segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Curiosidades que faz parte da História do Brasil.

Folclore Brasileiro

Mitos e Lendas do Brasil, mitologia, contos e lendas populares, lendas e mitos da cultura popular brasileira, Saci-Pererê, curupira, boitatá, lobisomem e mula-sem-cabeça, festas populares, Dia do Folclore, festividades e comemorações, contos folclóricos do nordeste


As lendas são estórias contadas por pessoas e transmitidas oralmente através dos tempos. Misturam fatos reais e históricos com acontecimentos que são frutos da fantasia. As lendas procuraram dar explicação a acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais.
Os mitos são narrativas que possuem um forte componente simbólico. Como os povos da antiguidade não conseguiam explicar os fenômenos da natureza, através de explicações científicas, criavam mitos com este objetivo: dar sentido as coisas do mundo. Os mitos também serviam como uma forma de passar conhecimentos e alertar as pessoas sobre perigos ou defeitos e qualidades do ser humano. Deuses, heróis e personagens sobrenaturais se misturam com fatos da realidade para dar sentido a vida e ao mundo.

Algumas lendas, mitos e contos folclóricos do Brasil:

Boitatá
Representada por uma cobra de fogo que protege as matas e os animais e tem a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Acredita-se que este mito é de origem indígena e que seja um dos primeiros do folclore brasileiro. Foram encontrados relatos do boitatá em cartas do padre jesuíta José de Anchieta, em 1560. Na região nordeste, o boitatá é conhecido como "fogo que corre".

Boto
Acredita-se que a lenda do boto tenha surgido na região amazônica. Ele é representado por um homem jovem, bonito e charmoso que encanta mulheres em bailes e festas. Após a conquista, leva as jovens para a beira de um rio e as engravida. Antes de a madrugada chegar, ele mergulha nas águas do rio para transformar-se em um boto.

Curupira
Assim como o boitatá, o curupira também é um protetor das matas e dos animais silvestres. Representado por um anão de cabelos compridos e com os pés virados para trás. Persegue e mata todos que desrespeitam a natureza. Quando alguém desaparece nas matas, muitos habitantes do interior acreditam que é obra do curupira.

Lobisomem
Este mito aparece em várias regiões do mundo. Diz o mito que um homem foi atacado por um lobo numa noite de lua cheia e não morreu, porém desenvolveu a capacidade de transforma-se em lobo nas noites de lua cheia. Nestas noites, o lobisomem ataca todos aqueles que encontram pela frente. Somente um tiro de bala de prata em seu coração seria capaz de matá-lo.

Mães-D’água
Encontramos na mitologia universal um personagem muito parecido com a mãe-d’água: a sereia. Este personagem tem o corpo metade de mulher e metade de peixe. Com seu canto atraente, consegue encantar os homens e levá-los para o fundo das águas.

Corpo-seco
É uma espécie de assombração que fica assustando as pessoas nas estradas. Em vida, era um homem que foi muito malvado e só pensava em fazer coisas ruins, chegando a prejudicar e maltratar a própria mãe. Após sua morte, foi rejeitado pela terra e teve que viver como uma alma penada.

Pisadeira
É uma velha de chinelos que aparece nas madrugadas para pisar na barriga das pessoas, provocando a falta de ar. Dizem que costuma aparecer quando as pessoas vão dormir de estômago muito cheio.

Mula-sem-cabeça
Surgido na região interior, conta que uma mulher teve um romance com um padre. Como castigo, em todas as noites de quinta para sexta-feira é transformada num animal quadrúpede que galopa e salta sem parar, enquanto solta fogo pelas narinas.

Mãe-de-ouro
Representada por uma bola de fogo que indica os locais onde se encontra jazidas de ouro. Também aparece em alguns mitos como sendo uma mulher luminosa que voa pelos ares. Em alguns locais do Brasil, toma a forma de uma mulher bonita que habita cavernas e após atrair homens casados, os faz largar suas famílias.

Saci-Pererê
O Saci-Pererê é representado por um menino negro que tem apenas uma perna. Sempre com seu cachimbo e com um gorro vermelho que lhe dá poderes mágicos. Vive aprontando travessuras e se diverte muito com isso. Adora espantar cavalos, queimar comida e acordar pessoas com gargalhadas.

Curiosidades:
- É comemorado com eventos e festas, no dia 22 de Agosto, aqui no Brasil, o Dia do Folclore.

- Em 2005, foi criado do Dia do Saci, que deve ser comemorado em 31 de outubro. Festas folclóricas ocorrem nesta data em homenagem a este personagem. A data, recém criada, concorre com a forte influência norte-americana em nossa cultura, representada pela festa do Halloween - Dia das Bruxas.

- Muitas festas populares, que ocorrem no mês de Agosto, possuem temas folclóricos como destaque e também fazem parte da cultura popular.

Trava Línguas
Saiba o que são e conheça os mais populares trava línguas do folclore brasileiro


Trava línguas: uma brincadeira com palavras e frases


O que são

Podemos definir os trava línguas como frases folclóricas criadas pelo povo com objetivo lúdico (brincadeira). Apresentam-se como um desafio de pronúncia, ou seja, uma pessoa passa uma frase difícil para um outro indivíduo falar. Estas frases tornam-se difíceis, pois possuem muitas sílabas parecidas (exigem movimentos repetidos da língua) e devem ser faladas rapidamente. Estes trava línguas já fazem parte do folclore brasileiro, porém estão presentes mais nas regiões do interior brasileiro.


Exemplos de Trava Línguas (devem ser falados rapidamente sem pausas)

· Pedro tem o peito do pé preto, O peito do pé de Pedro é preto; Quem disser que o peito do pé de Pedro é preto, Tem o peito do pé mais preto que o peito do pé de Pedro.

· A vaca malhada foi molhada por outra vaca molhada e malhada.

· Um ninho de mafagafos, com cinco mafagafinhos, quem desmafagafizar os mafagafos, bom desmafagafizador será.

· Há quatro quadros três e três quadros quatro. Sendo que quatro destes quadros são quadrados, um dos quadros quatro e três dos quadros três. Os três quadros que não são quadrados, são dois dos quadros quatro e um dos quadros três.

· Chupa cana chupador de cana na cama chupa cana chuta cama cai no chão.

· Pinga a pipa Dentro do prato Pia o pinto e mia o gato.

· O rato roeu a roupa do rei de Roma.

· Pinga a pia apara o prato, pia o pinto e mia o gato.

· O princípio principal do príncipe principiava principalmente no princípio principesco da princesa.

· Quico quer caqui. Que caqui que o Quico quer? O Quico quer qualquer caqui.

· Três pratos de trigo para três tigres tristes.

· Luzia lustrava o lustre listrado, o lustre listrado luzia.

· Sabendo o que sei e sabendo o que sabes e o que não sabes e o que não sabemos, ambos saberemos se somos sábios, sabidos ou simplesmente saberemos se somos sabedores.

· Fala, arara loura. A arara loura falará.

· Se o Arcebispo-Bispo de Constantinopla a quisesse desconstantinoplizar, não haveria desconstantinoplizador que a desconstantinopllizasse desconstantinoplizadoramente.

· Atrás da pia tem um prato, um pinto e um gato. Pinga a pia, para o prato, pia o pinto e mia o gato.

· A vida é uma sucessiva sucessão de sucessões que se sucedem sucessivamente, sem suceder o sucesso...

