavam à cata de riquezas. Entre eles estavam numerosos contrabandistas, inclusive padres, que causavam sérios prejuízos ao tesouro real. A metrópole temia tanto perder seus lucros, que procurou criar os maiores os maiores obstáculos a mineração nas regiões onde era difícil fiscalizá-la. Em 1738, um decreto do governador das Minas do Ouro determinava a prisão de todos os religiosos, que lá estivessem, sem emprego, ou sem licença. Mas esse decreto,como muitos outros, não foi cumprido. Ao contrário,contribuiu para a proliferação de irmandades e confrarias que, para justificar sua permanência na terra,alegavam estar incumbidas de catequese e de construção de igrejas.
Os 50 mil indivíduos que, segundo os cálculos, habitavam as Gerais em 1705, não se dedicavam apenas a mineração. O comércio era uma atividade excepcionalmente lucrativa , e muitos enriqueceram exercendo-a. outros, em compensação, caíram na miséria,perdendo o muito ou o pouco que tinham quando lá chegaram. Como num jogo de azar, nem sempre ganhava o mais capaz, e sim o mais afortunado.

O desenvolvimento das Gerais provocou desequilíbrio econômico nas regiões próximas. No Rio de Janeiro, plantações inteiras ficaram abandonadas, com a deserção de mais de mil homens que foram contribuir para o povoamento da zona do ouro. Com isso, o abastecimento da colônia ,já deficiente,tornou-se ainda mais precário.



As expedições que partiam em busca do ouro das Minas Gerais reuniam as mais diversas espécies de pessoas. Todos queriam tentar a sorte e ganhar fortunas.



O ÁRDUO TRABALHO
No início cavava-se o chão com o almocafre e lavava-se a terra nas bateias até separar os grãos de ouro. Com a descoberta de grandes riquezas auríferas, surgiu a necessidade de instalações mais complexas e mais caras. Fizerem-se escavações mais profundas, com galerias suportadas por fortes estruturas de madeira. Aos poucos, o trabalho foi exigindo mais braços. Compraram-se novos escravos, contrataram-se novos empregados. A posse de escravos era, alias, sinal de elevada posição social: quanto mais escravos tivesse,mais importante e poderoso era um senhor, pelo menos aparentemente. Na maioria das vezes a aparência era realidade, pois a grande escravaria assegurava, com maior trabalho, mais lucro, que assim permitia comprar mais escravos, aumentar os lucros, crescer perante a sociedade, mandar os filhos à corte estudar, tornar-se nobre e fidalgo.

Quando a exploração do ouro começou a exigir maior capital, muitos mineradores tiveram de abandonar sus misteres e, com eles, seus sonhos de fortuna. Só os que já eram ou tinham ficado ricos puderam continuar trabalhando na cata de ouro. A valorização das terras dependia de seu potencial aurífero. Estes esgotados, as terras eram abandonadas como inúteis. Quando seus exploradores se tornaram numerosos, não eram mais proprietários – a menos que comprassem a terra. Recebiam concessão para minerar até exaurir-se o veio. Ao ocorrer isso, podiam obter nova concessão para explorar outros locais.




A fiscalização das minas era feita por um guarda –mor e, às vezes, por um superintendente, com jurisdição civil e criminal. Em 1709, as minas ganharam um governador e capitão – geral: Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho. Foi criada a capitania independente de São Paulo e Minas Gerais do Ouro, com sede na então vila,e depois cidade de São Paulo (1711).

O PROBLEMA DO ALIMENTO.
Com a explosão populacional nas regiões do ouro, surgiu o problema do abastecimento, ligado a lavoura e ao transporte. O centro minerador, situado no interior do País, inicialmente o governo hesitou entre criar núcleos agrícolas nos sertões ou transportar gêneros alimentícios do litoral para as lavras. Acabou optando pela segunda alternativa. Organizou-se em Minas Gerais o comércio de muares, proveniente do sul , e que substituíram os antigos carregadores escravos – índios e negros. Assim, o litoral prosperou com o comércio de gêneros alimentícios e o sul com o comércio de animais de carga, que transportavam não só alimentos, mas também mercadoria de luxo ao gosto europeu, adquiridas pelas pessoas mais ricas.



