quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Origens da terra.

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Lincoln & Garibaldi,
e a Guerra da Secessão


Origens da Guerra

Um pesquisador italiano que foi autorizado pela Casa Savoia, a família real italiana destronada em 1946, a organizar seus arquivos, encontrou um importante documento. Apesar de ter apenas o tamanho de um cartão postal, ele revelou que Giuseppe Garibaldi, recebera um convite do Presidente Lincoln dos Estados Unidos para ir comandar o exército da união no início da guerra de Secessão americana (de 1861-65).


O presidente americano Abraão Lincoln

Abraão Lincoln foi eleito o 16º Presidente dos Estados Unidos em 1860 com 1.866.452 votos, o que lhe proporcionou 180 votos eleitorais, 57 acima dos seus outros competidores. Entretanto, essa unanimidade era apenas aparente, pois não foi acatada pelos estados escravistas do sul. Na Carolina do Sul, um bastião dos senhores de escravos, uma convenção reunida em dezembro de 1860, imediatamente declarou-se fora da União. Lincoln, apoiado por uma coalizão variada que abarcava artesãos, operários e empresários ianques, fazendeiros do meio-oeste, pequenos proprietários, e recém-chegados sedentos por terras no oeste (os militantes do free soil), além de históricos abolicionistas, era visto como um candidato do Norte comprometido com o fim do trabalho escravo.(*) Naquela data, 1/8 da população norte-americana era composta por africanos e seus descendentes, completamente privados de liberdade.

A formação da Confederação do Sul: nos quatro meses seguintes à vitória de Lincoln, onze estados do sul formaram os Estados Confederados, com capital em Richmond na Virgínia, situada apenas há 190 quilômetros de Washington. Os separatistas aprovaram uma nova constituição e até escolheram Jefferson Davis como presidente provisório. O estopim do conflito deu-se quando forças confederadas atacaram de surpresa o Forte Sumter na Carolina do Sul, no dia 12 de abril de 1861. Sob o ponto de vista constitucional nada obrigava um estado a permanecer na União. O próprio nome do país dizia isso: Estados Unidos da América. Porém não se tratava disso. Não eram os direitos dos estados que estavam realmente em jogo. O que os sulistas queriam é perpetuar a escravidão, que não houvesse a abolição. Como conseqüência agiram como se fossem duas nações hostis, a guerra do sul contra o norte ameaçou desmembrar a antiga unidade herdada dos tempos das 13 colônias que lutaram pela independência.(**)

(*) O apoio que ainda poderia existir no Norte a favor da escravidão esvaiu-se com o livro Uncle Tom's Cabin (A cabana do Pai Tomás) de Harriet Elizabeth Stowe uma ardente abolicionista que o publicou em 1852.

(**)

Estados Confederados (11)Estados da União (23)
Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia, Flórida, Alabama, Mississippi, Louisiana, Arkansas, Texas e TennesseeVirgínia ocidental (separada da oriental em 1861), Maryland, Delaware, Nova Jérsei, Connecticut, Rhode Island, Massachusetts, Maine, Nova Iorque, Vermont, Pensilvânia, Ohio, Indiana, Kentucky, Illinois, Missouri, Iowa, Wisconsin, Michigan, Minnesota, Kansas, Oregon e Califórnia

A mobilização do norte: não foi uma surpresa o que ocorreu. Nos últimos vinte anos era cada vez mais latente a tensão entre o Norte, democrático, industrial, a favor do solo livre, do trabalho livre e do homem livre (free soil, free labour, free men), que se contrapunha ao Sul oligárquico, agrário e escravista. Desde a Revolução de 1776, ensejada a favor da liberdade dos colonos, os americanos se desentendiam na questão escravista. Durante muito tempo os presidentes vieram do sul o que serviu para postergar o problema, mas na última década, entre 1850-1860, por força da imigração européia e o crescente debate moral sobre a validade da continuidade da escravidão, a balança inclinara-se para o Norte. A campanha eleitoral de Lincoln fora extraordinária pelas emoções que despertara. Apesar dele ser cauteloso quanto a sua posição sobre a escravidão, as forças que o apoiavam não escondiam as intenções pró-abolição(*). Como ele bem disse num celebrado discurso sobre a casa dividida, a América não podia viver eternamente metade livre, metade escrava! (half free, half slave). Portanto, quando o repto veio do Sul, Lincoln determinou-se ir à guerra em defesa da União ameaçada. Naquele mesmo mês de abril fez aprovar pelo Congresso uma convocação de 65 mil homens para a guerra. Os tiros contra o Forte Sumter incendiaram a nação. A América do Norte passaria mergulhada os quatro anos seguintes na mais sangrenta guerra até então travada no Novo Mundo.

