terça-feira, 25 de agosto de 2009
História - 6ª série.
As grandes viagens por mar e a exploração de terras desconhecidas constituíram, desde a antigüidade, um dos principais empreendimentos da humanidade. Durante o século XV, o sonho de um navegante, Cristóvão Colombo, e a necessidade de abrir novos horizontes aos mercados europeus tornaram possível um dos maiores feitos da história universal: a descoberta do Novo Mundo. São muitas as hipóteses sobre a nacionalidade de Colombo, geradas pela insistência de alguns biógrafos em ocultar sua procedência, possivelmente humilde, e pelas ambíguas declarações do navegador com respeito a suas próprias origens. O assunto parece ter sido esclarecido com o testemunho da Raccolta colombina, documento que atesta a procedência genovesa da família Colombo, e do Documento Aseretto, ata notarial em que um indivíduo chamado Cristoforo Colombo declara ser natural de Gênova. Filho do tecelão Domenico Colombo e de Suzanna Fontanarossa, Cristóvão Colombo (Cristoforo Colombo) nasceu em Gênova, em 1451. Pouco se sabe sobre sua vida no período que precedeu a descoberta da América. Acredita-se que sua vocação tenha sido sempre a navegação e que iniciou muito cedo, aos 14 anos, a vida de marinheiro. Participou de diversas expedições pelo Mediterrâneo e completou sua experiência náutica com a leitura de obras sobre viagens. Numa expedição pesqueira de que participou aos 25 anos de idade, transpôs o estreito de Gibraltar. Com o naufrágio do barco em que viajava em águas próximas ao litoral português, transferiu-se para outra embarcação e iniciou uma longa viagem pelas ilhas Britânicas até a Islândia. Em seguida fixou residência em Lisboa, onde se casou com a filha de Bartolomeu Perestrelo, donatário da ilha de Porto Santo e profundo conhecedor de tudo que até então se escrevera sobre viagens. Além de aprofundar seus estudos, Colombo prosperou na marinha mercante. Suas viagens à Inglaterra, França e Islândia fizeram dele um navegador experiente, preparado para as descobertas. Por meio da correspondência que mantinha com o geógrafo florentino Paolo de Toscanelli, convenceu-se de que era muito pequena a distância entre o extremo ocidental da Europa e o extremo oriental da Ásia, e acredita-se que tenha estudado mapas que indicavam a existência de terras a oeste da Europa. Nessa época, a tese da esfericidade da Terra tinha já o apoio dos estudiosos. Em 1484, com um bem estruturado plano de viagem, Colombo obteve uma audiência com D. João II, rei de Portugal, a quem pediu uma frota para viajar na direção do oeste, com o objetivo de chegar às Índias, terra dos metais preciosos, sedas e especiarias. Aconselhado pela comissão encarregada de examinar o projeto, o monarca rejeitou o pedido de Colombo, que logo depois enviuvou. Partiu então com o filho Diego com destino à Espanha. A primeira etapa da viagem de Colombo levou-o ao convento de Rábida, próximo ao porto de Palos, onde conheceu os frades Juan Pérez e Antonio de Marchena, que se interessaram pelo projeto e o aconselharam a falar diretamente com os reis Fernando e Isabel. Seus planos foram então submetidos a uma junta de navegantes e sábios que acabou por rejeitá-los. Colombo transferiu-se para a cidade de Córdoba, onde se casou novamente e nasceu-lhe o segundo filho, Fernando, que seria um de seus primeiros biógrafos. Uma nova recusa de seu projeto pelos reis espanhóis deixou Colombo profundamente decepcionado, mas em Rábida obteve dos padres Pérez e Marchena a promessa de que voltariam a interceder por ele junto aos soberanos. Nessa época, Colombo travou conhecimento com Martín Alonso Pinzón, que passou a ser um valioso aliado. Em 1491, Colombo conseguiu uma nova audiência com os reis católicos, graças aos esforços dos religiosos de Rábida. Isabel ordenou que o projeto fosse mais uma vez submetido a seus conselheiros, que acabaram por aprová-lo. Em 17 de abril foram assinadas as Capitulações de Santa Fé, documentos que conferiam a Colombo e seus descendentes a posse das terras descobertas, a décima parte das riquezas que conquistasse e lhe concediam o vice-reinado e o governo dos territórios. O navegador foi também nomeado almirante, com todas as prerrogativas dos almirantes de Castela. O prestígio e a autoridade de Martín Alonso Pinzón e de seu irmão Vicente Yáñez Pinzón permitiram que fossem armadas três embarcações: a nau Santa María, comandada por Colombo; e as caravelas La Pinta, sob as ordens de Martín Alonso Pinzón, e La Niña, comandada por Vicente Yáñez Pinzón. Com uma tripulação calculada por alguns autores em 88 homens, a frotilha zarpou do porto de Palos em 3 de agosto de 1492. Dessa expedição não participavam religiosos, pois seu principal objetivo era estabelecer relações comerciais com a Índia, para recuperar a economia espanhola comprometida no acordo de Alcaçarias, assinado com Portugal. Descobrimento. Depois de uma parada nas ilhas Canárias, para reparar a caravela La Pinta, a esquadra retomou a viagem em 6 de setembro, navegando para oeste. Os freqüentes sinais de terra próxima não tranqüilizaram a tripulação que, ao fim de um mês, passou a manifestar descontentamento e a exigir o regresso. O almirante e seus imediatos enfrentaram momentos difíceis, em que o motim era iminente. Finalmente, na madrugada de 11 de outubro, o vigia da La Pinta, Rodrigo de Triana, avistou terra. Colombo desembarcou no dia 12 e tomou posse das terras em nome de Castela, em local que é hoje uma das ilhas Bahamas -- chamada pelos nativos de Cuanahani -- a que Colombo deu o nome de San Salvador (Watling). O navegador, que acreditava ter chegado ao Extremo Oriente, prosseguiu viagem na tentativa de alcançar a China e o Japão. Chegou assim às Antilhas, percorreu Cuba e aportou na ilha a que deu o nome de Hispaniola (atualmente ocupada pela República Dominicana e pelo Haiti), onde estabeleceu o fortim de La Navidad. De regresso à Espanha, foi chamado à corte, em Barcelona, onde os soberanos receberam-no com grandes honras. Teve então confirmados todos os privilégios que lhe haviam sido prometidos e recebeu a incumbência de voltar a Hispaniola para dar início à colonização. Em setembro de 1493 Colombo partiu em nova expedição. Acompanharam-no 1.500 homens, entre os quais 12 religiosos, fidalgos e servidores da casa real. Os 17 navios que zarparam do porto de Cádiz transportavam ainda animais, plantas, sementes e instrumentos agrícolas. Colombo descobriu então as pequenas Antilhas, inclusive Porto Rico. Em Hispaniola encontrou destruído pelos indígenas o forte que erigira. Em janeiro de 1494 fundou Isabela, primeira cidade estabelecida no Novo Mundo pelos europeus. Colombo enviou à Espanha 12 de seus navios, comandados por Antonio Torres, com cartas dirigidas aos soberanos em que narrava os acontecimentos. Empreendeu a exploração de Cuba e descobriu uma nova ilha a que deu o nome de Santiago (Jamaica). A situação na colônia, no entanto, tornava-se caótica. Decepcionados por não terem feito fortuna, os homens que Colombo lá deixara haviam partido para a Espanha, onde fizeram graves acusações contra o navegador. Enviado pelos soberanos para observar a situação, Juan de Aguado tentou sobrepor-se à autoridade de Colombo, que regressou à Espanha em busca de justiça. Os reis confirmaram-lhe as prerrogativas e autorizaram-no a empreender a terceira viagem. A terceira expedição de Colombo foi precedida de muitas dificuldades. Já não se acreditava na lenda do ouro, e para conseguir a tripulação necessária, o navegador foi obrigado a aceitar criminosos indultados. A expedição teve início em maio de 1498, quando Colombo zarpou rumo a sudoeste para chegar à ilha de Trinidad e depois acompanhar o litoral da América do Sul, do golfo de Pária à foz do Orinoco. Ao chegar a Santo Domingo -- cidade que seu irmão Bartolomeu fundara depois de abandonar Hispaniola devido à hostilidade dos índios -- encontrou as autoridades por ele nomeadas em plena rebelião. Foi obrigado a submeter-se à humilhação de assinar um acordo com os rebeldes. Informados do que se passava, os reis católicos designaram Francisco de Bobadilla para promover um inquérito, assumir o governo e destituir Colombo, que prendera muitos de seus inimigos e condenara à morte alguns deles. Detidos, Colombo e seus irmãos foram levados à Espanha, onde mais uma vez os reis Fernando e Isabel lhe fizeram justiça, mas não o reintegraram no governo das Índias. A 9 de maio de 1502, Colombo partiu de Cádiz para sua quarta viagem, dessa vez acompanhado do irmão Bartolomeu e do filho Fernando. Descobriu a ilha de Martinica a 15 de junho e seguiu para Hispaniola, onde seu desembarque foi proibido pelo governador Nicolás de Ovando. Partiu, então, para a ilha de Cuba e logo depois desembarcou em Honduras, prosseguindo até o golfo de Darién. Logo depois chegava a Santo Domingo. Doente e abatido, Colombo iniciou o regresso à Espanha em setembro de 1504. Sua protetora, Isabel, morreu antes que ele chegasse. Ao contrário do que se acredita, o navegador não viveu seus últimos anos pobre e esquecido. Teve a sobrevivência garantida por rendas e se dedicou a lutar pela recuperação dos direitos sobre as terras que havia descoberto. Nunca teve noção, entretanto, da importância de seu feito nem soube da existência de um novo continente entre a Europa e a Ásia. Colombo morreu em 21 de maio de 1506, em Valladolid, convencido ainda de que chegara às Índias. Os historiadores jamais conseguiram solucionar a polêmica sobre a localização dos restos mortais do navegante, cuja canonização chegou a ser discutida sob o pontificado de Leão XIII. Colombo pedira que seus restos fossem sepultados em Hispaniola e, em 1542, a viúva de seu filho Diego obteve permissão de Carlos V para que fossem transladados da catedral de Sevilha para a catedral de São Domingos. Quando a ilha se tornou possessão francesa, no final do século XVIII, foram transladados para Havana restos que se acreditava fossem os de Colombo. Em 1877, porém, o muro sobre o qual se apoiava o altar-mor da catedral de São Domingos foi demolido. Encontrou-se então um cofre com inscrições que diziam ser aqueles os restos mortais do descobridor.
