Cristóvão Colombo
As grandes viagens por mar e a exploração de terras desconhecidas constituíram, desde a antigüidade, um dos principais empreendimentos da humanidade. Durante o século XV, o sonho de um navegante, Cristóvão Colombo, e a necessidade de abrir novos horizontes aos mercados europeus tornaram possível um dos maiores feitos da história universal: a descoberta do Novo Mundo. São muitas as hipóteses sobre a nacionalidade de Colombo, geradas pela insistência de alguns biógrafos em ocultar sua procedência, possivelmente humilde, e pelas ambíguas declarações do navegador com respeito a suas próprias origens. O assunto parece ter sido esclarecido com o testemunho da Raccolta colombina, documento que atesta a procedência genovesa da família Colombo, e do Documento Aseretto, ata notarial em que um indivíduo chamado Cristoforo Colombo declara ser natural de Gênova. Filho do tecelão Domenico Colombo e de Suzanna Fontanarossa, Cristóvão Colombo (Cristoforo Colombo) nasceu em Gênova, em 1451. Pouco se sabe sobre sua vida no período que precedeu a descoberta da América. Acredita-se que sua vocação tenha sido sempre a navegação e que iniciou muito cedo, aos 14 anos, a vida de marinheiro. Participou de diversas expedições pelo Mediterrâneo e completou sua experiência náutica com a leitura de obras sobre viagens. Numa expedição pesqueira de que participou aos 25 anos de idade, transpôs o estreito de Gibraltar. Com o naufrágio do barco em que viajava em águas próximas ao litoral português, transferiu-se para outra embarcação e iniciou uma longa viagem pelas ilhas Britânicas até a Islândia. Em seguida fixou residência em Lisboa, onde se casou com a filha de Bartolomeu Perestrelo, donatário da ilha de Porto Santo e profundo conhecedor de tudo que até então se escrevera sobre viagens. Além de aprofundar seus estudos, Colombo prosperou na marinha mercante. Suas viagens à Inglaterra, França e Islândia fizeram dele um navegador experiente, preparado para as descobertas. Por meio da correspondência que mantinha com o geógrafo florentino Paolo de Toscanelli, convenceu-se de que era muito pequena a distância entre o extremo ocidental da Europa e o extremo oriental da Ásia, e acredita-se que tenha estudado mapas que indicavam a existência de terras a oeste da Europa. Nessa época, a tese da esfericidade da Terra tinha já o apoio dos estudiosos. Em 1484, com um bem estruturado plano de viagem, Colombo obteve uma audiência com D. João II, rei de Portugal, a quem pediu uma frota para viajar na direção do oeste, com o objetivo de chegar às Índias, terra dos metais preciosos, sedas e especiarias. Aconselhado pela comissão encarregada de examinar o projeto, o monarca rejeitou o pedido de Colombo, que logo depois enviuvou. Partiu então com o filho Diego com destino à Espanha. A primeira etapa da viagem de Colombo levou-o ao convento de Rábida, próximo ao porto de Palos, onde conheceu os frades Juan Pérez e Antonio de Marchena, que se interessaram pelo projeto e o aconselharam a falar diretamente com os reis Fernando e Isabel. Seus planos foram então submetidos a uma junta de navegantes e sábios que acabou por rejeitá-los. Colombo transferiu-se para a cidade de Córdoba, onde se casou novamente e nasceu-lhe o segundo filho, Fernando, que seria um de seus primeiros biógrafos. Uma nova recusa de seu projeto pelos reis espanhóis deixou Colombo profundamente decepcionado, mas em Rábida obteve dos padres Pérez e Marchena a promessa de que voltariam a interceder por ele junto aos soberanos. Nessa época, Colombo travou conhecimento com Martín Alonso Pinzón, que passou a ser um valioso aliado. Em 1491, Colombo conseguiu uma nova audiência com os reis católicos, graças aos esforços dos religiosos de Rábida. Isabel ordenou que o projeto fosse mais uma vez submetido a seus conselheiros, que acabaram por aprová-lo. Em 17 de abril foram assinadas as Capitulações de Santa Fé, documentos que conferiam a Colombo e seus descendentes a posse das terras descobertas, a décima parte das riquezas que conquistasse e lhe concediam o vice-reinado e o governo dos territórios. O navegador foi também nomeado almirante, com todas as prerrogativas dos almirantes de Castela. O prestígio e a autoridade de Martín Alonso Pinzón e de seu irmão Vicente Yáñez Pinzón permitiram que fossem armadas três embarcações: a nau Santa María, comandada por Colombo; e as caravelas La Pinta, sob as ordens de Martín Alonso Pinzón, e La Niña, comandada por Vicente Yáñez Pinzón. Com uma tripulação calculada por alguns autores em 88 homens, a frotilha zarpou do porto de Palos em 3 de agosto de 1492. Dessa expedição não participavam religiosos, pois seu principal objetivo era estabelecer relações comerciais com a Índia, para recuperar a economia espanhola comprometida no acordo de Alcaçarias, assinado com Portugal. Descobrimento. Depois de uma parada nas ilhas Canárias, para reparar a caravela La Pinta, a esquadra retomou a viagem em 6 de setembro, navegando para oeste. Os freqüentes sinais de terra próxima não tranqüilizaram a tripulação que, ao fim de um mês, passou a manifestar descontentamento e a exigir o