· O Tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem, o Tempo respondeu pro tempo que o tempo tem o tempo que o tempo tem.

Adivinhas

O que são adivinhas, adivinhações, o que é o que é, folclore, humor, cultura popular


Adivinhas: humor e desafio

O que são

As adivinhas, também conhecidas como adivinhações ou "o que é o que é" são perguntas em formato de charadas desafiadoras que fazem as pessoas pensarem e se divertir. São criadas pelas pessoas e fazem parte da cultura popular e do folclore brasileiro. São muito comuns entre as crianças, mas também fazem sucesso entre os adultos.

Alguns exemplos de adivinhas:

- O que é que é surdo e mudo, mas conta tudo?
Resposta:

- O que é o que é que sempre se quebra quando se fala?
Resposta:

- Ele é magro pra chuchu, tem dentes mas nunca come e mesmo sem ter dinheiro, dá comida a quem tem fome?
Resposta:

- O que é que passa a vida na janela e mesmo dentro de casa, está fora dela?
Resposta:

- O que é o que é feito para andar e não anda?
Resposta:

- O que é o que é que dá muitas voltas e não sai do lugar?
Resposta:

- Qual é a piada do fotógrafo?
Resposta:

- O que é o que é que sobe quando a chuva desce?
Resposta:

- Você sabe em que dia a plantinha não pode entrar no hospital?
Resposta:

- Qual a única pedra que fica em cima da água?
Resposta:

- O que é um monte de pontinhos coloridos no meio do mato?
Resposta:

- O que é um pontinho verde brilhando na cama de um hospital?
Resposta:

- O que a esfera disse para o cubo?
Resposta:

- O que é o que é que esta sempre no meio da rua e de pernas para o ar?
Resposta:

- O que é o que é que anda com os pés na cabeça?
Resposta:

- É um pássaro brasileiro e seu nome de trás para frente é igual.
Resposta:

Cantigas de Roda - Cirandas

O que são as cantigas de roda, cirandas, músicas infantis, exemplos, folclore brasileiro,
caranguejo peixe é, atirei o pau no gato, capelinha de melão, escravos de Jó, ciranda cirandinha

Introdução

As cantigas de roda, também conhecidas como cirandas são brincadeiras que consistem na formação de uma roda, com a participação de crianças, que cantam músicas de caráter folclórico, seguindo coreografias. São muito executadas em escolas, parques e outros espaços frequentados por crianças. As músicas e coreografias são criadas por anônimos, que adaptam músicas e melodias. As letras das músicas são simples e trazem temas do universo infantil.

Alguns exemplos de cantigas de roda:

Capelinha de melão
Capelinha de melão
É de São João
É de cravo, é de rosa,
É de manjericão
São João está dormindo
Não acorda, não
Acordai, acordai,
Acordai, João!

Caranguejo
Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Caranguejo não é peixe
Na vazante da maré.
Palma, palma, palma,
Pé, pé, pé
Caranguejo só é peixe, na vazante da maré!

Atirei o pau no gato
Atirei o pau no gato, tô
mas o gato, tô tô
não morreu, reu, reu
dona Chica, cá cá
admirou-se, se se
do berrô, do berrô, que o gato deu, Miau!

Ciranda cirandinha
Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia-volta, volta e meia vamos dar
O anel que tu me deste era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou
Por isso, D. Fulano entre dentro dessa roda
Diga um verso bem bonito, diga adeus e vá-se embora
A ciranda tem tres filhas
Todas tres por batizar
A mais velha delas todas
Ciranda se vai chamar

Escravos de Jó
Escravos de Jó
Jogavam caxangá
Tira, bota, deixa o Zé Pereira ficar.
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá.

Cultura Indiana
Aspectos da cultura da Índia, arte, dança, música, religião, sistema de castas, filosofia, festas


Bharathanatyam: dança clássica da Índia

Introdução

A cultura indiana é muito rica e diversificada. É uma cultura milenar que recebeu, com o passar dos séculos, várias influências orientais e ocidentais. Representa uma das civilizações mais antigas da história.

Dança Indiana

A dança mais popular da Índia é a Bharathanatyam. É uma dança clássica tradicional, onde os dançarinos fazem lindos e suaves movimentos e poses. As letras deste tipo musical falam das grandes realizações de deuses e heróis da mitologia. Esta dança surgiu há mais de 5 mil anos no sul da Índia e influenciou outros estilos de dança em várias regiões da Índia e do continente asiático.

Música Indiana

A música tradicional indiana é resultado da fusão musical dos diversos grupos étnicos e linguísticos da região. As letras seguem um caráter emotivo e descritivo. Um dos instrumentos musicais mais utilizados na musica tradicional indiana é a tambura (instrumento de cordas).

Arquitetura

Taj Mahal: uma das construções mais lindas do mundo

Na arquitetura histórica destacam-se os tempos (locais das cerimônias religiosas). Estes chamam a atenção pela beleza dos detalhes e riqueza na decoração. O Taj Mahal, situado na cidade de Agra, é uma das obras de arquitetura mais conhecidas deste país. Com influência islâmica, este mausoléu é considerado pela UNESCO como um Patrimônio da Humanidade.

Filosofia Indiana

A filosofia indiana está muito ligada a religião. As principais correntes filosóficas são: budismo, yoga, jainismo, tantra, bramanismo e sankhya.

Religião

A religião na Índia é muito forte, pois esta região é considerada um dos berços religiosos das civilizações antigas. Grande parte dos indianos é seguidora do hinduísmo. Porém, existem também praticantes do islamismo, budismo, jainismo, siquismo e cristianismo.

Sistema de Castas

Embora tenha sido oficialmente extinto, o sistema de castas ainda faz parte da cultura hindu, embora tenha sido modificado no seu formato original. No sistema antigo, as pessoas eram divididas de acordo com sua posição social. Os grupos (castas) eram: brâmanes (religiosos e nobres), xatrias (guerreiros), vaixias (agricultores e comerciantes), sudras (escravos) e párias (sem castas).

Festas Indianas

Grande parte das festividades indianas está relacionada com aspectos religiosos. As principais festividades são: Holi, Festival das Cores (de fevereiro à março); Khumba Mela (festival religioso que ocorre quatro vezes a cada doze anos); Ganesha Festival (agosto e setembro) e Festival das Luzes (Diwali).

Cultura Chinesa

Arte, religião, culinária, pintura, idiomas, religião, invenções e música



Introdução

Com um território de grande extensão, um passado historicamente rico e uma população de 1,3 bilhões de habitantes, a China possui uma importante diversidade cultural. Por ser um país que apresenta um grande crescimento da economia, na atualidade, a China atrai olhares de pessoas do mundo todo, que buscam informações sobre seus aspectos culturais. Na atualidade, este país mescla a cultura tradicional com a modernidade.


Escrita e idiomas

A escrita chinesa é baseada em ideogramas (desenhos), sendo que eles representam idéias, objetos, sentimentos, etc. O mandarim é o dialeto mais falado na China, porém, existem outros como, por exemplo, wu, cantonês, dialetos min, jin, xiang, kejia, gan, entre outros.

Religião

Na China existe uma grande diversidade religiosa. As principais religiões são: Confucionismo e Taoísmo (consideradas também como filosofias de vida), Budismo, Islamismo e Cristianismo.