http://www.geocities.com/Hollywood/Chateau/6887/framedocument/biografias/index.html
História 7ª série.
O Barroco na arte marcou um momento de crise espiritual da sociedade européia. O homem do século XVII era um homem dividido entre duas mentalidades, duas formas diferentes de ver o mundo. Por isso, o estilo Barroco é um dos mais complexos que podem ser estudados na literatura Brasileira. A historiografia e a crítica têm oscilado entre posições que vão da seca de recusa do Barroco, por alegada pobreza temática e exagerada manipulação da palavra, à quente apologia que fazem à escola dos anatomistas ao estilo, maravilhados com a engenhosidade e agudeza das produções da época. A posição mais conservadora, mais tradicionalista, tende a ver no Barroco uma "pérola irregular" *¹, um classicismo imperfeito e obtuso. A posição mais recente, que se abre com os estudos de Heinrich Wölfflin, tende a ver no Barroco uma constante universal na arte, expressiva dos períodos marcados por graves conflitos espirituais, e cuja essência é a irregularidade, a exasperação, o retorcimento, o exagero, caracteristicas opostas à sobriedade e à disciplina clássicas.
Convivendo com o sensualismo e os prazeres materiais trazidos pelo Renascimento, os valores espirituais - tão fortes na Idade Média e desprezados pelo Renascimento - voltaram a exercer forte influência sobre a mentalidade da época. Uma nova onda de religiosidade foi trazida pela Contra-Reforma e pela fundação da Compania de Jesus. O que decorreu daí foram naturalmente sentimentos contraditórios, já que o homem estava dividido entre valores opostos. E a arte barroca, que exprime essa contradição, igualmente oscila entre o clássico (e pagão) e o medieval (cristão), apresentando-se como uma arte indisciplinada.
Comparado aos outros dois movimentos que integram a Era Clássica, o Classicismo e o Arcadismo, o Barroco representa um desvio da orientação clássica, já que procurava, ao mesmo tempo, fundir a experiência renascentista ao reavivamento da fé cristã medieval. Punha em risco, assim, certos princípios muito prezados pela tradição clássica, como o predomínio da razão e o equilibrio.
Resumindo, o Barroco tenta conciliar duas concepções de mundo opostas: a medieval e a renascentista. Assim, valores como o humanismo, o gosto pelas coisas terrenas, as satisfações mundanas e carnais, trazidos pelo Renascimento, que era caracterizado pelo racionalismo, equilíbrio, clareza e linearidade dos contornos, fundem-se a valores espirituais trazidos pela Contra-Reforma, com idéias medievais, teocêntricas e subjetiva. Nasce então uma forma de viver conflituosa, expressa na arte barroca.
*¹ - A origem da palavra barroco tem suscitado muitas discussões. Dentre as várias posições, a mais aceita é a de que a palavra se teria originado [...] do vocábulo espanhol barrueco, vindo do português arcaico e usado pelos joalheiros desde o século XVI, para designar um tipo de pérola irregular e de formação defeituosa, aliás, até hoje conhecida por essa mesma denominação. Assim, como termo técnico, estabeleceria, desde seu início, uma comparação fundamental para a arte: em oposição à disciplina das obras do Renascimento, caracterizaria as produções de uma época na qual os trabalhos artísticos mais diversos se apresentariam de maneira livre e até mesmo sob formas anárquicas, de grande imperfeição e mal gosto. (Suzy Mello, Barroco. São Paulo, Brasiliense, 1983. p.7-8)
Contexto histórico
Num contexto de autoritarismo político (com o absolutismo, sistema político baseado na centralização absoluta do poder nas mãos do rei, que se considerava o Deus na terra), de expansão comercial (com a Revolução Comercial, cuja política econômica, o Mercantilismo, se baseava no metalismo, na balança comercial favorável e no acúmulo de capitais), de luta de classes (onde a burguesia, por deter forte poder econômico, pressionava politicamente a nobreza e o rei, a fim de participar das decisões políticas do Estado Absolutista. Isso era quase impossível na época, já que a sociedade estava organizada em três camadas sociais impermeáveis: o clero, a nobreza e o terceiro estado), e crises religiosas (reforma e contra-reforma) que nasceu a arte barroca.
Um dos traços mais importantes que caracterizam o Barroco é o gosto pela aproximação de realidades opostas, pelo conflito e pelas contradições violentas. Tal princípio pode ser relacionado com a realidade do homem barroco, contraditória e em transformação.
Politicamente, o homem da época sentia-se oprimido; economicamente, contudo, sentia-se livre para enriquecer. Apesar da possibilidade de ascensão econômica, a estrutura social do Antigo Regime não lhe permitia a ascensão social.
No plano espiritual, igualmente se verificaram contradições: ao lado das conquistas e dos valores do Renascimento e do mercantilismo - que possibilitou a aquisição de bens e prazeres materiais - a Contra-Reforma procurava restaurar a fé cristã medieval e estimular a vida e os valores espirituais.
Por esse conjunto de razões é que na linguagem barroca, tanto na forma quanto no conteúdo, se verifica uma rejeição constante da visão ordenada das coisas. Os temas são aqueles que refletem os estados de tensão da alma humana, tais como vida e morte, matéria e espírito, amor platônico e amor carnal, pecado e perdão. A construção da linguagem barroca acentua e amplia o sentido trágico desses temas, ao fazer o uso de uma linguagem de difícil acesso, rebuscada, cheia de inversões e de figuras de linguagem. Outros temas que são facilmente encontrados são o sobrenatural, castigos, misticismo e arrependimento.
A época da Contra-Reforma, e do Barroco é principalmente marcada por uma profunda dualidade. Por um lado, é o desdobramento do humanismo clássico e do Renascimento, com seus apelos ao racionalismo, ao prazer, ao "carpe diem" (em latim, "aproveite o dia"). Por outro lado, o homem é pressionado pela Igreja Católica e pelo protestantismo mais vigoroso a um regresso ao teocentrismo medieval, à postura estóica, à renúncia aos prazeres, à mortificação da carne e à observância plena do "amar a Deus sobre todas as coisas", princípio capitular do teocentrismo medieval. Em síntese, o homem do século XVII foi compelido a concilicar o TEOCENTRISMO MEDIEVAL e o ANTROPOCENTRISMO CLÁSSICO e valores opostos como fé x razão, alma x corpo, Deus x homem, céu x terra, virtude x prazer. Valemo-nos da apreciação do Prof. Afrânio Coutinho: "O homem do Barroco é um saudoso da religiosidade medieval e, ao mesmo tempo, um seduzido pelas solicitações terrenas e valores mundanos, amor, dinheiro, luxo, posição, que a Renascença e o Humanismo puseram em relevo. Desse dualismo nasceu a arte barroca". (Aspectos da literatura Barroca, RJ, 1950 - pág. 54)
Vê-se, pois, que a época barroca, o século XVII, foi das mais conturbadas que o homem ocidental viveu. E mais! Como já foi dito, a escola literária Barroco coincide com o apogeu do Absolutismo Monárquico, Mercantilismo, Metalismo, do Capitalismo e sua extensão a áreas coloniais, da Burguesia e da Revolução Comercial. É notório que, se a Literatura é a expressão do homem e de seu tempo (ver O que é Literatura), o estilo barroco haveria de refletir as angústias, as incertezas e o desespero do homem que viveu essa época difícil.
