O EGITO E SUAS LENDAS.
O nascimento do mundo
O corpo de Nut,
Deusa do céu, é sustentado
Por Chu, o ar
No Egito, costuma-se dizer que não havia nada, a não ser o Num – o oceano
sem praias, cujas ondas iam estourar na imensidão das trevas. Depois, do
fundo das águas foi emergindo uma massa indistinta de areia e lama.
Foi nessa ilhota minúscula que surgiu um ovo, de superfície lisa e perfeita. De dentro dele irrompeu triunfante o deus Rá, o Sol - ás vezes chamado Amon -, que inundou o espaço com sua luz ofuscante. Rá imediatamente se dedicou à tarefa de dar à luz seus filhos e, desse modo, criar e ordenar o mundo. Assim surgiram Geb, Deus da Terra, e sua irmã Nut, deusa do céu. Nut recurvou-se em volta da terra com seu imenso corpo repleto de estrelas, até que os braços e as pernas se encontrassem. No centro, Chu, o ar sustenta o ventre de Nut, que forma a abóbada celeste. Á noite, Consu, deus da Lua, domina os céus – quando Rá abandona o mundo visível e se recolhe ao amanti, o mundo subterrâneo.
Quando a revolta se acende
De onde vem esses grito, esses apelos à revolta, que batem na cara do deus Sol? Jorram da boca dos homens, miseráveis criaturas. No principio respeitoso, eles se mostravam dóceis diante das vontades divinas, mas agora alguns deles já tomam a audácia, e a cada dia cresce o exército dos insubmissos. Tolos! Como o pai de todos os deuses poderia teme-los? No entanto a ingratidão dos humanos incomoda Rá, que resolve aconselhar –se com os outros deuses.
---- Pai ----- dizem ----, mostra a esses rebeldes a terrível cólera de teu olho todo-poderoso.
Imediatamente, o olho de Rá, geralmente personificado na tranquila vaca Hátor, assume a forma terrível de Secmet, uma deusa com corpo de mulher e cabeça de leão. Essa divindade sanguinária joga-se sobre os homens e semeia o terror entre eles. Massacra muitos humanos, sem distinguir inocentes ou culpados, e não se cansa de usar as garras e os dentes. A carnificina não agrada Rá. Embora ele queira acabar com a revolta, não deseja que a humanidade desapareça. Dirige-se a Secmet e ordena-lhe que pare, mas ela desobedece e continua a perseguir os homens. Sabiamente Rá espera até a noite, quando Secmet, exausta, deita-se e adormece. Nesse momento, Rá envia mensageiros até a ilha de elefantina, em busca de plantas e romã de sumo vermelho, e manda que as amassem e as misturem com um pouco de sangue da vitima de Secmet. Depois, tudo é adicionado a grande quantidade de cerveja, e enchem-se setecentos cântaros com a poção. Em seguida, os mensageiros levam silenciosamente a bebida para junto da assassina adormecida
Os egípcios às vezes
Representam o céu sob a
forma de uma vaca
ao acordar, Secmet tem sede e encontra o elixir feito por Rá.
Bebe tanto que logo fica embriagada e se afasta, sem pensar mais em fazer mal aos homens. Preocupado em evitar outra matança, Rá ordena que, dali por diante, todos os homens façam regularmente oferendas de cerveja a Secmet, a fim de acalma-la.
Nesse período, a terra do Egito conheceria nova onda de violência: no intuito de agradar ao deus Sol, os fieis de Rá executam os revoltados. É bem verdade que se trata de uma vingança justa, mas Rá é um deus pacifico, e os sacrifícios humanos causam-lhe repulsa. Assim, Rá determina que no futuro, quando um homem ofender os deuses, seja sacrificado um animal em lugar dele – um boi, uma gazela, um pássaro... os últimos inimigos de Rá dispersam-se, e o Sol continua a reinar sobre os egípcios e protege-los, enquanto os fugitivos vão constituindo diversos povos em torno da terra do Egito: ao sul, os núbios ; ao norte, os asiáticos; a oeste, os líbios; a leste, os beduínos.
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