Culinária

Os chineses utilizam muitos ingredientes, molhos (shoyu é o mais conhecido) e temperos em sua culinária. Arroz, peixe, carnes vermelhas, broto de bambú e legumes são utilizados em diversos pratos. Uma espécie de biscoito, fino e crocante, o rolinho primavera, é um dos alimentos chineses mais conhecidos no Ocidente. Um alimento consumido na China, e considerado exótico no Ocidente, é a carne de cachorro. Outros alimentos consumidos pelos chineses, e não muito comuns no ocidente, são: carne de cobra, escorpião, besouros e cavalo-marinho.



Arte

A arte chinesa é marcada bela beleza dos vasos em cerâmica pintados, artesanalmente, com motivos culturais da China. A arte em seda também é outro aspecto importante. Os pintores chineses destacam, em suas telas, as belezas naturais da China (paisagens, animais) e aspectos mitológicos.


Música

A música chinesa é tocada com a utilização de vários instrumentos, sendo que os mais importantes são: flauta, instrumentos de corda, gongos, tímpanos e pratos.

Invenções

Os chineses contribuíram muito para o desenvolvimento do conhecimento no mundo todo. As principais invenções chinesas são: papel, pólvora, leme de navegação, estribo, bússola, etc.

Dinastias Chinesas
Lista das dinastias da China Antiga até 1912


Taizong: segundo imperador da dinastia Tang (governou de 598 a 649)

Dinastias Chinesas

Até o ano de 1912 a China foi governada por imperadores pertencentes a diversas dinastias (famílias reais). Na lista abaixo podemos conferir estas famílias que governaram grande parte da História da China Antiga até o começo do século XX.

Dinastia

Período

Três Augustos e os Cinco Imperadores

até 2070 a.C.

Dinastia Xia

2100 a.C. a 1600 a.C.

Dinastia Shang

1600 a.C. a 1046 a.C.

Dinastia Zhou

1046 a.C. a 771 a.C.

Primaveras e Outonos

722 a.C. a 476 a.C.

Reinos Combatentes

475 a.C. a 221 a.C.

Dinastia Qin

221 a.C. a 206 a.C.

Han ocidental

206 a.C. a 9 d.C.

Dinastia Xin

9 a 23

Han Oriental

25 a 220

Três Reinos

220 a 265

Primeira dinastia Jin

265 a 317

Dezesseis Reinos

317 a 420

Dinastias do Norte e do Sul

420 a 589

Dinastia Sui

581 a 618

Dinastia Tang

618 a 907

Cinco Dinastias e Dez Reinos

907 a 960

Dinastia Song

960 a 1279

Dinastia Liao

916 a 1125

Segunda dinastia Jin

1115 a 1234

Dinastia Yuan

1271 a 1368

Dinastia Ming

1368 a 1644

Dinastia Qing

1644 a 1912

Os Anos 50
A década de 1950: cultura, arte, música, cinema, política, guerras, ciências, tecnologia, história


Anos 50: o período dos "anos dourados"

Introdução

Os anos 50 foram marcados por grandes avanços científicos, tecnológicos e mudanças culturais e comportamentais. Foi a década em que começaram as transmissões de televisão, provocando uma grande mudança nos meios de comunicação. No campo da política internacional, os conflitos entre os blocos capitalista e socialista (Guerra Fria) ganhavam cada vez mais força. A década de 1950 é conhecida como o período dos "anos dourados".

Principais acontecimentos dos Anos 50

Esportes

· Realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, em 1950. O Uruguai sagrou-se campeão após vencer a seleção brasileira, em pleno Maracanã, pelo placar de 2 a 1.

· A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) organiza o primeiro Campeonato Mundial de Formula 1, em 1950.

· Em fevereiro de1951, começam os primeiros Jogos Pan-Americanos. O evento esportivo ocorre na Argentina.

· Realização das Olimpíadas de Helsinque na Finlândia (1952).

· A Alemanha torna-se campeã da Copa do Mundo de Futebol na Suíça (1954).

· Juan Manuel Fangio torna-se bicampeão mundial de Formula 1.

· Em 29 de junho de 1958, o Brasil torna-se, pela primeira na história, campeão da Copa do Mundo de Futebol. O evento ocorreu na Suécia.

Ciência e Tecnologia

· Em 1957, o Sputinik II coloca em orbita da Terra o primeiro ser vivo, a cadela Laika.

Comunicações

· A TV Tupi, inaugurada em setembro de 1950, é o primeiro canal de televisão da América Latina.

· Lançamento do primeiro satélite, o Sputinik I (1957).

Guerras e Conflitos

· Começa a Guerra da Coréia em 25 de junho de 1950. A guerra termina em 27 de julho de 1953.

· Em plena Guerra Fria é assinado, em 1955, o Pacto de Varsóvia (tratado de defesa militar que envolvia os países socialistas do leste europeu, comandados pela União Soviética).

· Em 1959, ocorre a Revolução Cubana. O líder da revolução, Fidel Castro, torna-se presidente de Cuba.

· Começa, em 1959, a Guerra do Vietnã.

Cultura e Arte

· No dia 20 de outubro de 1951, é inaugurada a I Bienal Internacional de Arte de São Paulo.

Política

· Em 6 de fevereiro de 1952, Elizabeth II torna-se rainha da Inglaterra.

· Em 24 de agosto de 1954, ocorre o suicídio do presidente do Brasil Getúlio Vargas.

· Em 16 de setembro de 1955, um golpe militar na Argentina tira do poder o presidente Juan Perón.

· Em outubro de 1955, Juscelino Kubitschek (JK) é eleito presidente do Brasil.

Economia

· Criação da empresa estatal Petrobrás, em 1953.

· Assinado o Tratado de Roma, em 1957, estabelecendo a Comunidade Econômica Européia (CEE).

Música

· Com muito rock e um estilo dançante, Elvis Presley começa a fazer sucesso em 1956.

· A estilo musical brasileiro Bossa Nova começa a fazer sucesso. Os maiores representantes deste movimento foram: Tom Jobim, Vinícius de Morais e João Gilberto.

· No final da década de 1950, é formada a banda de rock Beatles.

Carnaval e História do Carnaval
Festas carnavalescas, carnaval, escolas de samba, história do carnaval, origens, escolas de
samba vencedoras dos últimos carnavais no Rio de Janeiro e em São Paulo,


Foto do Desfile de Escola de Samba no Rio de Janeiro

O que é

O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo. Tem sua origem no entrudo português, onde, no passado, as pessoas jogavam uma nas outras, água, ovos e farinha. O entrudo acontecia num período anterior a quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval.


História do
Carnaval

O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem européia.

No Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos "corsos". Estes últimos tornaram-se mais populares no começo dos séculos XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais.

No século XX, o carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. Esse crescimento ocorreu com a ajuda das marchinhas carnavalescas. As músicas deixavam o carnaval cada vez mais animado.

A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada pelo sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato. Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada.

O carnaval de rua manteve suas tradições originais na região Nordeste do Brasil. Em cidades como Recife e Olinda, as pessoas saem as ruas durante o carnaval no ritmo do frevo e do maracatu.

Os desfiles de bonecos gigantes, em Recife, são uma das principais atrações desta cidade durante o carnaval.

Na cidade de Salvador, existem os trios elétricos, embalados por músicas dançantes de cantores e grupos típicos da região. Na cidade destacam-se também os blocos negros como o Olodum e o Ileyaê, além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi.