Fruto da síntese entre duas mentalidades, a medieval e a renascentista, o homem do século XVII era um ser contraditório, tal qual a arte pela qual se expressou.
Limites cronológicos:
Fica difícil estabelecer limites para uma escola literária, já que as idéias vão mudando com o tempo e as gerações, gradual e lentamente. Mas, didaticamente, considera-se que o Barroco surgiu no Brasil com a obra Prosopopéia de 1601, poema épico de autoria do portugues, radicado no Brasil, Bento Teixeira Pinto. É a primeira obra, dita literária, escrita entre nós. O limite - digamos - final para essa escola foi o ano de 1768, com a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manoel da Costa - árcade. No entanto, como o Barroco no Brasil só foi mesmo reconhecido e praticado em seu final (entre 1720 e 1750), quando foram fundadas várias academias literárias, desenvolveu-se uma espécie de Barroco tardio nas artes plásticas, o que resultou na construção de igrejas de estilo barroco durante todo o século XVIII. (As obras de Aleijadinho são o grande exemplo).
Caracteristicas da linguagem barroca
Algumas caracteristicas da linguagem barroca merecem especial atenção pela sua peculiaridade e pelo uso que foi sendo feito de algumas delas em escolas posteriores.
Requinte formal: O nível linguístico dos textos barrocos é sofisticado. Os textos podem apresentar construções sintáticas elaboradas, vocabulários de nível elevado. O Barroco Literário foi uma arte da aristocracia e esse refinamento era desejado por seu público consumidor, porque lhe conferia status.
Conflito espiritual: O homem barroco sente-se dilacerado e angustiado diante da alteração dos valores, dividindo-se entre o mundo espiritual e o mundo material. As figuras que melhor expressam esse estado de alma são a antítese (emprego de palavras que se opoem quanto ao sentido: bem x mal; branco x preto; claro x escuro) e o paradoxo (a antitese levada ao extremo, onde as idéias se opoem em termos de sentido: 'sol que se trajava em criatura"; "anjo que em mulher se mentia"; "rio de neve em fogo convertido").
"Nasce o sol, e não dura mais que um dia,Depois da Luz se segue a noite escura,Em tristes sombras morre a formosura,Em contínuas tristezas a alegria.""Alegre do dia entristecido,O silêncio da noite perturbado,O resplendor do sol todo eclipsado,E o luzente da lua desmentido!
O espirito Barroco é cabalmente expresso no célebre dilema do 3° ato de Hamlet, de Shakespeare: "To be or not to be, that is the question". ("Ser ou não ser, eis a questão..."
Temas contraditórios: Há o gosto pela confrontação violenta de temas opostos, como amor / dor, vida / morte, juventude / velhice, pecado / perdão, dentre outros.
Efemeridade do tempo e carpe diem: O homem barroco tem consciência de que a vida terrena é efêmera, passageira, e por isso, é preciso pensar na salvação espiritual. Mas, já que a vida é passageira, sente, ao mesmo tempo, desejo de gozá-la antes que acabe, o que resulta num sentimento contraditório, já que gozar a vida implica pecar, e se há pecado, não há salvação.
"...Gozai, gozai da flor da formosura,Antes que o frio da madura idadeTronco deixe despido, o que é verdura...""Lembra-te Deus, que és pós para humilhar-te,E como o teu baixel sempre fraqueja,Nos mares da vaidade, onde peleja,Te põe a vista a terra, onde salvar-te..."
Entendendo que a mocidade é o estágio mais elevado da vida, a idade madura vem a significar decadência. Para comunicar isso, os textos se servem de imagens plásticas, que são as que envolvem sensorialidade:
"...goza, goza da flor da mocidadeque o tempo trata a toda a ligeireza,e imprime em toda flor sua pisada.
Ó não aguardes, que a madura idade,te converta essa flor, essa beleza,em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. "
Mocidade - Maturidade - MorteFlor - terra - cinza - pó - sombra - nada.
Desta forma, o tempo atua sobre o ser humano conduzindo-o à decadência. E o poeta refere esse tragico fato também, de forma plástica, isto é, utilizando-se de uma enumeração gradativa decrescente. A enumeração gradativa é o uso de uma sequência de palavras cujo significado induz o leitor a imaginar um ser cada vez mais limitado, mais pobre, mais insignificante:
Flor, terra, cinza, pó, sombra, nada...
Essa imagem que vai de flor a nada põe ante os olhos do leitor, e sua imaginação, os conceitos: Mocidade - Maturidade - Morte. Isto é, decadência e transitoriedade.
Paganismo: buscando um traço do Classicismo e da Cultura Greco-Romana, alguns textos barrocos os deuses da mitologia pagã aparecem para representar um sentimento ou um tema abstrato qualquer.
"Enquanto com gentil descortesia,o ar, que fresco Adônis te namora,te espalha a rica trança brilhadora,quando vem passear-te pela fria:"
Gregório de Mattos
Adonis (ou Adonai) é um ente mitológico que representa a grande beleza e a vaidade.
Cultismo ou Gongorismo - O jogo de palavras: Cultismos ou Gongorismo são as denominações que recebeu, na Península Ibérica, e em colônias ultramarinas, no aspecto do Barroco voltado para o rebuscamento da forma, para a ornamentação exagerada do estilo, por meio do vocabulário precioso, erudito, eivado de latinismos, para a inversão da ordem direta da frase, imitando a sintaxe do latim clássico. O termo Cultismo deriva da obsessão barroca pela linguagem culta, erudita, e o Gongorismo alude ao autor espanhol Luís de Gongora, expoente maior desse procedimento literário, criador de uma verdadeira escola que tem como seguidores, entre nós, Manuel Botelho de Oliveira e, em alguns momentos, Gregório de Mattos Guerra.
O aspecto exterior imediatamente visível no Cultismo ou Gongorismo é o abuso no emprego de figuras de linguagem, especialmente as semânticas (Metáforas, Antíteses, Hiperboles), as sintáticas (de inversão oracional, de repetição ou supressão de termos, como Hipérbatos, Anáforas, Anadiploses, Quiasmos e sonoras, Paronomásias, etc.).
- Percepção sensorial da realidade: O cultismo explora, também atravez do jogo de palavras, efeitos sensoriais, tais como cor, forma, volume, sonoridade, imagens violentas e fantasiosas - enfim, recursos que sugerem a superação dos limites da realidade.
A uns mártires pendoravam pelos cabelos, ou por um pé, ou por ambos, ou pelos dedos, polegares, e assim, no ar, despidos, batiam e martelavam com tal força e continuação, os cruéis e robustos algozes (carrascos), que ao princípio açoitavam os corpos, depois desfiavam as mesmas chagas (feridas), ou uma chaga até que não tinha já que açoitar nem ferir. A outros estirados e desconjuntados no ecúleo (instrumento de tortura), ou estendidos na catasta, (cadafasto, em forma de leito, feito em grades, em que se troturavam os mártires) aravam os membros com pentes e garfos de ferro, a que propriamente chamavam escorpiões, ou metidos debaixo de grandes petras de moinho, lhes espremiam como em cardar (pentear) o sangue, e lhe moíam e imprensavam os ossos, até ficarem com uma pasta confusa, sem figura, nem semelhança do que dantes eram. A outros cobriam todos de pez (breu, piche), resina e enxofre, e ateando0lhes o fogo, os faziam arder em pé como tochas ou luminárias, nas festas dos ídolos, esforçando-os para este suplício como lhes dar a beber chumbo derretido.
Neste fragmento, podemos perceber claramente a tentativa de Pe. Vieira de fazer o leitor sentir o que ele descreve, como uma forma de persuadir seus ouvintes a não se envolverem com idéias de reforma religiosa (o Protestantismo). Para isso, toma como exemplo a persistência religiosa dos mártires da Igreja Católica e descreve com extrema figuração e utilização de símbolos fortes como eram torturados esses mártires.
- Metáfora: (Do grego meta: 'mudança', 'alteração' + phora 'transporte'). É a figura de palavra em que se emprega um termo por outro, mantendo-se entre eles uma relação de semelhança; é uma espécie de "comparação abreviada", como em "Seus olhos são esmeraldas", isto é, "seus olhos são verdes".
