Era uma vez um jovem cacique que morava numa tribo no sul do país e era amado por duas jovens índias.
As garotas queriam tanto bem ao rapaz que faziam qualquer coisa para estar ao seu lado.
Quando viam o belo cacique seus olhos brilhavam e elas se tornavam as mais adoráveis criaturas da aldeia.
Nas noites de dança elas preparavam-se com esmero,banhando o corpo na água doce e em seguida esfregando folhas perfumadas que eram para pele ficar bem cheirosa.
Penteavam os longos cabelos negros,adornavam-se com as mais belas plumas e dançavam para o cacique sob a magia da lua e o olhar curioso do deus Tupã.
As duas eram belas e fortes e o jovem índio não tinha claro quais seriam os critérios que o levariam a escolher esta ou a aquela que tivesse a melhor pontaria.
Assim começaram os preparativos para a prova. Um minúsculo alvo foi colocado no alto de uma árvore e tingido com a cor do urucum.
As índias prepararam os melhores arcos e flechas e nos dias que precederam a prova,elas desapareceram na floresta, certamente para preparar o corpo e o espirito para o grande dia.
Chegou o momento esperado. O dia amanheceu lindo e frio no sul do Brasil, mas um sol aquecia a terra e aqueles que nela habitavam.
Da floresta as índias ouviram os sons que vinha da aldeia. a cerimônia havia começado e elas conseguiam distinguir cada canto,cada voz,cada instrumento tocado,cada um no seu canto,pediu a benção de Tupã e em seguida dirigiram-se para o local da prova.
Lá chegando viram as mulheres, as crianças e os homens da aldeia a esperarem por elas e o jovem cacique á frente dos seus guerreiros.
Ao vê-las ele se aproximou e disse-lhes palavras amáveis e encorajadora e em seguida deu o sinal para que a primeira delas iniciasse a prova.
Essa moça chamava-se Oribici e mantinha no seu coração tanto amor pelo jovem cacique que a possibilidade de não acertar o alvo, fez a suas mãos fortes tremerem e assim sua flecha, tantas vezes certeira desviou-se,fazendo o trajeto torto e desajeitado, indo parar em alguns centímetros do minúsculo alvo.
A segunda Índia, percebendo o erro da amiga ficou ainda mais confiante, com suas forças redobradas e viu a sua esperança brilhar. Apanhou,destemida, o seu arco, apontou a flecha para o alvo iluminado pela luz do sol, inspirou e soltou o ar e a corda retesada. A flecha fez um caminho certeiro e firme e repousou no centro da cor de urucum.
Não havia o que questionar,a segunda índia foi escolhida e Oribici vencida. O amor a traiu fazendo tremer as suas mãos fortes. Então,sem pensar tomada por um impulso de tristeza e dor,fugiu para a mata deixando atrás de si um rio de lágrimas doces e sentidas. Tomada pelo cansaço da corrida sem rumo e com peito doido de tanto chorar,Oribici caiu no chão e as lágrimas que ainda rolavam dos seus olhos negros formaram um lago a sua volta.
Ali a moça ficou durante o resto do dia, ora maldizendo as suas mãos,ora clamando pelo amor perdido.
Sua dor era tanta que comoveu o grande Tupã e ele deu ouvidos as suplicas da jovem. O que ela pedia ao deus Tupã é que ele a transformasse em um pequeno pássaro, para estar perto do seu amor sem ser vista por ele. Tupã atendeu ao seu pedido e então Oribici transformou-se num pássaro lindo, com o corpo coberto por uma plumagem verde e uma grande cauda da cor do alvo que ela não acertou. A cauda avermelhada a deixava ainda mais bela e ela voou para perto do cacique, pousou no seu ombro e dali pode assistir a cerimonia do casamento. Aquilo machucou mais ainda o seu pequeno coração de pássaro e então resistindo voou,voou,voou,por dias,meses,até chegar no outro extremo do país.
Nem o cansaço da longa viagem que a levara até a Amazônia acalmou a sua dor.
Tupã comovido com o amor sincero da pequena Índia pássaro deu-lhe de presente um canto tão melodioso, tão doce como não há outro igual Oribici passou a ser chamada de Uirapuru, o pássaro que não é pássaro. Quando o Uirapuru canta, todos os outros pássaro se calam para ouvir, todos, todos os pássaros se calam para ouvir o lamento de Oribici.
sexta-feira, 13 de julho de 2012
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