A Geração dos Desencantados
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| Xeque El-Banna, fundador da Irmandade Muçulmana |
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Ao contrário da geração dos jovens árabes endinheirados ou talentosos que graduavam-se no exterior nos anos 50 e 60 e que voltavam empolgados com o socialismo, o secularismo e a modernização, a geração de Osama bin Laden pertenceu à safra dos desencantados. O seu círculo de amizades na Inglaterra, onde diplomou-se nos finais dos anos 70, era o dos estudantes fundamentalistas da Al-Ikhwan (a Irmandade Muçulmana), organização fundada em 1928 pelo xeque egípcio Hassan El-Banna. A grande onda de entusiasmo pela descolonização e independência que sacudira o mundo árabe nos anos 50 e 60 já havia passado. Conscientes da inexpressividade dos seus governos secularizados, impotentes e humilhados pelas sucessivas vitórias de Israel e pela superioridade avassaladora da tecnologia ocidental, eles voltaram-se para trás, para os tempos remotos do Islã.
Idealizando o passado
"Alá é o nosso objetivo/ A mensagem é o nosso líder/O Corão é a nossa lei/ A Guerra Santa o nosso caminho/ Morrer no caminho de Alá é a nossa maior esperança."
Tema da Irmandade Muçulmana
Em suas fantasias regressistas, os integrantes da Irmandade idealizaram o passado grandioso da Jihad - a guerra santa maometana dos séculos 7º e 8º - a idade de ouro do Islã. Época em que o mundo assistiu com assombro o expansionismo do crescente. Tempos em que a bandeira verde do profeta tremulava simultaneamente nos pirineus espanhóis e nas margens do Gujarat no Oceano Índico, milhares de quilômetros distantes uma da outra. Portanto, a salvação do Islã estava em recuperar a bravura e a moralidade daquelas épocas primeiras, quando o mundo árabe ainda não havido sido profanado pela imoralidade e pelo materialismo ocidental. Tendo como objetivo a revivência disso é que emergiu a Irmandade Muçulmana (Al-Ikhwan Al-Moslemoon).
A Irmandade Muçulmana
O credo e o estado/ O livro e a espada/ o modo de viver
- Os princípios da Irmandade -
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| Símbolo da Irmandade (o livro e a espada) |
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A Al-Ikhwan surgiu nos anos vinte, no Egito, com irradiações posteriores para outros países árabes, em razão da continuidade do processo de colonização do Oriente Médio encetado pelas potência imperais européias: a Grã-Bretanha e a França depois da Iª Guerra Mundial, vencido o Império otomano, dividiram as nações árabes entre si. Sentido a presença do colonialismo cristão como um agente dissolvente da cultura islâmica, algumas lideranças laicas e religiosas uniram-se para estabelecer uma estratégia de ação que recuperasse a auto-estima do povo árabe retomando os valores abençoados do Corão, lançando-se no estudo, na obediência à Sunna (a lei sagrada), praticando a ascese, a política ativista, cuidando da saúde e do vigor do corpo. Além de intensificar o estudo científico e encontrar um suporte econômico para a irmandade afim de manter os laços fraternos entre os membros da sociedade islâmica.
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