É a vaidade, Fábio, nesta vida (01)Rosa, que de manhã lisonjeada, (02)Púrpuras mil, com ambição dourada, (03)Airosa rompe, arrasta presumida. (04)É planta, que de abril favorecida, (05)Por mares de soberba desatada, (06)Florida galeota empavesada, (07)Sulca ufana, navega destemida. (08)É nau enfim, que em breve ligeireza, (09)Com presunção de Fênix generosa, (10)Galhardias apresta, alentos preza: (11)Mas ser planta, ser rosa, ser nau vistosa (12)De que importa, se aguarda sem defesa (13)Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa? (14)
Gregório de Matos Guerra
O próprio título do soneto, Dos Desenganos da Vida Humana, Metaforicamente, alude ao emprego intensivo da metáfora. O poema se entretece a partir de três metáforas da vaidade: rosa, planta, nau (navio), que têm duração efêmera, ainda que se suponham eternas. Primeiramente são mostradas as qualidades de cada um desses elementos metafóricos. Como a rosa, a vaidade "rompe airosa" (elegante); como a planta favorecida pelo mês de abril (quando é primavera na Europa), ela segue rapidamente, feito uma "galeota empavesada" (embarcação enfeitada); como uma nau ligeira, preza alentos e galhardias (elogios e elegâncias). Observe que as metáforas são colocadas nos versos 2, 5 e 9 e, após retomadas nos versos 12 a 14, quando, no último terceto, o poeta as dispõe em ordem decrescente, inversa: a penha (pedra) destrói a nau, assim como o ferro (instrumento de corte qualquer) destrói a planta e a tarde (o tempo que passa) destrói a rosa. A conclusão a que se chega, portanto, é que a vaidade é frágil e efêmera.
A metaforização intensiva do texto Barroco estabelece, quase sempre, uma identificação sensorial resultando no aspecto cromático e criando associações surpreendentes. Assim, o poeta barroco diz: "os marfins da boca" - ao invés de "dentes", "o zéfiro manual" (eu também não sabia o que era isso.. - vento suave:)) - ao invés de "leque", "a língua dos olhos" - ao invés de "lágrima", "rubi" - ao invés de sangue.
- Antítese (do grego anti, 'contra' + thesis, 'afirmação'): Figura de pensamento que consiste no emprego de palavras numa oração ou período que se opõem quanto ao sentido. Exemplificando...
"Infalível será em ser homicidaO bem, que sem ser mal motiva o danoO mal, que sem ser bem apressa a morte."
- Hipérbato (do grego hipérbaton, 'inversão, 'transposição'): É a figura sintática / de construção que consiste numa inversão violenta da ordem direta da frase. Citam-se, como exemplo notório, os versos iniciais do Hino Nacional:
"Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heróico o brado retumbante" ("As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico").
O hipérbato resulta em certa dificuldade de leitura, como se verifica nos 4 primeiros versos do poema de Gregório de Matos, acima. Reescrevendo-os, em ordem direta, teríamos:
"Fábio, a vaidade nesta vida é rosa que, lisonjeada de manhã, arrasta presumida mil púrpuras e rompe airosa com ambição doirada".
- Hipérbole (do grego hyperbolè, 'lançar sobre'): Também conhecida como intensificação, é a figura de pensamento que consiste na ênfase resultante do exagero deliberado, quer no sentido negativo, quer no positivo. É uma forma de exagerar a verdade, mas com respeito à beleza, seja por amplificação, seja por atenuação. É o que ocorre em expressões cotidianas como "morreu de rir", "morto de fome", "já te disse quatrocentas bilhões de vezes....", ou em construções literárias como:
"Rios te correrão dos olhos se chorares.."
- Perífrase: Também denominada circunlóquio, é a figura de pensamento que consiste na substituição de uma palavra por uma série de outras, de modo que estas se refiram àquela, indiretamente. Utilizada, em geral, para evitar a monotonia das expressões gastas ou para criar novas relações metafóricas. É o que ocorre em: "Graças à onipotência de quem devemos a criação do Universo", que significaria simplesmente "Graças a Deus".
- Anáfora (do grego ana, 'repetição' + phorá, 'que conduz', 'que leva'): Figura de construção que consiste na repetição intensional de uma ou mais palavras no início de vários versos.
"A vós, pregados pés, por nõa deixar-me.A vós, sangue vertido, para ungir-me,A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me."
Gregório de Matos Guerra
A anáfora também pode ocorrer na prosa, quando iniciamos as orações ou peródoso por uma mesma palavra ou locução. Observando...
"Quando fazem os ministros, o que fazem? Quando respondem? Quando deferem? Quando despacham? Quando ouvem?"
Pe. Antônio Vieira
- Anadiplose: Figura de construção que consiste na reiteração do(s) termo(s) final(ais) de um verso ou oração, no início do verso subsequente:
"Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade,É verdade, senhor, que te hei delinquido,Delinquido vos tenho, e ofendidoOfendido vos tem minha maldade".
Gregório de Matos Guerra
- Paronomásia: Figura de construção que consiste no emprego de vocábulos semelhantes na grafia ou na pronúncia, mas opostos ou aparentados nos sentidos. Exemplificando...
"Ah, pregadores! Os de cá achar-vos-eis com mais paço; os de lá com mais passos."
Sermão da Sexagésima - Pe. Antônio Vieira
- Prosopopéia: Figura de pensamento que consiste em atribuir atitudes animadas ou humanas a seres inanimados ou irracionais. Exemplificando...
"Agora que se cala o surdo ventoE o rio enternecido com meu prantoDetém seu vagaroso movimento"
Gregório de Matos Guerra
- Elipse (do grego élleipsis, 'omissão'): Figura de construção que consiste na omissão de um termo da oração facilmente identificável, quer por elementos da própria oração, quer pelo contexto. É muito usual em diálogos da vida cotidiana. Por exemplo, na bilheteria de um teatro, apenas perguntamos " - Quanto custa?". O contexto, a situação em que foi feita a pergunta leva-nos ao termo omitido - "a entrada".
- Zeugma (do grego zeûgma, 'junção'): É um caso específico de elipse. Trata-se da omissão de um termo já mencionado anteriormente.
A vós, correndo vou, braços abertos (01)(...)A vós, pregados pés, por nõa deixar-me. (09)A vós, sangue vertido, para ungir-me, (10)A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me." (11)
A vós, lado patente, quero unir-me, (12)A vós, cravos preciosos, quero atar-me, (13)Para ficar unido, atado e firme. (14)
Gregório de Mattos Guerra
Os versos 5, 9, 10, 11, 12, 13 constroem-se com a omissão do verbo, já referido no 1° verso - "correndo vou". Em todos eles aparece zeugma. Assim, nos versos mencionados, devemos ler: "A vós, (correndo vou), pregados pés (...)" / "A vós, (correndo vou) sangue vertido (...)"
- Gradação: Figura de pensamento que consiste em dispor as idéias em ordem crescente ou decrescente. Quando o encadeamento se faz em ordem crescente, temos o clímax; quando em ordem decrescente, o anticlímax.
"Oh, não aguardes, que a madura idadeTe converta essa flor, essa beleza,Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada."
Gregório de Mattos Guerra
As figuras apresentadas são apenas algumas das que os autores cultistas empregaram. Caberia ressaltar, ainda, a preocupação com a originalidade e a renovação da Língua, pela incorporação de neologismos; e mais, a recorrência a citações eruditas, ao emprego de latinismos e à persistência de alegorias fundadas na mitologia clássica.
Conceptismo - A dialética barroca: Define-se o Conceptismo do Barroco voltado para o jogo das idéias, para a argumentação sutil (sutileza explicada pela necessidade de camuflar as ainda críticas contra a Igreja, já que a Santa Inquisição estava no seu auge, investigando, levando a julgamento e condenando aqueles que não contribuiam para a preservação, defesa e propagação da Contra-Reforma e consequentemente das doutrinas católicas), para a dialética cerrada, que opera por meio de associações inesperadas, ainda fundadas na metáfora e, especialmente nos procedimentos da lógica formal, como o silogismo, o sofisma e o paradoxo. Enquanto os Cultistas ou Gongóricos consideravam que a percepção cognoscitiva (= que se pode conhecer) das coisas deveria processar-se pela captação de seus aspectos sensoriais e plásticos (contorno, forma, cor, volume), produzindo como resultado um verdadeiro frenesi cromático, visando aprender o como, os Conceptistas pesquisavam a essência íntima dos objetos, buscando saber o que são, visando à apreensão da face oculta, apenas acessível ao pensamento, ou seja, aos conceitos; assim, a inteligência, a lógica e o raciocínio ocupam o lugar dos sentidos, impondo a concisão e a ordem, onde reinavam a exuberância e o exagero.
Assim, é usual a presença de elementos da lógica formal, dentre outras figuras como:
- Silogismo: Dedução formal que, postas duas proposições, uma, verdade universal, outra, particularização dessa verdade, chamadas premissas, delas se tira uma terceira, logicamente implicada, chamada conclusão. Assim, temos como exemplo:
Premissa maior (verdade universal): Todo homem é mortal.Premissa menor (particularizando...): Eu sou homem. Conclusão lógica: (Logo,) Eu sou mortal.