Escolas de Samba Vencedoras nos Últimos Carnavais no Rio de Janeiro :
1998 - Mangueira e Beija-Flor
1999 - Imperatriz Leopoldinese
2000 - Imperatriz Leopoldinese
2001 - Imperatriz Leopoldinese
2002 - Mangueira
2003 - Beija-Flor
2004 - Beija Flor
2005 - Beija-Flor
2006 - Unidos de Vila Isabel
2007 - Beija-Flor
2008 - Beija-Flor
2009 - Acadêmicos do Salgueiro
2010 - Unidos da Tijuca

Escolas de Samba Vencedoras nos Últimos Carnavais em São Paulo:
1998 - Vai-Vai
1999 - Vai-Vai, Gaviões da Fiel
2000 - Vai-Vai, X-9 Paulistana
2001 - Vai-Vai, Nenê de Vila Matilde
2002 - Gaviões da Fiel
2003 - Gaviões da Fiel
2004 - Mocidade Alegre
2005 - Império de Casa Verde
2006 - Império de Casa Verde
2007 - Mocidade Alegre
2008 - Vai-Vai
2009 - Mocidade Alegre
2010 - Rosas de Ouro

Literatura de Cordel e Literatura Oral
História da
Literatura de Cordel no Brasil e na Europa, sua utilização na pedagogia e na propaganda,
conheça os grandes cordelistas, artigos, cordéis, cultura popular nordestina, xilogravura


Literatura de Cordel: folheto ilustrado com xilogravura

O que é e origem

A literatura de cordel é uma espécie de poesia popular que é impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura. Também são utilizadas desenhos e clichês zincografados. Ganhou este nome, pois, em Portugal, eram expostos ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.

Chegada ao Brasil

A literatura de cordel chegou ao Brasil no século XVIII, através dos portugueses. Aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular. Nos dias de hoje, podemos encontrar este tipo de literatura, principalmente na região Nordeste do Brasil. Ainda são vendidos em lonas ou malas estendidas em feiras populares.

De custo baixo, geralmente estes pequenos livros são vendidos pelos próprios autores. Fazem grande sucesso em estados como Pernambuco, Ceará, Alagoas, Paraíba e Bahia. Este sucesso ocorre em função do preço baixo, do tom humorístico de muitos deles e também por retratarem fatos da vida cotidiana da cidade ou da região. Os principais assuntos retratados nos livretos são: festas, política, secas, disputas, brigas, milagres, vida dos cangaceiros, atos de heroísmo, milagres, morte de personalidades etc.

Em algumas situações, estes poemas são acompanhados de violas e recitados em praças com a presença do público.

Um dos poetas da literatura de cordel que fez mais sucesso até hoje foi Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Acredita-se que ele tenha escrito mais de mil folhetos. Mais recentes, podemos citar os poetas José Alves Sobrinho, Homero do Rego Barros, Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva), Téo Azevedo. Zé Melancia, Zé Vicente, José Pacheco da Rosa, Gonçalo Ferreira da Silva, Chico Traíra, João de Cristo Rei e Ignácio da Catingueira.

Vários escritores nordestinos foram influenciados pela literatura de cordel. Dentre eles podemos citar: João Cabral de Melo, Ariano Suassuna, José Lins do Rego e Guimarães Rosa.

Literatura Oral

Faz parte da literatura oral os mitos, lendas, contos e provérbios que são transmitidos oralmente de geração para geração. Geralmente, não se conhece os autores reais deste tipo de literatura e, acredita-se, que muitas destas estórias são modificadas com o passar do tempo. Muitas vezes, encontramos o mesmo conto ou lenda com características diferentes em regiões diferentes do Brasil. A literatura oral é considerada uma importante fonte de memória popular e revela o imaginário do tempo e espaço onde foi criada.

Muitos historiadores e antropólogos estudam este tipo de literatura com o objetivo de buscarem informações preciosas sobre a cultura e a história de uma época. Em meio a ficção, resgata-se dados sobre vestimentas, crenças, comportamentos, objetos, linguagem, arquitetura etc.

Podemos considerar como sendo literatura oral os cantos, encenações e textos populares que são representados nos folguedos.

Exemplos de mitos, lendas e folclore brasileiro: Saci-Pererê, curupira, boto cor de rosa, caipora, Iara, boitatá,
lobisomem, mula-sem-cabeça, negrinho do pastoreio.

Livros sobre Literatura de Cordel
Indicação de livros sobre Literatura de Cordel, melhores livros, bibliografia sobre a poesia parnasianista

Livros sobre Literatura de Cordel

http://www.suapesquisa.com/quadrado.gif Minhas Rimas de Cordel
Autor: Obeid, César
Editora: Moderna

http://www.suapesquisa.com/quadrado.gif Romances de Cordel
Autor: Gullar, Ferreira
Editora: Jose Olympio

http://www.suapesquisa.com/quadrado.gif Cordel Adolescente , Ó Xente ! - Coleção Vertentes
Autor: Orthoff, Sylvia
Editora: Quinteto Editorial

http://www.suapesquisa.com/quadrado.gif Mitos e Lendas do Brasil em Cordel
Autor: Longobardi, Nireuda
Editora: Paulus

http://www.suapesquisa.com/quadrado.gif Patativa do Assaré - Coleção Biblioteca de Cordel
Autor: Assare, Patativa do
Editora: Hedra

http://www.suapesquisa.com/quadrado.gif Lula na Literatura de Cordel
Autor: Neto, Crispiniano
Editora: Imeph

http://www.suapesquisa.com/quadrado.gif O que é Literatura de Cordel - Coleção Primeiros Passos Vol. 317
Autor: Luyten, Joseph M.
Editora: Brasiliense

http://www.suapesquisa.com/quadrado.gif Cordel - Francisco das Chagas Batista
Autor: Batista, Francisco das Chagas
Editora: Hedra

http://www.suapesquisa.com/quadrado.gif Cordel - Franklin Maxado
Autor: Maxado, Franklin
Editora: Hedra

http://www.suapesquisa.com/quadrado.gif Meu Livro de Cordel
Autor: Cora Coralina
Editora: Global

http://www.suapesquisa.com/quadrado.gif Cordel - Expedito Sebastião da Silva
Autor: Silva, Expedito Sebastião da
Editora: Hedra

http://www.suapesquisa.com/quadrado.gif Cordel - Paulo Nunes Batista
Autor: Batista, Paulo Nunes
Editora: Hedra

IARA

DESCONHEÇO O AUTOR

MITOS DO BRASIL

MITOLOGIA E FOLCLORE

Na opinião de Câmara Cascudo, a Iara é simplesmente uma forma literária brasileira para representar a lenda mediterrânea da sereia sedutora ou da Mãe D'Água do folclore africano, e não um mito autenticamente brasileiro.

O mito autêntico, ligado à origem, aos mistérios e a temores da água, é o do Ipupiara (o que reside ou mora nas fontes).

Ao contrário do mito mediterrâneo e do africano, o mito brasileiro do Ipupiara refere-se a um homem-marinho, gênio protetor das nascentes e olhos d'água e como tal, de certo modo, inimigo dos pescadores, marisqueiros e lavadeiras.

Os cronistas dos séculos XVI e XVII registraram essa história. No princípio, o personagem era masculino e chamava-se Ipupiara, homem peixe que devorava pescadores e os levava para o fundo do rio.