(*) Lincoln numa carta ao Ne York Tribune, escrita 17 meses depois da guerra ter andamento, afirmou: "Meu principal objetivo nesta luta é salvar a União e não salvar a escravidão nem destruí-la; se eu pudesse salvar a União ao preço de não libertar um só escravo, eu o farias; e se pudesse salvá-la libertando todos os escravos, eu faria; se pudesse salvá-la libertando uns e abandonando a outros, também o faria" (cit. Por Willi Paul Adams "Los Estados Unidos de America,1979, pag.100)

A ilusão de uma guerra rápida: parece ser uma característica de qualquer guerra iludir os contendores de que a luta não irá durar muito. Assim deu-se com a Guerra de 1914. Não foi diferente com a da Secessão de 1861.Os generais nortistas, pressionados pela indignação da opinião pública ianque que exigia uma ação rápida de vingança contra os rebeldes do Sul, tiveram que preparar as tropa às pressas, a toque de tarol. O general Winfield Scott, o idoso comandante em chefe de então, porém, recomendou cautela. Para ele o Sul só seria derrotado por um lento premer, pela "estratégia da anaconda". O Norte deveria triturar por primeiro o acesso aos portos do Sul, situados na costa atlântica, impedindo os confederados de exportarem seu algodão e de receberem armas de fora, isolando-os de qualquer apoio externo. Para tanto a Marinha nortista princípiou um severo bloqueio estendido por 5.700 quilômetros de litoral - das alturas de Washington à Matamoros no Golfo do México. A compressão final ocorreria pela articulação das manobras navais com as operações militares terrestres, levando a confederação ao sufocamento. Viram-no, ao general Scott, como uma versão americana de Fábio Cuntactor, o general romano que infelicitou-se por querer protelar a luta contra o cartaginês Aníbal. Não lhe deram ouvidos.


Infantaria nortista lançando-se num assalto

Rumo a Bull Run, a primeira Manassas: no alto verão americano, no dia 16 de julho de 1861, 35 mil soldados sob o comando do general Irwin McDowell desfilaram com fanfarras pelas ruas de Washington, acompanhados pelos hurras da multidão. A missão deles era ocupar o entroncamento ferroviário de Manassas Junction, na Virgínia, há 45 quilômetros da sede federal, e dali tomar Richmond a capital confederada, e cabeça da serpente da rebeldia. Acreditavam que a guerra seria decidida numa só batalha. Mas como logo o general McDowell deu-se conta, comandava um exército de estabanados recrutas e de milicianos convocados às pressas, sem nenhum experiência de combate real. Seus homens não só assaltaram os campos de amoras pelo caminho como costumeiramente se embriagavam nas cantinas. A ação que devia ser rápida, como uma flecha disparada no coração do Sul, atrasou-se pelo caminho. Um pouco antes de atingirem Manassas, eles tiveram que transpor o caudaloso riacho de Bull Run. O efeito surpresa desperdiçara-se pelo excesso de verdor dos recrutas ianques e pela falta de traquejo dos seus próprios oficiais (a última guerra em que eles tiveram ação fora a Guerra do México de 1846-8). Ao amanhecer do dia 21 de julho McDowell, com seus 28 mil homens restantes abriu fogo contra as tropas do general sulista Pierre Beauregard, um descendente de franceses da Lousiana, e que se tornara herói dos sulistas ao tomar o Forte Sumter quatro meses antes.

A perda de tempo dos nortistas lhes foi fatal. Os confederados conseguiram reforços e graças a tenaz resistência do general Thomas Jackson, apelidado como Stonewall, "O muralha", a ofensiva nortista fracassou. No final do entrevero jaziam 2.950 cadáveres dos jaquetas azuis nos campos da Virgínia. Washington foi tomada de pânico. O único exército que os nortistas tinham mais ou menos organizado quase que dissolveu-se. Se os confederados tivessem percebido a extensão da desordem do inimigo teriam tomado a capital federal de assalto.

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