Observemos a construção do terceto final de um soneto sacro de Gregório de Matos que, referindo-se ao amor de Cristo, diz:
"Mui grande é o vosso amor e o meu delito; (09)Porém pode ter fim todo o pecar, (10)E não o vosso amor, que é infinito. (11)
Essa razão me obriga a confiar (12)Que, por mais que pequei, nesse conflito, (13)Espero em vosso amor de me salvar." (14)
Gregório de Matos Guerra
Esses versos encobrem a formulação silogística, como segue:
Premissa maior (verdade universal): O amor de Cristo é infinito. (verso 11).Premissa menor (particularizando...): Meu pecado é finito, apesar de grande (9 e 10). Conclusão lógica: (Logo,) Por maior que seja o meu pecado, eu espero salvar-me (13 e 14).
Observemos ainda o silogismo que é feito no texto abaixo. O primeiro quarteto aparece como uma verdade universal - premissa maior - , o segundo como a particularização dessa verdade - premissa menor. Finalizando, vêm os dois tercetos concluindo o pensamento:
O todo sem a parte não é todo,A parte sem o todo não é parte, Premissa maiorMas se a parte faz o todo, sendo parte, - Verdade universalNão se diga, que é parte, sendo todo.Em todo Sacramento está Deus todo,E todo assiste inteiro em qualquer parte, Premissa menorE feito em partes todos em toda parte, - ParticularizaçãoEm qualquer parte sempre fica o todo.
O braço de Jesus não seja parte,Pois que feito Jesus em partes todo, ArgumentaçãoAssiste cada parte em sua parte.
Não se sabendo parte desse todo, Um braço, que lhe acharam, sendo parte, ConclusãoNos disse as partes toda deste todo.
Gregório de Matos Guerra
- Sofisma: É o argumento que parte de premissas verdadeiras e que chega a uma conclusão inadmissível, que não pode enganar ninguém, mas que se apresenta como resultante de regras formais do raciocínio, não podendo ser refutado. É um raciocínio falso, elaborado com a função de enganar. Vejamos um sofisma bem simples e claro:
Premissa maior (verdade universal): Filho de peixe peixinho é. Deus é imortalPremissa menor (particularizando...): Eu fou filho de Deus.Conclusão ilógica: Logo, eu sou imortal.
Evidentemente que esse raciocínio não pode ser encarado dessa forma. No entanto, não existem argumentos contra ele...
Gregório de Matos é um mestre também no Sofisma, montando argumentos que são lógicos à primeira vista, com o objetivo citado: enganar. E na maioria das vezes, ele tenta enganar a Deus, por ser um pecador, não poder deixar de pecar e mesmo assism almejar a salvação. (Base de todos os conflitos barrocos!). Assim, analisando o poema anterior, percebemos um sofisma nesse sentido...
Premissa maior (verdade universal): O amor de Cristo é infinitoPremissa menor (particularizando...): O meu pecar é finitoConclusão ilógica: Logo, o amor de Cristo é maior que o meu delito (e eu seirei salvo).
Ora, simplesmente o fato do amor de Cristo ser maior que delito não redime o pecador de seus atos. Portanto, a conclusão a que chegamos no poema é falsa.
- Metonímia: Figura que, assim como a metáfora, consiste no uso de uma palavra por outra, em virtude de certa familiaridade que elas têm entre si. Essa familiaridade pode ocorrer empregando-se o concreto pelo abstrato ("papo-cabeça" - "intelectual"), a causa pela consequência (acabarão com o "verde" do pais? - "as matas"), divindade pela sua 'função' ("Cupido" ataca novamente - "o amor").
O soneto abaixo é construido a partir de um sistema de metonímias que vão relacionando as partes de Cristo ("braços", "olhos", "sangue", "lágrimas","cabeça", "cravos"...), substituindo todo o Cristo crucificado:
A vós, correndo vou, braços abertosNessa cruz sacrossanta descobertos,Que, para receber-me estais abertos,E, por não castigar-me estais cravados.
A vós, divinos olhos, eclipsados,De tanto sangue e lágrimas abertos,Pois, para perdoar-me, estais despertos,E, por não condenar-me estais fechados.
"A vós, pregados pés, por nõa deixar-me.A vós, sangue vertido, para ungir-me,A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me."
A vós, lado patente, quero unir-me,A vós, cravos preciosos, quero atar-me,Para ficar unido, atado e firme.
Gregório de Mattos Guerra
Alguns autores entendem que, quando a relação entre os elementos é qualitativa, temos outro tipo de figura, chamada sinédoque. Essa relação geralmente se dá no Barroco, o todo pela parte:
O todo sem a parte não é todo,A parte sem o todo não é parte, Mas se a parte faz o todo, sendo parte,Não se diga, que é parte, sendo todo.
- Paradoxo: Figura de linguagem, é uma espécie de antítese, porém bem mais radical. Enquanto a antítese é uma mera aproximação de elementos opostos, o paradoxo funde-os, quebrando a lógica. Enquanto a antítese é caracterizada por mostrar palavras de sentidos opostos, o paradoxo poderia ser definido como o emprego de idéias numa oração ou período que se opõem pelo sentido. Exemplo...
"Começa o mundo enfim pela ignorânciaE tem qualquer dos bens por naturezaA firmeza somente na inconstância."
"Nos palácios reais se encurtam anosPorém tu sincopando os aposentosMais te deleitas, quando mais te estreitas."
Gregório de Matos Guerra
- Ironia: Ocorre-se quando se diz alguma coisa, querendo-se dizer exatamente o contrário. Por exemplo, o namorado se atrasa para o encontro e sua respectiva o diz: "Já chegou?! Tão cedo..."
Gregório de Matos utiliza MUITO a ironia, principalmente na sua poesia satírica, que não é incluída no estilo Barroco, por fugir em muito do tema-base da escola, o conflito espiritual, a contradição, a dualidade. (Ver Gregório de Matos - Satiricas)
Observação importante:
Cultismo e Conceptismo são dois aspectos do Barroco que não se separam; antes, superpõem-se como as duas faces de uma mesma moeda. Às vezes, o autor trabalha mais ao nível da palavra, da imagem; busca mais o argumento, o conceito. Nada impede que o mesmo texto tenha, simultaneamente, aspectos Cultistas e Conceptistas. Com os riscos inerentes às generalizações abusivas, diz-se, didaticamente, que o Cultismo é predominante na poesia e o Conceptismo, predominante na prosa. Mas como foi visto, muitos poemas de Gregório de Matos possuem o conceptismo muito marcante e até mesmo como aspecto principal.
Herança Barroca
Na Literatura pouco é efetivamente criado, cada estilo segue um padrão que já foi seguido repetidas vezes. Isso poderia ser exemplificado da seguinte forma: o Trovadorismo é o estilo medieval, cultivando valores teocêntricos, o Humanismo é a fase de transição e o Classicismo representa a quebra total com os valores medievais (Renascimento e Reforma). O Barroco surge num contexto de retomada dos valores medievais (Contra-Reforma), o Arcadismo faz a retomada dos valores Clássico-Renascentistas (Iluminismo) e assim por diante.
Notamos que os estilos vão se alternando entre racionalismo e irracionalismo, entre fé e materialismo, entre subjetividade e objetivismo, etc. O Barroco vem justamente para tentar uma fusão de todos esses valores, e por isso é um dos mais complexos estilos que podem ser estudados na Literatura Brasileira, já que leva à representação de um homem cheio de conflitos e instabilidades.
Na proporção de sua complexidade, está a sua importância. O estilo influenciou e vem influenciando autores de quase todas as épocas literárias que o sucederam, principalmente os autores do pós-movimento modernista. Vejamos alguns exemplos de textos que carregam a herança barroca:
Sentimento de que o mundo é instável e inseguro: O tempo é visto como destruidor, arrasador. A passagem do tempo traz a velhice e a morte. O homem, que nada pode fazer contra o tempo, se entrega à angústia, à dor. A vida passa depressa como um dia:
Dia,espelho de projeto não vividoe contudo viver era tão flamasna promessa dos deuses; e é tão ríspidoem meio aos oratórios já vaziosem que a alma barroca tenta confrontar-seMas só vislumbra o frio noutro frio.
Carlos Drummond de Andrade
O sentimento de que a realidade humana é absurda, sem solução, repleta de contrastes:
O amor não nos explica. E nada basta,nada é de natureza assim tão casta.
que não macule ou perca a sua essênciaao contato furioso da existência
Nem existir é mais que um exercíciode pesquisar da vida um vago indício
a provar a nós mesmos que, vivendo,estamos para doer, estamos doendo.
Carlos Drummond de Andrade
A expressão do grotesco, do chocante, do monstruoso: É o "feísmo", ou o "belo horrível" barroco.