No século XVIII, Ipupiara vira a sedutora sereia Uiara ou Iara. Todo pescador brasileiro, de água doce ou salgada, conta histórias de moços que cederam aos encantos da bela Uiara e terminaram afogados de paixão. Ela deixa sua casa no fundo das águas no fim da tarde. Surge magnífica à flor das àguas: metade mulher, metade peixe, cabelos longos enfeitados de flores vermelhas. Por vezes, ela assume a forma humana e sai em busca de vítimas.

Quando a Mãe das águas canta, hipnotiza os pescadores. Um deles foi o índio Tapuia. Certa vez, pescando, Ele viu a deusa, linda, surgir das águas. Resistiu. Não saiu da canoa, remou rápido até a margem e foi se esconder na aldeia. Mas enfeitiçado pelos olhos e ouvidos não conseguia esquecer a voz de Uiara. Numa tarde, quase morto de saudade, fugiu da aldeia e remou na sua canoa rio abaixo.

Uiara já o esperava cantando a música das núpcias. Tapuia se jogou no rio e sumiu num mergulho, carregado pelas mãos da noiva. Uns dizem que naquela noite houve festa no chão das águas e que foram felizes para sempre. Outros dizem que na semana seguinte a insaciável Uiara voltou para levar outra vítima.

Alguns mitos brasileiros misturaram-se a lendas européias. Como exemplo começamos com uma estória que viajantes portugueses encontravam por aqui. Eles ouviam falar de um fantasma marinho, afogador de índios, que espantava pescadores e lavadeiras, era o "ipupiara", um monstro meio homem, meio peixe, que para se divertir, saía das águas para matar.

Tempos mais tarde o ipupiara tornou-se a "uiara", uma versão portuguesa da sereia. Depois uiara virou "iara" que "significa senhora das águas", também conhecida como mãe-d'água. Depois de várias transformações a lenda conta que a mãe-d'água é uma bela mulher de longos cabelos loiros e olhos verdes, que vive em um palácio no fundo das águas, para onde atrai os jovens com quem deseja casar. Outros mitos aquáticos povoam a cabeça dos caboclos brasileiros, principalmente dos que vivem na região da Amazônia: a cobra-grande, a cobra d'água e a boiúna.

A Iara é uma bonita moça que vive na água. Assim contam os índios. Dizem que ela é tão linda, que ninguém resiste ao seu encanto. Costuma cantar com uma voz tão doce que atrai a gente. Quando se percebe é tarde. Ela arrasta a gente para o fundo das águas. Os índios têm tanto medo da Iara, que ao entardecer evitam ficar perto dos lagos e dos rios. Receiam ser atraídos por ela. Como aconteceu com Jaguarari.

Jaguarari era um moço índio muito forte e bonito. Todos admiravam-lhe a coragem, a habilidade para caçar e pescar e gostavam muito dele. Vivia feliz, sempre cantando, sem conhecer sequer uma sombra de tristeza.

Gostava de andar pela floresta, ouvir o canto das aves, admirar a natureza, que naquelas matas era sempre imponente e bela.

Um dia, num desses passeios, afastou-se demais de sua aldeia. Como já era de tardezinha, e ele se sentia um pouco cansado, sentou-se à beira do rio e ficou admirando sua superfície calma e cristalina como um vidro. Não durou muito e ouviu um canto que o deixou maravilhado. Era o canto mais lindo que jamais ouvira. E como era irresistível! Caminhou, quase sem perceber, na direção de onde vinha a mágica melodia. De repente, no meio do rio, surgiu a Iara, radiosa e linda como ninguém. Sempre atraído, já estava quase dentro da água, quando lembrou-se do que os mais velhos contavam sobre a Iara e agarrou-se desesperadamente ao tronco de uma árvore. Como era muito forte, Jaguarari conseguiu resistir. Imediatamente, afastou-se daquele lugar e voltou para sua aldeia.

Pobre Jaguarari! Tinha ouvido o canto da Iara e agora estava enfeitiçado. De nada adiantaram os conselhos de sua mãe e dos mais velhos, de que devia esquecer a Iara. Foi ficando cada dia mais triste e pensativo. Não conseguia esquecer-se do canto da Iara, de sua voz maravilhosa. Precisava ouvi-la de novo.

Dias depois, não resistindo mais, pegou sua canoa e remou rio abaixo, rumo ao lugar onde vira a Iara. Sabia que ia encontrá-la novamente.

E assim foi. Lá distante, quem olhasse, via Jaguarari de pé na canoa em companhia de uma moça. Era a Iara. Foi a última vez que alguém viu Jaguarari.

Entidade aquática ; mulher fantástica, sereia dos rios e lagoas na mitologia indígena.

Mito baseado no modelo das sereias dos contos homéricos, a Iara é a Vênus amazônica; é uma ninfa loira de longos cabelos, corpo deslumbrante e de beleza irresistível. Tem as mesmas características das sereias: mulher da cintura para cima, peixe da cintura para baixo. Tal como no original grego, é capaz de enfeitiçar a todos que o ouvem, arrastando-os em sua direção, até o fundo dos rios, lagos, igarapés, etc., onde vivem esses seres fabulosos.

Crianças também são atraídas. Neste caso, elas são raptadas e levadas para viver debaixo d'água. Crêem os ribeirinhos que essas crianças estão "encantadas" no reino da "gente do fundo". Ficam lá aprendendo todos os segredos da manipulação de plantas, ervas, poções, remédios e magias e são "devolvidos" depois de 7 anos já como um grande feiticeiro, um xamã.

Ente fantástico, imaginado como uma sereia de rios e lagos ; fonte ou reservatório de água.

Mulher encantada que reina debaixo das águas do rio São Francisco) e o tão conhecido Saci, a Lenda do Chico Rei - é muito longa mas lembra o homem que governava o povo do Sul da África nas proximidades da foz do Rio Congo. Preso, subjugado e trazido para o Brasil. Nas costas do Rio de Janeiro seu barco fundou num lugar chamado Valongo. Todos os negros que estavam neste barco foram comprados por mineiradores de Vila Rica - hoje Ouro Preto, MG. Dada sua cultura, ocupou lugar de destaque junto aos escravos e também junto à Igreja. Conseguiu fundar uma guarda de "Congos", da qual participavam todos os negros forros de sua grei. participavam das festas de N.S. do Rosário sempre com a licença do Sinhô e da Sinhá.

POSTED BY STORYTELLER AT 28.12.04

http://contoselendas.blogspot.com/2004/12/uma-histria-de-tanto-amor.html

UMA HISTÓRIA DE TANTO AMOR

CLARICE LISPECTOR

CONTOS E LENDAS

Era uma vez uma menina que observava tanto as galinhas que lhes conhecia a alma e os anseios íntimos. A galinha é ansiosa, enquanto o galo tem angústia quase humana: falta-lhe um amor verdadeiro naquele seu harém, e ainda mais tem que vigiar a noite toda para não perder a primeira das mais longínquas claridades e cantar o mais sonoro possível. É o seu dever e a sua arte. Voltando às galinhas, a menina possuía duas só dela. Uma se chamava Pedrina e a outra Petronilha.