regresso. O almirante e seus imediatos enfrentaram momentos difíceis, em que o motim era iminente. Finalmente, na madrugada de 11 de outubro, o vigia da La Pinta, Rodrigo de Triana, avistou terra. Colombo desembarcou no dia 12 e tomou posse das terras em nome de Castela, em local que é hoje uma das ilhas Bahamas -- chamada pelos nativos de Cuanahani -- a que Colombo deu o nome de San Salvador (Watling). O navegador, que acreditava ter chegado ao Extremo Oriente, prosseguiu viagem na tentativa de alcançar a China e o Japão. Chegou assim às Antilhas, percorreu Cuba e aportou na ilha a que deu o nome de Hispaniola (atualmente ocupada pela República Dominicana e pelo Haiti), onde estabeleceu o fortim de La Navidad. De regresso à Espanha, foi chamado à corte, em Barcelona, onde os soberanos receberam-no com grandes honras. Teve então confirmados todos os privilégios que lhe haviam sido prometidos e recebeu a incumbência de voltar a Hispaniola para dar início à colonização. Em setembro de 1493 Colombo partiu em nova expedição. Acompanharam-no 1.500 homens, entre os quais 12 religiosos, fidalgos e servidores da casa real. Os 17 navios que zarparam do porto de Cádiz transportavam ainda animais, plantas, sementes e instrumentos agrícolas. Colombo descobriu então as pequenas Antilhas, inclusive Porto Rico. Em Hispaniola encontrou destruído pelos indígenas o forte que erigira. Em janeiro de 1494 fundou Isabela, primeira cidade estabelecida no Novo Mundo pelos europeus. Colombo enviou à Espanha 12 de seus navios, comandados por Antonio Torres, com cartas dirigidas aos soberanos em que narrava os acontecimentos. Empreendeu a exploração de Cuba e descobriu uma nova ilha a que deu o nome de Santiago (Jamaica). A situação na colônia, no entanto, tornava-se caótica. Decepcionados por não terem feito fortuna, os homens que Colombo lá deixara haviam partido para a Espanha, onde fizeram graves acusações contra o navegador. Enviado pelos soberanos para observar a situação, Juan de Aguado tentou sobrepor-se à autoridade de Colombo, que regressou à Espanha em busca de justiça. Os reis confirmaram-lhe as prerrogativas e autorizaram-no a empreender a terceira viagem. A terceira expedição de Colombo foi precedida de muitas dificuldades. Já não se acreditava na lenda do ouro, e para conseguir a tripulação necessária, o navegador foi obrigado a aceitar criminosos indultados. A expedição teve início em maio de 1498, quando Colombo zarpou rumo a sudoeste para chegar à ilha de Trinidad e depois acompanhar o litoral da América do Sul, do golfo de Pária à foz do Orinoco. Ao chegar a Santo Domingo -- cidade que seu irmão Bartolomeu fundara depois de abandonar Hispaniola devido à hostilidade dos índios -- encontrou as autoridades por ele nomeadas em plena rebelião. Foi obrigado a submeter-se à humilhação de assinar um acordo com os rebeldes. Informados do que se passava, os reis católicos designaram Francisco de Bobadilla para promover um inquérito, assumir o governo e destituir Colombo, que prendera muitos de seus inimigos e condenara à morte alguns deles. Detidos, Colombo e seus irmãos foram levados à Espanha, onde mais uma vez os reis Fernando e Isabel lhe fizeram justiça, mas não o reintegraram no governo das Índias. A 9 de maio de 1502, Colombo partiu de Cádiz para sua quarta viagem, dessa vez acompanhado do irmão Bartolomeu e do filho Fernando. Descobriu a ilha de Martinica a 15 de junho e seguiu para Hispaniola, onde seu desembarque foi proibido pelo governador Nicolás de Ovando. Partiu, então, para a ilha de Cuba e logo depois desembarcou em Honduras, prosseguindo até o golfo de Darién. Logo depois chegava a Santo Domingo. Doente e abatido, Colombo iniciou o regresso à Espanha em setembro de 1504. Sua protetora, Isabel, morreu antes que ele chegasse. Ao contrário do que se acredita, o navegador não viveu seus últimos anos pobre e esquecido. Teve a sobrevivência garantida por rendas e se dedicou a lutar pela recuperação dos direitos sobre as terras que havia descoberto. Nunca teve noção, entretanto, da importância de seu feito nem soube da existência de um novo continente entre a Europa e a Ásia. Colombo morreu em 21 de maio de 1506, em Valladolid, convencido ainda de que chegara às Índias. Os historiadores jamais conseguiram solucionar a polêmica sobre a localização dos restos mortais do navegante, cuja canonização chegou a ser discutida sob o pontificado de Leão XIII. Colombo pedira que seus restos fossem sepultados em Hispaniola e, em 1542, a viúva de seu filho Diego obteve permissão de Carlos V para que fossem transladados da catedral de Sevilha para a catedral de São Domingos. Quando a ilha se tornou possessão francesa, no final do século XVIII, foram transladados para Havana restos que se acreditava fossem os de Colombo. Em 1877, porém, o muro sobre o qual se apoiava o altar-mor da catedral de São Domingos foi demolido. Encontrou-se então um cofre com inscrições que diziam ser aqueles os restos mortais do descobridor.
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terça-feira, 25 de agosto de 2009
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