O monumento não tem portaa entrada é uma rua antiga estreita e tortae no joelho uma criança sorridentefeia e morta estende a mão
Caetano Veloso - Tropicália
Não é mágoa descrente de outras luzestampouco a destra férrea do cansaço.Apenas não te enlevas, não te iludesÉs o rio de súbito estagnado
Deformas-te. Descerra o cílio cardosobre o teu sono o pânico em que ruges.Olho tens, não farol, pois cego e falhonem roteiro qualquer já repercutes.
Do Letes aprofundas-te no amnésico,em vão desfolhas teu colar feéricode esquivas contas, ninfas de outro fasto
Contra o mural verticaliza o corvoo prenúncio do limbo onde estás mortosob os grilhões de um deus forjado em asco.
Affonso Ávila
A angústia religiosa, ligada à mistura entre o sagrado e o profano:
Meu Deus, meus Deus, por que me abandonaste?se sabias que eu era fracose sabias que eu não era Deus?
Carlos Drummond de Andrade
A expressão do conflito, manifestado através da anteposição de imagens e sentimentos antagônicos:
Anjo de duas faces
Anjo de duas faces,o sol e as trevas, eis.E vós, Indecisão,serpente me venceis
Bigênito demônio solevando punhal, deuses escarnecendo, sois o Bem, sois o Mal?
Sorriso de mulherem pose de ivectiva,o choro da criançaNão morta, semiviva
Anjo de duas faces, duplo lago reflete - o olhar de uma condena, o olhar de outra promete.
Affonso Ávila
O rebuscamento, sutileza e complexidade das idéias:
os remédios do amor e o amor sem remédio são as quatro coisas e uma sóo primeiro remédio é o tempotudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acabaatreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera?são as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito.
Affonso Ávila
É fácil notar que muitos dos exemplos da herança foram versos de C.D. de Andrade. De fato, este grande poeta contemporâneo tem a "alma barroca", isto é, sua sensibilidade combina com a do estilo barroco, e isso se manifesta em inúmeros poemas seus.
A poesia de Affonso Ávila, embora esteja ligada a tendências predominantemente concretistas (seus poemas buscam, em geral, uma interligação entre os aspectos temático, rítmico e visual), também carrega essa herança barroca. Tal herança parece ser incorporada e trabalhada de forma consciente pelo poeta, que denominou um de seus livros de Barrocolagens. Nesta obra, o autor realiza, de fato, colagens de textos de Vieira, Gregório de Matos e Gôngora, entre outros, misturados a versos de sua autoria, nos quais reproduz o estilo discursivo e a temática barroca.
Apesar de possuírem características barrocas, não se pode dizer que os textos de Drummond e Ávila são barrocos, pois eles se compõem, em sua predominância, de traços que caracterizam a literatura do nosso tempo. A técnica da colagem de Affonso Ávila, por exemplo, é tendência da arte moderna. Os poemas de Drummond, por sua vez, apresentam uma visão moderna do universo, ainda que os sentimentos do poeta se manifestem, muitas vezes, através de formas barrocas de expressão.
O que ocorre é que temas como o conflito, a morte, o grotesco, o absurdo da vida são eternos, sempre preocuparam e sempre preocuparão o ser humano. Por razões histórico-sociais, esses temas preocuparam especialmente o homem barroco. Pode ser que uma situação histórica semelhante volte a ocorrer em nosso século e, assim, um novo barroco literário torne a se manifestar.
Notas
1. Retirado e/ou adaptado de Prof. Fernando Teixeira de Andrade, Literatura I - Curso Objetivo. Páginas 1 a 4. Ed. Cered, São Paulo.
2. Retirado e/ou adaptado de William Roberto Cereja e Thereza Analia Cochar Magalhães, Literatura Brasileira. Páginas 34 a 37. Ed. Atual, São Paulo, 1995
3.Retirado e/ou adaptado de Prof. Ádino José Cardoso, Apostilas e Materiais de Aula. Colégio WR, 1996 a 1999.
4.Retirado e/ou adaptado de José de Nicola e Ulysses Infante, Gramática Contemporânea da Língua Portuguesa. Páginas 431 a 447. Ed. Scipione, São Paulo, 1995.
História - 1ª ano.
Através deste trabalho passaremos contar com os maiores detalhes possíveis sobre a vida e costumes de um povo que viveu em uma época ( por volta de 2.300 antes de nossa era) . E que hoje nos traz uns dos grandes mistérios que já foram estudados e ainda continuam a pesquisar. Sobre as ruínas de Stonehenge.e a ilha de Páscoa e seu povo.
Esse povo pelo que foi estudado tinham um certa veneração especial. por esse local. Foi recolhido neste local fragmentos de cerâmica. Infelizmente parece ser insuficiente as provas que esses homens tenham erguido esses grandes monumentos.
Ao meditar sobre os mistérios de Stonenge, vale lembrar que, naquela época, diferente tribos e autoridades contribuíram para a construção de Stonehenge. Cada um pode Ter tido objetivos diferentes para construir o monumento. Os Arqueólogos, no entanto, ainda consideram a hipótese de uma construção religiosa.
E sobre as origens das estatuas da ilha de Páscoa, os habitante nunca souberam dar explicação alguma. Pode Ter acontecido que os ilhéus tenham conseguido transportar por longos trechos e levantar as pesadas estátuas com meios rudimentares de que dispunham, mas os pascoanos não poderiam lançar mão de toras, porque, dado o estrato de terra demasiado fino que recobre as rochas vulcânicas, a ilha não pode sustentar árvores.. também o fato de muitas cabeças caídas e a escultura de outras Ter sido repentinamente suspensa permanece obscuro, alguns falam numa revolução religiosa que teria levado a supressão do culto dos antepassados, e essa parece, para muitos, a única explicação viável.
Não podemos esquecer que as tribos que viveram na Inglaterra em Stonenge, eram povos guerreiros. E os povos que viveram na ilha de Páscoa no começo da descoberta da ilha eram selvagens e nada sociável, mas com o tempo foram dizimados pelos homens brancos e o que sobrou tornaram se pacíficos e muitos foram escravizados.
Os construtores de Stonehenge
Esses povos primitivos que podem ter sido os autores da construção de Stonehenge viveram por volta de 2.300 antes de nossa era ao sul da Inglaterra, como também em outros países da Europa Ocidental. Eram tribos de aborígenes australianos que para sobreviver caçavam e pescavam, utilizavam o couro dos animais para as vestimentas e faziam armas como arpões e anzóis. Quando a caça escasseava comiam frutas silvestres mas que existia aleatoriamente nos matos não que eles plantassem, eram incapazes de armazenar alimentos para o caso de uma emergência. Eles precisavam caçar todos os dias para poder se alimentar. As coisas mudaram com o surgimento de um grupo que passou a viver nas redondezas, já mais evoluído que o primeiro. Praticavam a agricultura e criação de animais, criavam principalmente gado de chifres. Aos poucos se infiltraram no interior do país e foram alterando as florestas, tornando- as ralas. Não conheciam metais, o conjunto de ferramenta desta civilização permanece ainda rudimentar. Foram encontradas as charruas em pedra talhada, machados em pedra polida, picaretas em galharias de cervo, agulhas de ossos e uma cerâmica bastante grosseira. Eles também domesticaram o cão, pareciam ser canibais e às vezes praticavam o sacrifício humano em casos especiais. Os campos não pareciam ser sua habitação permanente, usados talvez para guardarem seus gados, ou como refúgios provisórios. Esses homens se organizavam de maneira diversa da maioria das sociedades atuais, não conheceram o controle do Estado, isto é, não existia no interior dessas sociedades a autoridade da hierarquia, a relação de poder e a dominação dos homens. O chefe não tinha poder de coesão sobre a comunidade, sua função estava diretamente relacionada aos conflitos que porventura pudessem surgir entre os indivíduos. Nesse caso, ele procurava manter a ordem e a concorrida entre as pessoas que compunham a tribo. E, como prestígio não significava poder, força ou autoridade, sua tarefa de pacificador limitava- se ao uso da palavra, a partir de sua eloqüência e capacidade de persuasão, pois ele não era um juiz nem sua palavra tinha força de lei.
Os homens dignos de tal função eram escolhidos a partir de uma competência em oratória, habilidade como caçador ou capacidade de coordenar as atividades guerreiras. Tais homens deveriam estar a serviço da sociedade, para o seu bem–estar. Os povos primitivos jamais permitiram que seu chefe se transformasse em um déspota, pois ninguém era melhor que o outro. Daí podermos dizer que os chefes eram os “os primeiros entre iguais”. Com o aumento dos povos e a divisão de terras surgiram o conflito e as guerras. O chefe, que não tinha poder algum, devia fazer algo para aplacar a ira do povo e, talvez, dos astros (a lua e o sol) em que eles acreditavam, procurando um lugar sagrado para eles e que, conseqüentemente, o povo passasse a respeitar o chefe, e por isso construíram Stonehenge (ou talvez já estivesse lá e veio a calhar). Através da crendice do povo ignorante, os chefes passaram a manipulá-los e com isso aplacar as guerras.