Quando a menina achava que uma delas estava doente do fígado, ela cheirava embaixo das asas delas, com uma simplicidade de enfermeira, o que considerava ser o sintoma máximo de doenças, pois o cheiro de galinha viva não é de se brincar. Então pedia um remédio a uma tia. E a tia: "Você não tem coisa nenhuma no fígado". Então, com a intimidade que tinha com essa tia eleita, explicou-lhe para quem era o remédio. A menina achou de bom alvitre dá-lo tanto a Pedrina quanto a Petronilha para evitar contágios misteriosos. Era quase inútil dar o remédio porque Pedrina e Petronilha continuavam a passar o dia ciscando o chão e comendo porcarias que faziam mal ao fígado. E o cheiro debaixo das asas era aquela morrinha mesmo. Não lhe ocorreu dar um desodorante porque nas Minas Gerais onde o grupo vivia não eram usados assim como não se usavam roupas íntimas de nylon e sim de cambraia. A tia continuava a lhe dar o remédio, um líquido escuro que a menina desconfiava ser água com uns pingos de café - e vinha o inferno de tentar abrir o bico das galinhas para administrar-lhes o que as curaria de serem galinhas. A menina ainda não tinha entendido que os homens não podem ser curados de serem homens e as galinhas de serem galinhas: tanto o homem como a galinha têm misérias e grandeza (a da galinha é a de pôr um ovo branco de forma perfeita) inerentes à própria espécie. A menina morava no campo e não havia farmácia perto para ela consultar.

Outro inferno de dificuldade era quando a menina achava Pedrina e Petronilha magras debaixo das penas arrepiadas, apesar de comerem o dia inteiro. A menina não entendera que engordá-las seria apressar-lhes um destino na mesa. E recomeçava o trabalho mais difícil: o de abrir-lhes o bico. A menina tornou-se grande conhecedora intuitiva de galinhas naquele imenso quintal das Minas Gerais. E quando cresceu ficou surpresa ao saber que na gíria o termo galinha tinha outra acepção. Sem notar a seriedade cômica que a coisa toda tomava:

- Mas é o galo, que é um nervoso, é quem quer! Elas não fazem nada demais! e é tão rápido que mal se vê! O galo é quem fica procurando amar uma e não consegue!

Um dia a família resolveu levar a menina para passar o dia na casa de um parente, bem longe de casa. E quando voltou, já não existia aquela que em vida fora Petronilha. Sua tia informou:

- Nós comemos Petronilha.

A menina era uma criatura de grande capacidade de amar: uma galinha não corresponde ao amor que se lhe dá e no entanto a menina continuava a amá-la sem esperar reciprocidade. Quando soube o que acontecera com Petronilha passou a odiar todo o mundo da casa, menos sua mãe que não gostava de comer galinha e os empregados que comeram carne de vaca ou de boi. O seu pai, então, ela mal conseguiu olhar: era ele quem mais gostava de comer galinha. Sua mãe percebeu tudo e explicou-lhe:

- Quando a gente come bichos, os bichos ficam mais parecidos com a gente, estando assim dentro de nós. Daqui de casa só nós duas é que não temos Petronilha dentro de nós. É uma pena.

Pedrina, secretamente a preferida da menina, morreu de morte morrida mesmo, pois sempre fora um ente frágil. A menina, ao ver Pedrina tremendo num quintal ardente de sol, embrulhou-a num pano escuro e depois de bem embrulhadinha botou-a em cima daqueles grandes fogões de tijolos das fazendas das minas-gerais. Todos lhe avisaram que estava apressando a morte de Pedrina, mas a menina era obstinada e pôs mesmo Pedrina toda enrolada em cima dos tijolos quentes. Quando na manhã do dia seguinte Pedrina amanheceu dura de tão morta, a menina só então, entre lágrimas intermináveis, se convenceu de que apressara a morte do ser querido.

Um pouco maiorzinha, a menina teve uma galinha chamada Eponina.

O amor por Eponina: dessa vez era um amor mais realista e não romântico; era o amor de quem já sofreu por amor. E quando chegou a vez de Eponina ser comida, a menina não apenas soube como achou que era o destino fatal de quem nascia galinha. As galinhas pareciam ter uma pré-ciência do próprio destino e não aprendiam a amar os donos nem o galo. Uma galinha é sozinha no mundo.

Mas a menina não esquecera o que sua mãe dissera a respeito de comer bichos amados: comeu Eponina mais do que todo o resto da família, comeu sem fome, mas com um prazer quase físico porque sabia agora que assim Eponina se incorporaria nela e se tornaria mais sua do que em vida. Tinham feito Eponina ao molho pardo. De modo que a menina, num ritual pagão que lhe foi transmitido de corpo a corpo através dos séculos, comeu-lhe a carne e bebeu-lhe o sangue. Nessa refeição tinha ciúmes de quem também comia Eponina. A menina era um ser feito para amar até que se tornou moça e havia os homens.

POSTED BY STORYTELLER AT 22.12.04

A FÁBULA DOS PORCOS ASSADOS

DESCONHEÇO O AUTOR

CONTOS E LENDAS

Certa vez, aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que foram assados pelo fogo. Os homens, acostumados a comer carne crua, experimentaram e acharam deliciosa a carne assada. A partir daí, toda vez que queriam comer porco assado, incendiavam um bosque... Até que descobriram um novo método.

Mas o que quero contar é o que aconteceu quando tentaram mudar o SISTEMA para implantar um novo. Fazia tempo que as coisas não iam lá muito bem: às vezes, os animais ficavam queimados demais ou parcialmente crus. O processo preocupava muito a todos, porque se o SISTEMA falhava, as perdas ocasionadas eram muito grandes - milhões eram os que se alimentavam de carne assada e também milhões os que se ocupavam com a tarefa de assá-los. Portanto, o SISTEMA simplesmente não podia falhar. Mas, curiosamente, quanto mais crescia a escala do processo, mais parecia falhar e maiores eram as perdas causadas.

Em razão das inúmeras deficiências, aumentavam as queixas. Já era um clamor geral a necessidade de reformar profundamente o SISTEMA. Congressos, seminários e conferências passaram a ser realizados anualmente para buscar uma solução. Mas parece que não acertavam o melhoramento do mecanismo. Assim, no ano seguinte, repetiam-se os congressos, seminários e conferências.

As causas do fracasso do SISTEMA, segundo os especialistas, eram atribuídas à indisciplina dos porcos, que não permaneciam onde deveriam, ou à inconstante natureza do fogo, tão difícil de controlar, ou ainda às árvores, excessivamente verdes, ou à umidade da terra ou ao serviço de informações meteorológicas, que não acertava o lugar, o momento e a quantidade das chuvas.

As causas eram, como se vê, difíceis de determinar - na verdade, o sistema para assar porcos era muito complexo. Fora montada uma grande estrutura: maquinário diversificado, indivíduos dedicados exclusivamente a acender o fogo - incendiadores que eram também especializados (incediadores da Zona Norte, da Zona Oeste, etc, incendiadores noturnos e diurnos - com especialização matutina e vespertina - incendiador de verão, de inverno etc). Havia especialista também em ventos - os anemotécnicos. Havia um diretor geral de assamento e alimentação assada, um diretor de técnicas ígneas (com seu Conselho Geral de Assessores), um administrador geral de reflorestamento, uma comissão de treinamento profissional em Porcologia, um instituto superior de cultura e técnicas alimentícias (ISCUTA) e o bureau orientador de reforma igneooperativas.

Havia sido projetada e encontrava-se em plena atividade a formação de bosques e selvas, de acordo com as mais recentes técnicas de implantação - utilizando-se regiões de baixa umidade e onde os ventos não soprariam mais que três horas seguidas.