A mineração no Brasil aos poucos transformou a organização da sociedade. Um simples funcionário público podia comprar escravos e enriquecer.


O CAMINHO DO OURO.

O conjunto de lavras que constituiu a capitania das Minas Gerais formou-se em três etapas sucessivas. Na primeira, surgiram as cidades de São João del – Rei, São José Del – Rei, Vila Rica e Mariana, Caeté,Sabará,Vila do Príncipe e arraial do Tejuco(nesta última foram descoberto diamantes). Na segunda etapa surgiram as lavras de Mato Grosso. Na terceira, o foco de irradiação foi a mineração praticada em Goiás.
As regiões auríferas mais exploradas eram Brumado,Gualacho do Norte, rio Pardo, rio das Mortes, que forneciam ouro em abundância para o Rio de Janeiro. A Portugal pagava-se o que era devido por lei (o quinto do ouro lavrado, além de outros tributos), mas a lei sempre era burlada de algum modo. Se não fosse, Portugal provavelmente não teria lugar para tanta riqueza. Em 1699 recebeu 725 quilos de ouro. Em 1785, 1785 quilos. Em 1703, 4350 quilos. Mas todo esse ouro não ficava nos cofres portugueses: a maior parte ia abastecer o tesouro britânico. Portugal, temeroso da ofensiva de outros paises mais fortes, que também cobiçavam sua dourada colônia, havia-se aliado à Inglaterra, que habilmente acabou por submetê-lo. Por meio de tratados e acordos alfandegários, Portugal se viu na dependência econômica dos ingleses e pagavam em ouro as dividas sobre os produtos manufaturados que importava.

O SÉCULO DO EXPLENDOR

Durante o século XVIII a febre do ouro tomou conta de todos. Não havia quem não se embrenhasse nos sertões à procura de fortuna. O Brasil conheceu então um esplendor que assombrava a própria Europa. A colônia, agora enriquecida,já não dependia tanto da metrópole. O monopólio comercial da coroa ia aos poucos dando lugar a uma participação de lucros.
Politicamente começava a correr o desejo de cortar os vínculos que prendiam o Brasil a Portugal. Nas Minas Gerais, centro do ouro, formou-se um inquietante núcleo de conspirações e revoltas contra a coroa.
Profunda modificações sociais se efetuaram. Na época da cana-de- açúcar havia praticamente só duas classes sociais: o senhor e o escravo. O ouro criou uma terceira intermediária , formada de pequenos mineradores, artesão, comerciantes,intelectuais e funcionários da administração. O trabalho escravo também se diferenciou: às vezes se fazia afastado do proprietário, as vezes sob suas vistas,às vezes até por conta própria.
A população brasileira, do século XVII ao XVIII,crescera dez vezes mais com multidões que provinham de toda parte da colônia e do exterior, e se concentravam sobretudo nas regiões auríferas. A abertura de uma ampla frente de povoamento promoveu o desenvolvimento das vias de comunicação por terra. As minas ficaram ligadas a São Paulo,



Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso,Bahia e a zona da Bacia da Prata, de onde recebiam grande levas de muares. Em 1763, a sede política da colônia foi deslocada de Salvador para o Rio de Janeiro, a fim de controlar mais de perto as atividades na zona do ouro e usufruir prontamente seus benefícios.
Ao terminar o século XVIII, a febre do ouro havia passado. Os grandes veios não mais produziam como antes. Dessa época de glória ficaram faustosas igrejas e imponentes edifícios,atestado permanente das áureas grandezas do Brasil colônia.



Vila Rica, núcleo minerador dos mais famosos, foi centro de grande desenvolvimento. Ali se concentraram os intelectuais que no último decênio do século XVIII organizaram a Inconfidência.