As teorias de Stonehenge e outros monumentos
Baseando–se na teoria de vários arqueólogos e historiadores e também tirando por base teorias de outras fontes, podemos imaginar que Stonehenge poderia ter sido construído com o intuito de ser usado como instrumento de astronomia, sendo que, como naquele tempo não existia outra forma de predizer os estudos astrológicos, esta foi a forma que eles encontraram de deixar para a posteridade a sua herança. Por mais arcaica que seja, talvez haja outra explicação e várias conjecturas, mas nada objetivo. Estudam-se os povos de Stonehenge, os primeiros que estão nos livros de história, e os outros povos que passaram por aquele local, moraram e morreram ali(sendo que foram identificadas 345 sepulturas em sua volta), e talvez com outros hábitos e crenças que ainda não foram descobertos.
Stonehenge foi construída com pedras da região, uma pedra arenosa vermelha ou pedra de “sarsen”, chamada no local de “carneiros cinzentos”. Algumas dessas pedras, sobretudo as que, segundo se diz, foram destinadas a fins astronômicos, vieram trazidas de longe, provavelmente do norte da Irlanda. Cada pedra é um bloco cujo peso poria à prova as máquinas mais poderosas.
Outras estudos mostram que Stonehege não é a única construção que herdamos de antigas civilizações, e que até hoje não conseguimos decifrar a sua utilidade, pois tudo baseia-se em hipóteses e teorias.
Os segredos da Ilha de Páscoa
Prova disso é a Ilha da Páscoa (teapa, rapa – mui), nome dado à ilha pelos indígenas. É um ponto isolado a quase 200 milhas da costa sul – americana, tem cerca de doze milhas de comprimento por quatro de largura, e no seu centro vê-se uma cratera extinta que tem 1.050 pés de altura. A ilha está coberta de crateras há tanto tempo extintas, que não há tradição alguma quanto à época de sua atividade. Mas quem fez as imagens de pedra que hoje são as principais atrações para os visitantes da ilha? É mais provável que já estivessem ali quando chegaram os atuais habitantes( um punhado de selvagens polinésios). Duas estátuas melhores em questão de conservação, estão hoje no museu britânico. Outra teoria sobre a ilha da Páscoa diz que teria sido um aventureiro inglês, Davis, o primeiro a desembarcar na Ilha da Páscoa em 1687, mas é provável que o verdadeiro descobridor foi o navegador holandês Roggeveen, que lá chegou no dia da Páscoa de 1772, batizando com o nome da grande festa cristã aquele pequeno deserto rochoso que os indígenas chamavam Waihu. Aquela terra foi evidentemente devastada pôr erupções vulcânicas. O chão estava recoberto pôr grandes blocos de pedra, em cujo redor crescia a muito custo mirrada vegetação. Os europeus moviam- se com dificuldade naquele terreno acidentalissimo, enquanto os indígenas pulavam de rocha em rocha com surpreendente agilidade. Não podemos desmenti-los quando afirmam que a ilha possui aspecto não atraente, aparência ainda mais entristecida pelos recifes e duas pontas rochosas que sobressaem acima do mar, em frente á extremidade meridional, uma das quais, sempre flagelada pôr furiosos vagalhões, assemelha –se a uma gigantesca e ameaçadora coluna. Os indígenas que foram encontrados eram de estatura mediana, magros, cor acastanhada, cabelos pretos e crespos. Mas entre eles havia também homens brancos e barbudos. Selvagens há várias gerações, a existência que todos levavam era, dada a inospitalidade da pátria, verdadeiramente miserável. Na única nascente de água doce, os habitantes formavam fila permanente Para beber e para lavar–se. Mas em 1859 e 1862 desembarcaram na ilha bandos de aventureiros peruanos sem escrúpulos, que reduziram á escravidão e deportaram para as terras do guano o povo inteiro, inclusive o rei Marata. O bispo de Taiti, Jaussen, enviou a Lima enérgico protesto, conseguindo a repatriação dos infelizes. Mas só alguns voltaram, trazendo varíola, lepra e sífilis, além de outras doenças contraídas nos lugares insalubres onde foram obrigados a trabalhar. Em 1864, quando o padre Eynaud, primeiro missionário, desembarcou em Páscoa, encontrou somente poucas centenas de pessoas em muito mau estado. Contudo, o capitão do navio, que havia trazido o missionário, achou–os plenamente aptos para trabalhar como escravos nas plantações de Taiti, e assim uma centena de habitantes novamente conheceu a deportação. Aos restantes, o destino reservara outra desventura: chegou á ilha um embusteiro chamado Dutroux–Bornier que, afirmando ter comprado aquela terra do rei de Taiti (ao qual parecia pertencer não sabemos porque), apoderou–se da única riqueza dos Indígenas – alguns rebanhos de magras ovelhas – e instaurou um regime tão tirânico que os pascoanos, embora tímidos e pacíficos, acabaram por assassiná–lo.
Morto o rei de Taiti, Tati Salmon, a ilha foi herdada pela família Brander, que em 1888 a vendeu ao Chile, do qual ainda hoje é a única colônia. Quando falamos na ilha de Páscoa, a primeira imagem que aparece é a de gigantescas cabeças de pedra, os monumentos mais esquisitos e imponentes da terra. Foram entalhadas em pedra vulcânica, no interior da cratera, 300 cabeças e depois erguidas e transportadas sobre plataformas até 16 quilômetros de distância. Alguns desses colossos pesam 30 toneladas e sua altura varia entre 3,50 e 20metros. Existe um, inacabado, que mede aproximadamente 50 metros! A curiosa e deprimente paisagem da Páscoa, as “cabeças de pedra” e as enigmáticas galerias subterrâneas foram a base de inúmeras lendas, e agora é a vez da ficção cientifica.
conclusão
Alguns pesquisadores passaram a tentar encontrar algumas explicações naturais para desvendar os mistérios desses colossos em pedra, como fenômenos climáticos inusitados, casualidade meteorológicas e outras hipóteses, mais complexas. Que através de nossas pesquisas mostram, quantos historiadores e antropólogos se dedicaram para chegar a uma conclusão, mas que até hoje só ficou em projetos e teorias. Poderíamos mergulhar num oceano de interrogações, a singular acolhida com todos os carismas pela ciência e defendido a humanidade pré histórica. Mas sobre o local que lhe deveria ser atribuído ao longo da evolução (será que esse povo, viveu e construiu algo tão misterioso quanto Stonehenge ou as cabeças gigantes da ilha de Páscoa, eram tão inteligente para tanto). muitas dúvidas. Em suma, deveriam ser levantadas sobre os supostos estágios de nossa evolução. Os antropólogos revelam-se freqüentemente cépticos perante as novas descobertas, principalmente quando elas não se ajustam ás teorias existentes. A pergunta, por enquanto, não tem resposta. Temos apenas por certo que o gênero ao qual esse povo pertenceu é antiquíssimo. Aceitamos o fato? não é possível achar solução. E então nada mais resta senão uma hipótese que o homem tenha chegado de um passado sem nomes e sem lembranças, com altas conquistas para em seguida mergulhar no mistério.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KOLOSIMO, Peter. Antes dos tempos conhecidos; tradução e notas de ANACLETO Valtorta e PAULO Sérgio M. Machado.4ª edição .editora Melhoramentos 1970. São Paulo. 45/46 p.
MOTA, Becho Myriam e BRAICK Ramos Patricia. História das cavernas ao terceiro milênio. Editora Moderna 1ª edição. São Paulo – 2000.- pg. 6/7. .
BLAVATSKY, Petrona Helena. Síntese da ciência, da Relligião e da Filosofia – Doutrina Secreta. Volume 3. Editora Pensamento pg. 355. São Paulo – 1989.
E mais anotações feitas em sala de aula, xerox, mais o recurso de filme ( o mistério de Stonehenge).
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Haiti - História 8ª série.
O país hoje conhecido como Haiti localiza-se numa ilha no mar do Caribe,cujo território é dividido com a República Dominicana. Tornou-se colônia espanhola em 1492,quando Cristóvão Colombo lá chegou. A ilha foi batizada como Hispaniola pelos espanhóis, e a cidade erguida para abrigar a sede administrativa colonial recebeu o nome de São Domingo.
Os habitantes originais, os índios Caraíba, foram submetidos ao trabalho forçado e rapidamente dizimados. Já em 1510 os espanhóis organizaram o tráfico de escravos africanos para plantar cana e produzir açúcar destinado ao mercado.