Eram milhões de pessoas trabalhando na preparação dos bosques, que logo seriam incendiados. Havia especialistas estrangeiros estudando a importação das melhores árvores e sementes, o fogo mais potente etc. Havia grandes instalações para manter os porcos antes do incêndio, além de mecanismos para deixá-los sair apenas no momento oportuno.

Foram formados professores especializados na construção dessas instalações. Pesquisadores trabalhavam para as universidades para que os professores fossem especializados na construção das instalações para porcos. Fundações apoiavam os pesquisadores que trabalhavam para as universidades que preparavam os professores especializados na construção das instalações para porcos etc.

As soluções que os congressos sugeriam eram, por exemplo, aplicar triangularmente o fogo depois de atingida determinada velocidade do vento, soltar os porcos 15 minutos antes que o incêndio médio da floresta atingisse 47 graus e posicionar ventiladores gigantes em direção oposta à do vento, de forma a direcionar o fogo. Não é preciso dizer que os poucos especialistas estavam de acordo entre si, e que cada um embasava suas idéias em dados e pesquisas específicos.

Um dia, um incendiador categoria AB/SODM-VCH (ou seja, um acendedor de bosques especializado em sudoeste diurno, matutino, com bacharelado em verão chuvoso) chamado João Bom-Senso resolveu dizer que o problema era muito fácil de ser resolvido - bastava, primeiramente, matar o porco escolhido, limpando e cortando adequadamente o animal, colocando-o então numa armação metálica sobre brasas, até que o efeito do calor - e não as chamas - assasse a carne.

Tendo sido informado sobre as idéias do funcionário, o diretor geral de assamento mandou chamá-lo ao seu gabinete, e depois de ouví-lo pacientemente, disse-lhe: "Tudo o que o senhor disse está muito bem, mas não funciona na prática. O que o senhor faria, por exemplo, com os anemotécnicos, caso viéssemos a aplicar a sua teoria? Onde seria empregado todo o conhecimento dos acendedores de diversas especialidades?". "Não sei", disse João. "E os especialistas em sementes? Em árvores importadas? E os desenhistas de instalações para porcos, com suas máquinas purificadores automáticas de ar?". "Não sei". "E os anemotécnicos que levaram anos especializando-se no exterior, e cuja formação custou tanto dinheiro ao país? Vou mandá-los limpar porquinhos? E os conferencistas e estudiosos, que ano após ano têm trabalhado no Programa de Reforma e Melhoramentos? Que faço com eles, se a sua solução resolver tudo? Heim?". "Não sei", repetiu João, encabulado. "O senhor percebe, agora, que a sua idéia não vem ao encontro daquilo de que necessitamos? O senhor não vê que se tudo fosse tão simples, nossos especialistas já teriam encontrado a solução há muito tempo atrás? O senhor, com certeza, compreendem que eu não posso simplesmente convocar os anemotécnicos e dizer-lhes que tudo se resume a utilizar brasinhas, sem chamas! O que o senhor espera que eu faça com os quilômetros e quilômetros de bosques já preparados, cujas árvores não dão frutos e nem têm folhas para dar sombra? Vamos, diga-me?". "Não sei, não, senhor". "Diga-me, nossos três engenheiros em Porcopirotecnia, o senhor não considera que sejam personalidades científicas do mais extraordinário valor?". "Sim, parece que sim". "Pois então. O simples fato de possuirmos valiosos engenheiros em Porcopirotecnia indica que nosso sistema é muito bom. O que eu faria com indivíduos tão importantes para o país?" "Não sei". "Viu? O senhor tem que trazer soluções para certos problemas específicos - por exemplo, como melhorar as anemotécnicas atualmente utilizadas, como obter mais rapidamente acendedores de Oeste (nossa maior carência) ou como construir instalações para porcos com mais de sete andares. Temos que melhorar o sistema, e não transformá-lo radicalmente, o senhor, entende? Ao senhor, falta-lhe sensatez!". "Realmente, eu estou perplexo!", respondeu João. "Bem, agora que o senhor conhece as dimensões do problema, não saia dizendo por aí que pode resolver tudo. O problema é bem mais sério e complexo do que o senhor imagina. Agora, entre nós, devo recomendar-lhe que não insista nessa sua idéia - isso poderia trazer problemas para o senhor no seu cargo. Não por mim, o senhor entende. Eu falo isso para o seu próprio bem, porque eu o compreendo, entendo perfeitamente o seu posicionamento, mas o senhor sabe que pode encontrar outro superior menos compreensivo, não é mesmo?".

João Bom-Senso, coitado, não falou mais um a. Sem despedir-se, meio atordoado, meio assustado com a sua sensação de estar caminhando de cabeça para baixo, saiu de fininho e ninguém nunca mais o viu. Por isso é que até hoje se diz, quando há reuniões de Reforma e Melhoramentos, que falta o Bom-Senso.

POSTED BY STORYTELLER AT 21.12.04

OCEANO

GEORGES HACQUARD

MITOS DA GRECIA E ROMA

MITOLOGIA E FOLCLORE

Para os antigos o Oceano primitivamente é um rio imenso que envolve o mundo terrestre. Na Mitologia é o primeiro deus das águas, filho de Urano ou do Céu e de Gaia, a Terra; é o pai de todos os seres. Homero diz que os deuses eram originários do Oceano e de Tétis. Conta o mesmo poeta que os deuses iam muitas vezes à Etiópia visitar o Oceano e tomar parte nas festas e sacrifícios que ali se celebravam. Conta-se enfim que Juno, desde o seu nascimento, foi por sua mãe Réia confiada aos cuidados de Oceano e de Tétis, para livrá-la da cruel voracidade de Saturno.

O Oceano é pois tão antigo como o mundo. Por isso representam-no sob a forma de um velho, sentado sobre as ondas, com uma lança na mão e um monstro marinho ao seu lado. Esse velho segura uma urna e despeja água, símbolo do mar, dos rios e das fontes.

Como sacrifício ofereciam-lhe geralmente grandes vítimas, e antes das expedições difíceis, faziam-se-lhe libações. Era não somente venerado pelos homens, mas também pelos deuses. Nas Geórgicas de Virgílio, a ninfa Cirene, ao palácio do Peneu, na fonte desse rio, oferece um sacrifício ao Oceano; três vezes seguidas, ela deita o vinho sobre o fogo do altar, e três vezes a chama ressalta até a abóbada do palácio, presságio tranqüilizador para a ninfa e seu filho Aristeu.

O mais velho dos Titãs, marido de Tétis, pai de todos os rios e das Oceânides. Era a personificação da água que envolve o mundo.

Oceano, o mais velho dos Titãs, filho da Terra e do Céu estrelado, não deve ser confundido com Ponto, personificação do mar.

Ele representa o imenso oceano líquido que rodeava a terra, considerada como um círculo de que Delfos teria sido o centro. Homero deixou-nos a descrição do escudo de Aquiles onde figurava uma representação do mundo, cercado pelo Oceano (que ele designa como estando na origem de tudo, mesmo dos deuses).

O Oceano delimita, assim, os fabulosos países dos confins da Terra, onde vivem os negros etíopes, os minúsculos pigmeus e os cimérios privados de sol. Para lá do mar, acreditava Homero, ficava a morada dos deuses.

Oceano, casado com a sua irmã Tétis, gerou três mil filhos, os rios, e três mil filhas, as Oceânides, ninfas das águas "que, espalhadas por toda a terra, presidiam às fontes profundas".

Os dois ocuparam-se da infância de Hera que recolheram no seu palácio, na parte ocidental do mundo. Reputado como benfeitor e sábio (é assim que aparece no Prometeu de Ésquilo), Oceano saberá aproveitar com prudentes avisos e muitas vezes com a participação da sua descendência, a aliança de Zeus.

Um busto monumental da época alexandrina (Museu do Vaticano) representa Oceano como um colosso de idade madura, dotado de curtos cornos rombos (cornos de touro: símbolo do poder gerador), o rosto emoldurado por longos cabelos onde-se misturavam os cachos e com uma "barba de rio" ondulada, na qual brincavam golfinhos.

POSTED BY STORYTELLER AT 16.12.04

BARBA RUIVA

DESCONHEÇO O AUTOR

MITOS DO BRASIL

MITOLOGIA E FOLCLORE

Era um homem de cabelos e barbas avermelhados. De tempos em tempos, sai da água e deita-se na areia tomando banho de sol. Quem o viu afirma que traz as barbas, as unhas e o peito coberto de lodo. Não foge ao encontrar os mortais, mas nunca lhes dirigiu qualquer palavra. Apesar de pacífico, é objeto de medo e todos fogem dele. Diz-se que era filho de uma mulher que não o desejava e esta o jogou em uma caçimba. Imediatamente depois, do solo, água abundante surgiu e criou-se um lago onde, à noite, ouviam-se relinchos, bater de pratos e o choro de uma criança.

Nomes comuns: Barba Ruiva, Urué, Barba Nova, Cabeça Vermelha.

Origem Provável: Lenda popular no estado do Piauí, ao redor da lagoa de Paranaguá, desde o século XIX. Por volta de 1830, já era conhecida.

Dizem que ele foi criado pela Iara, sendo então filho da Mãe d'água.

Outras versões dizem que, de dia ele aparece como um menino à beira da lagoa, à tarde como um rapaz de barba ruiva e à noite um senhor de barba branca.

Algumas vezes fica dormindo à margem do lago e, quando alguém se aproxima ele pula na água e some.

No Rio Parnaíba, também no Piauí, existe o Cabeça de Cuia, uma espécie de Barba Ruiva. Este, no entanto, é mais radical e além de atacar moças à beira do rio, devora-as vivas.

No rio São Francisco existe a lenda da moça que atirou o recém-nascido ao rio. Um Dourado (espécie de peixe), abocanhou-o sem o engolir. E sobe e desce o rio, com o menino na boca, deixando-o apenas para comer, e defendê-lo dos outros peixes. O Menino não cresce, mas está com os cabelos brancos.

Eis uma lenda sobre a Lagoa de Paranaguá no Piauí.

Dizem que ela era pequena, quase uma fonte, e cresceu por encanto. Foi assim:

Viviam umas viúvas com três filhas. Um dia, a mais moça das filhas dela adoeceu, ficando triste e pensativa. Estava esperando menino e o namorado morrera sem ter tempo de casar com ela. Com vergonha, descansou a moça nos matos e, deitou o filhinho num tacho de cobre e sacudiu-o dentro da pequena fonte de água. O tacho desceu e subiu logo, trazido por uma mãe-d’água, que com raiva, Amaldiçoou a moça que chorava na beira.

As águas foram subindo e correndo, numa enchente sem fim, dia e noite, alagando tudo, cumprindo uma ordem misteriosa. Ficou a lagoa encantada, cheia de luzes e de vozes. Ninguém podia morar na beira porque, a noite inteira, subia do fundo d’água um choro de criança. O choro parou e, vez por outra, aparecia um homem moço, muito claro, com barbas ruivas ao meio dia e com a barba branca ao anoitecer.

Muita gente o viu e tem visto. Foge dos homens e procura as mulheres que vão bater roupa. Agarra-as só para abraçar e beijar. Depois, corre e pula na lagoa, desaparecendo. Nenhuma mulher bate roupa ou toma banho sozinha, com medo do barba ruiva. Se um Homem o encontra, fica desorientado. Mas o Barba Ruiva não ofende ninguém.

Se uma mulher atirar na cabeça dele água benta e um rosário sacramentado, ele será desencantado. Barba Ruiva é pagão, e deixa de ser encantado sendo cristão. Como ainda não nasceu essa mulher valente para desencantar o Barba Ruiva, ele cumpre sua sina nas águas da lagoa.

POSTED BY STORYTELLER AT 14.12.04

NEGRINHO DO PASTOREIO

DESCONHEÇO O AUTOR

MITOS DO BRASIL

MITOLOGIA E FOLCLORE

Na tradição gaúcha, uma espécie de anjo bom, ao qual se recorre para achar objetos perdidos ou conseguir graças. É o negrinho escravo que o dono da estância pune injustamente, açoitando-o e depois amarrando-o sobre um formigueiro.

Mas seu corpo aparece intacto no dia seguinte, como se não tivesse sofrido nenhuma picada , e sua alma passa a vaguear pelos pampas.

Era um negrinho assinzinho, humilde e raquítico, escravo de um estancieiro rico e muito avaro. Este e seu filho eram perversos e maltratavam o menino desde o levantar até noite dentro, às vezes, sem dar-lhe trégua.

Certa vez fôra encarregado de pastorear trinta fogosos tordilhos durante trinta dias, sem descanso.

Cansado; sem mais poder dar um passo, recostou-se. Mal adormecera, ladrões dispersaram a cavalhada e tocaram-na para outras bandas. E o negrinho perdeu o pastoreio.

Chegando em casa quase morto de fome e de fadiga, ao anunciar tal insucesso, fôra barbaramente espancado e pisado pelo senhor, que o mandou de volta para campear o rebanho perdido.

Corre aqui, corre acolá, depois de algumas jornadas encontrou ele os tordilhos. Entregou-os ao velho estancieiro, pensando que desta vez seria recompensado. Mas, qual não foi a sua surpresa: o malvado do filho do senhor espantou de novo o rebanho só para vê-lo penar.

Furioso como uma fera, o estancieiro surrou-o, surrou de relho a mais não poder. Vendo que o pretinho desfalecera esvaindo-se numa poça de sangue, mesmo assim não se conteve; carregou-o e enterrou-o num formigueiro.

Passaram-se três dias e três noites. Na manhã do quarto dia, o algoz foi ver a cova em que jazia o pobre negrinho, e qual não foi o seu espanto? Ali estava o menino de pé, sereno, a olhar com uma fisionomia sobre humana, no meio da tropa dos tordilhos negros. E o cruel senhor quase não acreditando no que via, meio amedrontado, meio arrependido, caiu de joelhos pedindo perdão ao seu humilde escravo.

Dizem, aqueles que habitam os velhos rincões do Rio Grande do Sul, que o negrinho do pastoreio anda errante pelos campos, qual gênio benfazejo, ajudando a todos quantos perdem a sua rês. Ê só acender-lhe uma vela e pronto.

Muitos dizem que nas noites escuras de inverno, no meio do sibilar do vento, ouvem às vezes, a sua voz pastoreando.

POSTED BY STORYTELLER AT 30.11.04 http://contoselendas.blogspot.com/2004/12/uma-histria-de-tanto-amor.html

Um comentário:

  1. Caros alunos(as)e amigos,quem for respondendo as adivinhas, e quando acertarem todas eu coloco a resposta. Beijocas da ProfªRosí.

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