Com a conquista de outras regiões da América e principalmente do Império Asteca, os espanhóis praticamente abandonaram Hispaniola, pois lá não encontraram nem ouro nem prata. Em 1638,os franceses aproveitaram-se dessa situação e ocuparam a parte ocidental da ilha.A Espanha acabou reconhecendo o domínio francês sobre essa faixa territorial,que se tornou oficialmente colônia da França em 1697.
No fim do Século XVIII, época em que ocorria a Revolução Francesa e o inicio da Revolução Industrial na Inglaterra,a região do Haiti um grande número de plantações de cana-de- açúcar, e a maior parte da população era composta de escravos africanos e seus descendentes. Com a chegada das notícias do que acontecia na França e a divulgação das idéias de liberdade e igualdade,cresceu a tensão entre a maioria escravizada e a minoria branca dominadora.
Em 1791,sob o comando do negro liberto Toussaint Louverture, houve uma rebelião impulsionada por centenas de milhares de escravos,pondo fim ao domínio da população branca,que foi quase exterminada.
Louverture tornou-se então governador da colônia francesa. Decretou o fim da escravidão e proclamou uma constituição em 1801. Não declarou a independência: isso só ocorreu em 1804,após a sua morte. O ex-escravo Jean Jacques Dessalines liderou o movimento pela independência do Haiti, tornando –se o imperador do país sob o título de Jacques I . Em 1806, foi assassinado e o país, dividido. O Norte tornou-se um reino independente e o Sul, uma república . Em 1820, o Haiti foi reunificado sob a liderança do mulato Jean Byer,que se tornou presidente da República.
Responda:
1º - Qual é a localização do Haiti e qual é o mar que cerca a ilha?
2º - Em que ano Cristóvão Colombo chegou à ilha?
3º - Quem eram os habitantes originais da ilha?
4º - Qual o objetivo da revolta?
5º - Quais povos conquistaram Haiti ? E por que?
Texto do livro da 8ª série de história – História Temática. O mundo dos Cidadãos
Cabrini –Catelli – Montellato.
Grandeza e miséria rio abaixo.
O aproveitamento dos rios brasileiros é bastante modesto – sobretudo comparado ao de rios de outras partes do mundo - ,por outro lado eles desempenharam importante papel na definitiva formação do território nacional.
Ao norte do Brasil, por exemplo, a Bacia Amazônica foi um dos mais relevantes fatores da expansão territorial. A delimitação geográfica dessa área foi possível - entre outras coisas – porque os portugueses conquistaram o controle da foz do Amazonas e penetraram para o interior da região, utilizando-se para tanto dos cursos de água navegáveis. Pois quase todos os rios da rede amazônica oferecem condições de navegabilidade. No Sul do Brasil, os rios Paraná, Paraguai e Uruguai (bacia do prata) explicam sua conformação afunilada e formam o limite natural entre as terras das antigas dependências portuguesas e espanholas. Nessa região internaram-se os portugueses partindo de zonas de cabeceiras, enquanto os espanhóis o fizeram a partir da foz. Por isso, os trechos de planalto, nessa área, tornaram-se portugueses, e o das planícies espanhóis.
A função do São Francisco, rio inteiramente brasileiro por sua posição, foi sobretudo a de articular as terras setentrionais com as meridionais. Orientando em sua maior parte no sentido sul-norte, constitui uma via de passagem, definindo-se durante séculos como o principal eixo viário entre áreas do Nordeste e do Sudeste. Assim, contribuiu também para a determinação do território nacional.
A história do São Francisco.
O vale do São Francisco está ligado ao processo de povoamento e a valorização da terra pelos europeus desde o inicio da colonização. A partir de 1501, ano em que sua foz foi atingida por André Gonçalves e talvez por Américo Vespúcio, a abundância do pau – brasil existente nas vizinhanças passou a atrair franceses e portugueses.
Durante todo o século XVI, várias expedições exploradoras vasculharam o Vale do São Francisco, partindo ora de Olinda, ora de Salvador. Na centúria seguinte, a região constituía passagem para o gado e mercadorias diversas, que se destinavam aos sertões do Piauí e as demais terras próximas. Surgiram então pequenos centros urbanos. Mas só a partir de fins do século XVII iniciou-se um povoamento sistemático do Vale do São Francisco, realizado principalmente por pernambucanos , baianos e paulistas. Na Bacia Superior, os paulistas descobriram grandes riquezas minerais, sobretudo o ouro. A região logo se tornou densamente povoada; transformou-se ,assim , em importante centro consumidor e estimulou a criação de gado já existente no vale Médio. Completavam-se mutuamente a civilização das minas e a do couro, efetuando a integração econômica de uma área cujo devassamento e povoamento se fizeram a partir de diversos pontos. Nesse sentido, o São Francisco foi de fato o “ rio da unidade nacional” , como é chamado : por seu intermédio , no século XVIII se uniram, direta ou indiretamente, o núcleo econômico seiscentistas com o núcleo econômico setecentista da colônia.
O homem da ribeira
A vida dos barranqueiros – habitantes das margens do São Francisco – depende estreitamente do regime do rio. Na passagem do período das cheias (fevereiro – abril) para o da vazante, os barranqueiros aproveitam a fertilidade do solo para praticar a agricultura de subsistência ; além disso, pescam para o próprio consumo, ou vendem lenha aos vapores que navegam no curso médio. Mas na época das cheias sua situação é terrível. As águas invadem as margens menos elevada, arrebatando de uma hora para a outra, casebres e animais e roças. Os barrancos muitas vezes desmoronam, solapados pelas águas. Na estiagem, o rio retorna ao leito, deixando atrás de si uma enorme massa de sedimentos de matéria orgânica, que fertilizarão o solo para novo plantio. É um reinicio, até que as águas voltem e o pesadelo recomece.
Mesmo na estiagem, época de fartura, o barranqueiro tem sua capacidade de trabalho reduzida pela maleita, que assola o Vale após a descida das águas. Não só a maleita o ataca. Com ela costumam vir também o impaludismo, a opilação, o mal de Chagas, o cansaço, a fraqueza, o desespero.
Findo mais um dia de difícil trabalho, o barranqueiro se recolhe a sua casa: geralmente baixa e pequena, construída de madeira e barro, coberta de palha ou casca de árvore. Dentro, tamboretes, catres, banquinhos, gamelas, sacos de farinha compõem o mobiliário da sala. Na cozinha, o fogão e a almofada de bilros. No quarto, esteiras no chão, onde as moças tecem rendas. Circundam a casa pequenas plantações de feijão e milho, melancia e arroz, cana- de- açúcar e mandioca, que chegam para o gasto. E algumas pilhas de lenha, que com alguma sorte, serão vendidas ao primeiro vapor que aparecer.
A comida é feijão farinha de mandioca, peixe, torresmo carne- de- sol, rapadura. De vez em quando carne –de- bode. A refeição geral é a do meio- dia, a “jacuba”, composta de farinha de mandioca, rapadura e água. Os que trabalham na extração de lenha ou no rio como remeiros fazem ainda mais duas refeições, pela manhã e a noite.
A família é grande. Cinco crianças em média. Assim mesmo, as mulheres, além das tarefas domésticas, trabalham também na roça. É que a miséria castiga ali há mais de um século. E a vida é curta: dificilmente ultrapassa a média de 45 anos.
Geografia - A economia do continente asiático. continuação texto anterior.
África e colonialismo.Geopolítica.
Exploração mercantilista.
A exploração mercantilista da África ocorreu nos séculos XV a XIX. É considerada uma colonização periférica,com a ocupação de algumas áreas litorâneas,entrepostos de comercialização de mercadorias e escravos. O continente africano era considerado importante fornecedor de mão - de - obra escrava para sustentar as colônias que se estruturavam no continente americano, além de área de apoio para reabastecer os navios que viajavam para a Ásia.
Exploração imperialista.
A partir da segunda metade do século XIX,com a ocupação efetiva do território africano pelos europeus,deu-se a exploração iimperialista. As inovações tecnológicas da Segunda Revolução Industrial aumentaram a capacidade de produção,exigindo a busca por novas fontes de matérias -primas,bem como novos mercados para os produtos.
Em 1884 - 1885, realizou -se a Conferência de Berlim;nela,as potências estabeleceram a partilha do continente africano. Isso levou à destruição das estruturas sociais e econômicas das antigas comunidades africanas.
Para definir as fronteiras de territórios coloniais, as potências européias separavam tribo amigas e colocavam num mesmo território tribos inimigas, com o objetivo de dificultar alianças que colocassem em risco seus domínios. Também tiraram tribos de suas atividades tradicionais,transferindo-as para as que mais interessavam às metrópoles, isto é, para agricultura de exportação – plantations – ou para o trabalho nas minas.
Texto da apostila do Expoente - ano 2004.